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BASQUETE
Salve a seleção
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Antes que me acusem de insolência, aviso que não pretendo pisar no pé de ninguém. É a
seleção que pede socorro. Desprezada pelos habitués, ela não consegue completar uma dúzia para
disputar o Sul-Americano -ontem, amanheceram em Campos
(RJ) apenas oito convocados.
Antes que questionem minha
idade avançada, aponto para as
finais do recém-encerrado Brasileiro, coalhadas de "trintões" como eu: Gema, 33, Rogério, 33,
Brown, 34, Lee, 33, Alberto, 36...
Antes que proclamem que é hora de renovar a seleção, recordo
que, a rigor, infelizmente o Nacional revelou só um jovem talento,
o ala magricelo Marquinhos
(Mogi) -o Marcelinho (Paulistano) já era figurinha repetida.
Antes que torçam o nariz para
meu perfil antropométrico, atesto
que, em compensação, meus humildes 1,81 m e 75 kg se encaixam
confortavelmente nos ônibus que
transportam o cada vez mais
apertado esporte brasileiro.
Antes que estranhem que eu
não tenha atuado por nenhum
clube da primeira divisão, lembro
que o basquete paulista não anda
lá essas coisas. Justamente na liga
do busão, a bola laranja pegou a
estrada, no caso a Anhangüera, e
se foi. Franca não se classificou
aos mata-matas. Ribeirão Preto,
que defendia o título, e Araraquara avançaram para morrer de
morte morrida. O Estado nem terá representantes na Liga Sul-Americana, vexame inédito.
Antes que desconfiem de minha
capacidade técnica, esclareço que
sei fugir do marcador batendo bola e que domino com perfeição os
passes de rúgbi (sempre para
trás!), como a maioria dos armadores canarinhos.
Antes que descubram que tenho
dificuldade em acertar a cesta, digo que, depois do triunfo do Uberlândia, não se fala mesmo em outra coisa por aqui que não seja
"sistema defensivo". E balançar
os braços, como os superfestejados
Uberpistons (afe), eu sei.
E, antes que contestem minha
aspiração cinderela e afirmem
que, para triunfar no esporte, é
preciso planejamento e treino, recorro ao Flamengo, massa falida
que, com projeto pára-quedista,
beliscou o vice-campeonato.
Em resumo, moçada, estou à
disposição para servir a seleção.
Todos sentiremos a falta de
Alex, Nenê, Leandrinho, Varejão,
Jefferson, Guilherme, Murilo,
Valtinho... Mas não há remédio.
Neguinho tem de cuidar do bolso
e das contusões (pelo jeito, julho
faz um bem danado à saúde).
Eu, pela seleção, aceito adiar a
extração dos sisos e cuidar da
unha encravada com bandeide.
Topo agitar a toalha no banco de
reservas. E, uma vez na quadra,
ao menos prometo atender às exigências do basquete moderno,
manter atenção redobrada às decisões da arbitragem (sobretudo
às tomadas no vestiário) e acertar
os bagos do primeiro Nocioni que
pintar à minha frente.
O gueitoreide é só de laranja?
Alguém já pegou a camiseta 7?
Quero Melk com "k" nas costas.
Mas esse papo de "amarelinha"
me deixa enjoado. Farei lobby pela volta do uniforme com listras
verticais, verdes e amarelas.
Peraí, o telefone está tocando.
Sim, sou eu. Seu Lula? Alô?
Brasil 1
Os EUA visitaram Cuba, em abril, para três amistosos. Foram três vitórias, com um placar médio de 84 a 45. No sábado, as brasileiras ganharam em casa da mesma adversária por um apertado 77 a 76.
Brasil 2
Helen, relançada na armação, e a "ponte" entre Tuiú e Alessandra,
por ora balança-mas-não-cai, pintam como os grandes problemas
do time, que jogará em Atenas pelo terceiro pódio olímpico seguido.
Brasil 3
No domingo, a seleção juvenil manteve a hegemonia sul-americana
ao bater as argentinas (75 x 67, com 22 pontos da ala Izabela). Em
agosto, na Copa América, as meninas buscarão a vaga no Mundial.
E-mail melk@uol.com.br
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