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Populismo
Amargo com a imprensa, Dunga é doce com torcida, para quem distribui sorrisos e conselhos
EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO
Cara feia, só para quem
tem microfone na mão, câmera em punho ou um gravador. Longe de seus mais indigestos "inimigos", os jornalistas, Dunga se transforma.
E cumpre com muita eficiência o papel de "homem do
povo" da seleção brasileira.
A faceta fechada, que o
treinador exibe quase sempre em suas entrevistas, dá
lugar a sorrisos e atenção ao
interagir com o torcedor.
Na semana em que Dunga
disse ter 300 jornalistas que
torcem contra o Brasil, o técnico distribuiu autógrafos,
posou para fotos, foi entrevistado e saiu sorrindo.
Anteontem, Dunga foi a
Hoersköol Randburg e conversou com os alunos do colégio que abriga os treinos da
seleção. Respondeu a dez
perguntas e pediu às crianças para se esforçarem na vida, "lição" que costuma passar a seus comandados.
Voltou à concentração da
seleção empolgado com a palestra aos estudantes sul-africanos e dizendo que gosta da
"energia" dos torcedores.
Os mimos ao fã foram vistos também no Zimbábue,
onde Dunga fez questão de,
após o amistoso, passar de
cara fechada diante dos jornalistas na zona mista e abrir
um imenso sorriso para os
torcedores na arquibancada.
Lá, ignorou questões políticas do país do ditador Robert Mugabe, mas fez elogios
ao povo e ao tratamento
"educado" de quem tentou
um contato mais próximo.
No treinamento em Soweto, na quinta, o treinador foi
o primeiro a entrar no campo
e chamou crianças para tirar
fotos com a bandeira brasileira. Pediu aos jogadores
que tratassem bem a torcida.
Antes da África, na concentração em Curitiba, o técnico abriu dois treinamentos
ao público, após torcedores
se queixarem do isolamento
da seleção. Num deles, levou
50 crianças surdas-mudas ao
campo e colocou os atletas
para tirarem fotos com elas.
"Para mim e para todos os
jogadores, seria ótimo fazer
todos os treinamentos abertos ao público. Mas a gente
tem que se prevenir pelo que
vocês falaram em Weggis [cidade suíça que serviu de preparação para a seleção em
2006]. Por isso, acabamos
perdendo um pouco desse
contato, dessa paixão com o
torcedor", afirmou Dunga.
Ele ressaltou, no entanto,
que não abrirá mais treinos
aos torcedores na África, salvo recomendações da Fifa.
É normal também, nas voltas de jogos da seleção no exterior, Dunga atender aos torcedores nos aeroportos.
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