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FUTEBOL
Argentina abriga hoje reunião da entidade, que tenta frear o problema
Pela 1ª vez, cúpula da Fifa
aceita discutir racismo
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O racismo está tão evidente no
futebol mundial que ganha hoje
espaço nobre em uma reunião da
Fifa pela primeira vez na história.
Em Buenos Aires, na Argentina,
onde a cúpula da máxima entidade do futebol está reunida, haverá
hoje uma conferência sobre o racismo, assunto que dominou boa
parte dos campeonatos europeus
durante as últimas temporadas.
A idéia da Fifa é combater ou,
no mínimo, reduzir a prática de
atitudes racistas nos estádios de
futebol. O dirigente italiano Antonio Matarese, vice-presidente da
Fifa, está cuidando especialmente
do tema, pois seu país tem protagonizado manifestações racistas.
""Podemos chegar a um acordo
concreto com as federações nacionais e os governos para estabelecer leis apropriadas contra o racismo. Temos que lutar com mais
seriedade e resolução do que no
passado", disse Matarese.
A Fifa já tem estimulado algumas campanhas contra o racismo, promovendo partidas para
lembrar do tema e premiando
atletas que tenham contribuído
de alguma forma com a questão.
Porém, nos últimos meses, em
partidas na Itália, na Alemanha,
na França e na Inglaterra, especialmente, foram registradas atitudes racistas de todos os tipos.
Torcedores, dirigentes, treinadores e jogadores já foram acusados na Europa de cometer atos de
racismo. Punições foram impostas em alguns casos, mas não há
ainda uma regulamentação da Fifa com penas para tal prática.
O iugoslavo Mihajlovic, da Lazio, agrediu verbalmente o negro
Vieira, do Arsenal, e recebeu uma
suspensão de dois jogos da Uefa.
A Lazio não pôde atuar no estádio
Olímpico em uma partida porque
seus torcedores exibiram mensagem racista em jogo com a Roma.
Após a reunião de hoje, deverão
ser apresentadas formas de coibir
e punir com rigor atos racistas em
estádios de futebol. Mas o presidente da Fifa, Joseph Blatter, mostra satisfação já em ver o problema ser discutido e reconhecido.
"Toda pessoa que declare que o
racismo não existe em seu país
não é só um cego, mas também
um irresponsável", disse Blatter.
Com a invasão de atletas estrangeiros na Europa e o crescimento
de movimentos xenófobos, torcedores têm imitado macacos ou
atirado bananas em campo quando um jogador negro toca na bola.
"Chegamos a um ponto crucial", disse Matarese.
Com agências internacionais
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