São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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FUTEBOL

Dos 22 convocados por Parreira para a Copa América do Peru, 15 atuam fora do país, incluindo nove dos titulares

Brasil B supera o recorde de "estrangeiros"

DO ENVIADO A LIMA

O Brasil que na quinta-feira estréia na 41ª edição da Copa América contra o Chile poderia muito bem ser escrito com "z".
Mesmo sem nenhuma das suas maiores estrelas, o time de Carlos Alberto Parreira será a seleção brasileira mais européia da história do torneio continental.
Nada menos que 14 dos 22 convocados agora pertencem a times do velho continente. Um 15º atleta, Dudu Cearense, joga no Japão. E o número deve aumentar ainda mais. Apenas dois dos pupilos de Parreira não receberam propostas para deixar o Campeonato Brasileiro-2004: Júlio César (Flamengo) e Adriano (Coritiba).
Do time titular, só o goleiro, o volante Renato (Santos) e Luis Fabiano (São Paulo) têm vínculos com clubes brasileiros. E os dois últimos, principalmente o artilheiro são-paulino, não devem voltar para disputar o Nacional.
A esquadra estrangeira do Brasil nesta Copa América é 15% maior do que a que defendeu o país na Colômbia, três anos atrás.
Naquela oportunidade, Luiz Felipe Scolari chamou 13 "forasteiros" e nove atletas nacionais. Mas a experiência internacional, pelo menos em 2001, pouco valeu. A seleção foi eliminada de forma vexatória por Honduras nas quartas-de-final do certame.
Em 1999, quando Vanderlei Luxemburgo levou o Brasil a seu sexto título de Copa América, a seleção estava rigorosamente dividida: 11 atletas atuavam no país e 11 no exterior.
A última vez que os nacionais prevaleceram sobre os forasteiros foi na longínqua edição de 1995. O time de Zagallo, que perdeu a final para o Uruguai, então anfitrião do torneio, tinha só 9 estrangeiros, contra 13 atletas nacionais.
A bagagem internacional do time que Parreira levou ao Peru é tamanha que somente o ex-palmeirense Vágner jamais defendeu a camisa amarela.
Entre os 22 convocados, há atletas que são ídolos incontestáveis em suas equipes na Europa.
Exemplos não faltam. O ex-corintiano Edu foi um dos principais jogadores do histórico título inglês obtido, de forma invicta, pelo Arsenal.
O atacante Adriano, referência no ataque da Inter de Milão, também foi peça fundamental na arrancada que levou o time italiano à Copa dos Campeões.
O lateral-direito Mancini, que foi projetado pelo Atlético-MG, lançou-se ao ataque e fez nada menos que dez gols na temporada 2003/2004 pelo Roma.
O volante Júlio Baptista, vendido pelo São Paulo em 2003, por cerca de US$ 2,5 milhões, é hoje um dos mais cobiçados atletas do mercado espanhol. No Sevilla, transformou-se em goleador e acabou como vice-artilheiro do Campeonato Espanhol, atrás apenas de Ronaldo. O atacante Ricardo Oliveira é outro que faz sucesso na Espanha. Logo em sua primeira temporada, ganhou dois títulos com o Valencia.
Estrelas, mas ainda sem o brilho e o dinheiro dos pentacampeões Ronaldo, Ronaldinho e Kaká, os estrangeiros da seleção buscam no Peru ganhar de vez a confiança de Parreira e cavar uma vaga no time que vai à Copa de 2006.
Encarregados de levar o país ao sétimo título continental, eles parecem não se importar em fazer parte de um Brasil com "z". Mas, em um futuro próximo, sonham com a perspectiva de serem alçados à seleção "A".
Ontem, a seleção fez apenas um treino, no período da tarde. O goleiro Júlio César, com uma lesão muscular, participou da prática, não sentiu nada e segue no grupo. Já Júlio Baptista, outro baleado, fez trabalhos na piscina com o fisioterapeuta Luiz Alberto Rosan. (FERNANDO MELLO)


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