São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2001

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FUTEBOL

Argentina abriga hoje reunião da entidade, que tenta frear o problema

Pela 1ª vez, cúpula da Fifa aceita discutir racismo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O racismo está tão evidente no futebol mundial que ganha hoje espaço nobre em uma reunião da Fifa pela primeira vez na história.
Em Buenos Aires, na Argentina, onde a cúpula da máxima entidade do futebol está reunida, haverá hoje uma conferência sobre o racismo, assunto que dominou boa parte dos campeonatos europeus durante as últimas temporadas.
A idéia da Fifa é combater ou, no mínimo, reduzir a prática de atitudes racistas nos estádios de futebol. O dirigente italiano Antonio Matarese, vice-presidente da Fifa, está cuidando especialmente do tema, pois seu país tem protagonizado manifestações racistas.
""Podemos chegar a um acordo concreto com as federações nacionais e os governos para estabelecer leis apropriadas contra o racismo. Temos que lutar com mais seriedade e resolução do que no passado", disse Matarese.
A Fifa já tem estimulado algumas campanhas contra o racismo, promovendo partidas para lembrar do tema e premiando atletas que tenham contribuído de alguma forma com a questão.
Porém, nos últimos meses, em partidas na Itália, na Alemanha, na França e na Inglaterra, especialmente, foram registradas atitudes racistas de todos os tipos.
Torcedores, dirigentes, treinadores e jogadores já foram acusados na Europa de cometer atos de racismo. Punições foram impostas em alguns casos, mas não há ainda uma regulamentação da Fifa com penas para tal prática.
O iugoslavo Mihajlovic, da Lazio, agrediu verbalmente o negro Vieira, do Arsenal, e recebeu uma suspensão de dois jogos da Uefa. A Lazio não pôde atuar no estádio Olímpico em uma partida porque seus torcedores exibiram mensagem racista em jogo com a Roma.
Após a reunião de hoje, deverão ser apresentadas formas de coibir e punir com rigor atos racistas em estádios de futebol. Mas o presidente da Fifa, Joseph Blatter, mostra satisfação já em ver o problema ser discutido e reconhecido.
"Toda pessoa que declare que o racismo não existe em seu país não é só um cego, mas também um irresponsável", disse Blatter.
Com a invasão de atletas estrangeiros na Europa e o crescimento de movimentos xenófobos, torcedores têm imitado macacos ou atirado bananas em campo quando um jogador negro toca na bola.
"Chegamos a um ponto crucial", disse Matarese.


Com agências internacionais



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