São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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CLÓVIS ROSSI

O vôo da saudade

DE REPENTE , parecia que o filme das Copas ganhas pelo Brasil estivesse sendo rebobinado na minha frente, mesmo sem TV, em pleno aeroporto de Cumbica. Aparece um senhor de cabelos bem brancos, como algodão doce, porte atlético, sorriso de criança nos lábios e nos olhos. É Hideraldo Luiz Bellini, o primeiro brasileiro a erguer a taça do mundo (a Jules Rimet, aquela que roubaram dos armários da CBF), como capitão da seleção que venceu a Copa de 1958 na Suécia. Bellini está viajando para Munique, convidado pela Fifa, bem como todos os demais jogadores de todos os sete países que foram campeões do mundo nas 17 edições já realizadas. Participarão, entre outras atividades, da inauguração da 18ª versão, na sexta-feira, em Munique. Aparecem ainda Djalma Santos, elegante, paletó e gravata, igualzinho ao de 58, exceto pelos cabelos brancos; Edu, o ponta-esquerda reserva de 70, rosto mais redondo do que há 26 anos; Viola, reserva de 94, meio deslocado entre os senhores de outra era. Tenho a petulância de perguntar se concordam com a comparação que alguns ousam fazer entre o time de 70, geralmente considerado o melhor de todos os tempos, e o atual. Bellini sorri e decreta: "O de 1958 era melhor. Tínhamos o Pelé, o Garrincha", como se esse cartão de visitas dispensasse qualquer explicação.

Hors concours
Félix, o goleiro titular de 1970, nem pensa para responder se Ronaldinho poderá eventualmente ser comparado a Pelé: "O rei é hors concours", responde da cadeira de rodas em que está por conta de uma fratura do fêmur.

Mudou tudo
O goleiro de 1970 foge de comparações entre passado e presente. "Mudou tudo." E dá o testemunho de seu próprio tratamento: "Estou fazendo minha recuperação no CT do São Paulo. Tem aparelhos lá que eu nunca vi como jogador".

O passado condena
Djalma Santos passa o tempo lendo os jornais, meio afastado dos antigos companheiros, mas nem por isso escapa das gozações. Pela enésima derrota do Palmeiras no Brasileiro, ele que, revelado pela Portuguesa, foi lateral do Palmeiras até encerrar a carreira.

@ - crossi@uol.com.br


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