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BOXE
Qual o peso de um cinturão?
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando se recomenda uma
luta para um amigo ou um
colega assistir, a pessoa costuma
perguntar: "Vale por que título?".
Mas um combate precisa ter
cinturão em jogo para ser bom?
Não necessariamente.
Pode parecer contraditório,
mas uma das pessoas que concordam com a afirmação acima é
Popó, proprietário de dois cinturões superpenas (AMB e OMB).
Quando reclamou, em março,
das taxas cobradas pelas entidades internacionais para sancionar disputas de cinturões, o baiano citou como argumento o primeiro combate entre o canadense
Arturo "Thunder" Gatti e o americano "Irish" Mickey Ward, no
qual não havia título em disputa.
Ele foi considerado "luta do
ano" de 2002 pelas publicações especializadas "The Ring" e "Boxing Digest", comentaristas de
TV e por virtualmente todos que
acompanham o pugilismo.
Em vez de 12 assaltos, foram somente dez. Porém a ação foi digna dos maiores campeões.
Tanto que a rede americana de
TV a cabo HBO bancou uma revanche. E, amanhã à noite, um
terceiro confronto (a HBO 2
anuncia sua transmissão ao vivo
para o Brasil a partir das 22h30).
Gatti-Ward 1 não é um caso isolado quando se fala de bons combates sem títulos. Em 2001, a "luta
do ano" também teve Ward como
um dos protagonistas. O outro foi
o errático Emanuel Burton.
Apesar de nenhum deles ter sido
campeão, ambos produziram um
combate memorável, o que foi
ainda mais surpreendente por ter
sido na ESPN 2 (foi exibido no
Brasil), que conta com orçamento
limitado, se comparado aos das
milionárias HBO e Showtime.
Só para fechar os comentários
sobre Gatti x Ward, é bom lembrar que Gatti foi protagonista de
outras duas "lutas do ano". Em
1997, quando defendeu título superpena contra Gabriel Ruelas, e
no ano seguinte, quando perdeu
por pontos para Ivan Robinson,
sem nenhum cinturão em jogo.
Outro duelo que recebeu "menção honrosa" da "The Ring" na
disputa por "luta do ano" de
2002, com seis quedas em três assaltos, foi o combate preliminar
entre os meio-pesados Elvir "Kosovo Kid" Muriqi e Sammy Ahmad, novamente na ESPN 2.
Mas, afinal, qual seria a receita
para um bom combate de boxe?
Teoricamente, disputas por títulos reúnem boxeadores tecnicamente competentes e mais conhecidos do público, o que maximiza
o apelo junto ao público. Um
exemplo: Mike Tyson x Michael
Spinks recebeu menção honrosa
como "luta do ano". Mas isso foi
por causa da importância histórica. Se fossem dois desconhecidos,
não passaria de um massacre.
Por outro lado, uma preliminar
pode ser ótima, só por causa de
seu "valor artístico". Me lembro
de Pedro Sanchez x Tunde Foster
na preliminar de Júlio César Chávez x Meldrick Taylor, em 1990.
O segredo é o casamento dos estilos e dos estágios nos quais os
boxeadores estão: um novato
contra outro, um boxeador mais
experiente com outro do mesmo
nível ou um novato contra um veterano decadente. O resultado final depende da equivalência e de como se mesclam os estilos.
Brasileiro 1
O retorno do ex-campeão dos pesados do Pride, Rodrigo "Minotauro" Nogueira, ocorre em 10 de agosto, conforme confirmado com exclusividade a esta coluna. Provavelmente será contra Mirco Cro Cop.
Brasileiro 2
A Federação de Boxe do Estado de São Paulo abre amanhã inscrições
para seu primeiro campeonato amador. Por falta de dinheiro, a Federação Paulista de Boxe não sabe se conseguirá organizar os próximos torneios previstos para após o Luvas de Ouro, em andamento.
Brasileiro 3
O brasileiro Daniel Fucs é um dos jurados de luta na qual Omar Narvaez defende cinturão da OMB, amanhã. No legendário Luna Park.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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