São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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AUTOMOBILISMO

Com dívida de US$ 12 milhões, equipe do brasileiro Enrique Bernoldi pode ser a 2ª da F-1 a falir no ano

Em crise, Arrows não treina na Inglaterra

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SILVERSTONE

Menos de seis meses após a quebra da Prost Grand Prix, a F-1 volta a temer a falência de uma de suas equipes. A bola da vez é a Arrows, da dupla Enrique Bernoldi e Heinz-Harald Frentzen.
O time não participou ontem dos primeiros treinos livres para o GP da Inglaterra. E, por pouco, não ficou de fora da sessão oficial, hoje, às 9h (de Brasília), com TV.
"Não posso falar com a imprensa", afirmou ontem Bernoldi, que passou o dia de macacão, mas não viu seu carro funcionar.
Nem poderia. Devido a uma dívida de US$ 12 milhões com a Cosworth, sua fornecedora de motores, a Arrows não recebeu as centralinas, centrais eletrônicas que gerenciam e operam os V10.
Os equipamentos só foram entregues no final da tarde, após o pagamento de 60% da dívida. Hoje, Tom Walkinshaw, dono da Arrows, deve esclarecer o caso.
Há outros fatos, porém, que tornam a situação periclitante.
Jos Verstappen, piloto dispensado pela equipe no começo deste ano, está próximo de ganhar uma ação de US$ 3,8 milhões.
Para piorar, a Justiça inglesa impediu a venda da estrutura do time para o grupo austríaco que fabrica o energético Red Bull.
As declarações do juiz que recebeu o caso foram incisivas. E tiveram Walkinshaw como alvo.
"Os procedimentos da equipe só podem ser descritos como impróprios e desonestos", escreveu Gavin Lightman, da Alta Corte, em sua sentença de 17 páginas.
Uma das equipes mais tradicionais da F-1, a Arrows está na categoria desde 1978. Nesse período, disputou 380 GPs, conseguindo um recorde histórico (e negativo): nunca venceu uma prova.
Caso o time feche as portas, a F-1 chegará à próxima prova com apenas dez equipes, situação que não acontece desde 1996, quando a Forti Corse quebrou -coincidentemente, após o GP inglês.
E tudo indica que a F-1 começará 2003 com os mesmos dez times. Desde 1969 a categoria não tem um início de Mundial com tão poucos participantes.
Além da Arrows, outras equipes vivem situações complicadas. A justificativa é quase sempre a mesma: a dificuldade em captar patrocinadores com a retração da economia após os atentados terroristas do dia 11 de setembro.
Paul Stoddart, dono da Minardi, já afirmou que transfere sua equipe para qualquer grupo disposto a arcar com as dívidas estimadas em US$ 28 milhões.
Outras escuderias médias da categoria, como a Jordan e a BAR, também enfrentam dificuldades. Os dois times ingleses já tiveram que cortar seu quadro de funcionários nesta temporada.


NA TV - Treino oficial para o GP da Inglaterra, na Globo, ao vivo, às 9h



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