São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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FUTEBOL

O talento que faz a diferença

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Torci para Portugal e isso me fez sentir como de fato somos privilegiados, os brasileiros, em termos de seleção de futebol. Nem sempre temos um time bem armado, nem sempre estamos perfeitamente entrosados, mas quase sempre temos jogadores que fazem a diferença. E foi isso o que faltou a Portugal. Uma seleção como a da Grécia, extremamente organizada, contando com as peças certas para fazer o tipo de jogo que apresentou -muita marcação, disciplina e paciência- é difícil de ser batida. Contra equipes assim, a melhor arma continua sendo o craque.
É claro que disposição, organização e persistência são fundamentais, mas é aquele passe inesperado, aquele drible "incontível" e aquele chute espetacular que acabam mudando tudo. Não que a seleção portuguesa seja desprovida de talento. Tem, sim, alguns excelentes jogadores, mas em quantidade reduzida e numa faixa de qualidade que, mesmo alta, não chega a ser excepcional.
A seleção brasileira encontraria muitas dificuldades para vencer a da Grécia, como ocorre com seleções mais duras, como a sueca ou mesmo a turca da última Copa. Mas, quando pensamos no que fez Ronaldo na última partida contra a Argentina, vemos como um craque, muitas vezes, é capaz de resolver sozinho uma situação difícil. E, no Brasil, temos qualidade em quantidade.
É isso, afinal, que tem nos deixado, ao longo de tantos anos, em situação tão privilegiada em termos de seleção.
 
Menos mal que o Flamengo tenha vencido o Paysandu, glorioso time de Carabina e Balão, no domingo. Contou com a expulsão de Sandro, mas ao menos soube se aproveitar da vantagem. A vitória serviu para amenizar, mas não para curar o sofrimento causado pela derrota para o Santo André.
Aquela quarta-feira foi uma tragédia não apenas rubro-negra, mas carioca. O Flamengo fez algo inédito em sua história -caiu sem lutar pela vitória. E o Rio, depois de ter feito até uma festa bacana com a tal da tocha olímpica, deu um novo passo para trás, com a verdadeira baderna que foi a "organização" da partida. Um tremendo papelão para uma cidade que quer se projetar como olímpica. Espero que as coisas melhorem até o Pan.
 
O Palmeiras chegou lá. O time está certinho. Mesmo sem Vágner, conseguiu fazer uma boa partida e assumiu a liderança do emboladíssimo Brasileiro.
Falta, no entanto, elenco para agüentar uma competição longa. Precisa de reforços.
 
Para ver aonde as coisas chegaram: os corintianos já estão animados com Fábio Baiano.
 
E o Santos vem aí. E vem naquela toada do Luxemburgo, o melhor treinador do país, capaz como poucos de organizar um time.

Novo Maracanã
Certamente há muita coisa para implodir no futebol brasileiro antes do Maracanã, como sugeriu o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Mas é verdade que o grande Mário Filho é um estádio obsoleto. Por que então não organizar um concurso arquitetônico para uma arena moderna, mas que preserve traços do atual Maracanã, em vez de simplesmente varrê-lo do mapa?

Copa América
Na quinta-feira, o Brasil B estréia na Copa América. A impressão inicial é que Carlos Alberto Parreira está inventando, preferindo escalar jogadores fora das posições em que estão jogando nos clubes. Mais uma vez Luis Fabiano fica fora da sua. Mas a seleção sempre tem um pouco disso. Veremos.

E-mail mag@folhasp.com.br


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