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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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BOXE

Qual o peso de um cinturão?

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando se recomenda uma luta para um amigo ou um colega assistir, a pessoa costuma perguntar: "Vale por que título?".
Mas um combate precisa ter cinturão em jogo para ser bom?
Não necessariamente.
Pode parecer contraditório, mas uma das pessoas que concordam com a afirmação acima é Popó, proprietário de dois cinturões superpenas (AMB e OMB).
Quando reclamou, em março, das taxas cobradas pelas entidades internacionais para sancionar disputas de cinturões, o baiano citou como argumento o primeiro combate entre o canadense Arturo "Thunder" Gatti e o americano "Irish" Mickey Ward, no qual não havia título em disputa.
Ele foi considerado "luta do ano" de 2002 pelas publicações especializadas "The Ring" e "Boxing Digest", comentaristas de TV e por virtualmente todos que acompanham o pugilismo.
Em vez de 12 assaltos, foram somente dez. Porém a ação foi digna dos maiores campeões.
Tanto que a rede americana de TV a cabo HBO bancou uma revanche. E, amanhã à noite, um terceiro confronto (a HBO 2 anuncia sua transmissão ao vivo para o Brasil a partir das 22h30).
Gatti-Ward 1 não é um caso isolado quando se fala de bons combates sem títulos. Em 2001, a "luta do ano" também teve Ward como um dos protagonistas. O outro foi o errático Emanuel Burton.
Apesar de nenhum deles ter sido campeão, ambos produziram um combate memorável, o que foi ainda mais surpreendente por ter sido na ESPN 2 (foi exibido no Brasil), que conta com orçamento limitado, se comparado aos das milionárias HBO e Showtime.
Só para fechar os comentários sobre Gatti x Ward, é bom lembrar que Gatti foi protagonista de outras duas "lutas do ano". Em 1997, quando defendeu título superpena contra Gabriel Ruelas, e no ano seguinte, quando perdeu por pontos para Ivan Robinson, sem nenhum cinturão em jogo.
Outro duelo que recebeu "menção honrosa" da "The Ring" na disputa por "luta do ano" de 2002, com seis quedas em três assaltos, foi o combate preliminar entre os meio-pesados Elvir "Kosovo Kid" Muriqi e Sammy Ahmad, novamente na ESPN 2.
Mas, afinal, qual seria a receita para um bom combate de boxe?
Teoricamente, disputas por títulos reúnem boxeadores tecnicamente competentes e mais conhecidos do público, o que maximiza o apelo junto ao público. Um exemplo: Mike Tyson x Michael Spinks recebeu menção honrosa como "luta do ano". Mas isso foi por causa da importância histórica. Se fossem dois desconhecidos, não passaria de um massacre.
Por outro lado, uma preliminar pode ser ótima, só por causa de seu "valor artístico". Me lembro de Pedro Sanchez x Tunde Foster na preliminar de Júlio César Chávez x Meldrick Taylor, em 1990.
O segredo é o casamento dos estilos e dos estágios nos quais os boxeadores estão: um novato contra outro, um boxeador mais experiente com outro do mesmo nível ou um novato contra um veterano decadente. O resultado final depende da equivalência e de como se mesclam os estilos.

Brasileiro 1
O retorno do ex-campeão dos pesados do Pride, Rodrigo "Minotauro" Nogueira, ocorre em 10 de agosto, conforme confirmado com exclusividade a esta coluna. Provavelmente será contra Mirco Cro Cop.

Brasileiro 2
A Federação de Boxe do Estado de São Paulo abre amanhã inscrições para seu primeiro campeonato amador. Por falta de dinheiro, a Federação Paulista de Boxe não sabe se conseguirá organizar os próximos torneios previstos para após o Luvas de Ouro, em andamento.

Brasileiro 3
O brasileiro Daniel Fucs é um dos jurados de luta na qual Omar Narvaez defende cinturão da OMB, amanhã. No legendário Luna Park.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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