São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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BASQUETE

Salve a seleção

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Antes que me acusem de insolência, aviso que não pretendo pisar no pé de ninguém. É a seleção que pede socorro. Desprezada pelos habitués, ela não consegue completar uma dúzia para disputar o Sul-Americano -ontem, amanheceram em Campos (RJ) apenas oito convocados.
Antes que questionem minha idade avançada, aponto para as finais do recém-encerrado Brasileiro, coalhadas de "trintões" como eu: Gema, 33, Rogério, 33, Brown, 34, Lee, 33, Alberto, 36...
Antes que proclamem que é hora de renovar a seleção, recordo que, a rigor, infelizmente o Nacional revelou só um jovem talento, o ala magricelo Marquinhos (Mogi) -o Marcelinho (Paulistano) já era figurinha repetida.
Antes que torçam o nariz para meu perfil antropométrico, atesto que, em compensação, meus humildes 1,81 m e 75 kg se encaixam confortavelmente nos ônibus que transportam o cada vez mais apertado esporte brasileiro.
Antes que estranhem que eu não tenha atuado por nenhum clube da primeira divisão, lembro que o basquete paulista não anda lá essas coisas. Justamente na liga do busão, a bola laranja pegou a estrada, no caso a Anhangüera, e se foi. Franca não se classificou aos mata-matas. Ribeirão Preto, que defendia o título, e Araraquara avançaram para morrer de morte morrida. O Estado nem terá representantes na Liga Sul-Americana, vexame inédito.
Antes que desconfiem de minha capacidade técnica, esclareço que sei fugir do marcador batendo bola e que domino com perfeição os passes de rúgbi (sempre para trás!), como a maioria dos armadores canarinhos.
Antes que descubram que tenho dificuldade em acertar a cesta, digo que, depois do triunfo do Uberlândia, não se fala mesmo em outra coisa por aqui que não seja "sistema defensivo". E balançar os braços, como os superfestejados Uberpistons (afe), eu sei.
E, antes que contestem minha aspiração cinderela e afirmem que, para triunfar no esporte, é preciso planejamento e treino, recorro ao Flamengo, massa falida que, com projeto pára-quedista, beliscou o vice-campeonato.
Em resumo, moçada, estou à disposição para servir a seleção.
Todos sentiremos a falta de Alex, Nenê, Leandrinho, Varejão, Jefferson, Guilherme, Murilo, Valtinho... Mas não há remédio. Neguinho tem de cuidar do bolso e das contusões (pelo jeito, julho faz um bem danado à saúde).
Eu, pela seleção, aceito adiar a extração dos sisos e cuidar da unha encravada com bandeide. Topo agitar a toalha no banco de reservas. E, uma vez na quadra, ao menos prometo atender às exigências do basquete moderno, manter atenção redobrada às decisões da arbitragem (sobretudo às tomadas no vestiário) e acertar os bagos do primeiro Nocioni que pintar à minha frente.
O gueitoreide é só de laranja? Alguém já pegou a camiseta 7? Quero Melk com "k" nas costas. Mas esse papo de "amarelinha" me deixa enjoado. Farei lobby pela volta do uniforme com listras verticais, verdes e amarelas.
Peraí, o telefone está tocando. Sim, sou eu. Seu Lula? Alô?

Brasil 1
Os EUA visitaram Cuba, em abril, para três amistosos. Foram três vitórias, com um placar médio de 84 a 45. No sábado, as brasileiras ganharam em casa da mesma adversária por um apertado 77 a 76.

Brasil 2
Helen, relançada na armação, e a "ponte" entre Tuiú e Alessandra, por ora balança-mas-não-cai, pintam como os grandes problemas do time, que jogará em Atenas pelo terceiro pódio olímpico seguido.

Brasil 3
No domingo, a seleção juvenil manteve a hegemonia sul-americana ao bater as argentinas (75 x 67, com 22 pontos da ala Izabela). Em agosto, na Copa América, as meninas buscarão a vaga no Mundial.

E-mail melk@uol.com.br


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