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FUTEBOL
Dos 22 convocados por Parreira para a Copa América do Peru, 15 atuam fora do país, incluindo nove dos titulares
Brasil B supera o recorde de "estrangeiros"
DO ENVIADO A LIMA
O Brasil que na quinta-feira estréia na 41ª edição da Copa América contra o Chile poderia muito
bem ser escrito com "z".
Mesmo sem nenhuma das suas
maiores estrelas, o time de Carlos
Alberto Parreira será a seleção
brasileira mais européia da história do torneio continental.
Nada menos que 14 dos 22 convocados agora pertencem a times
do velho continente. Um 15º atleta, Dudu Cearense, joga no Japão.
E o número deve aumentar ainda
mais. Apenas dois dos pupilos de
Parreira não receberam propostas para deixar o Campeonato
Brasileiro-2004: Júlio César (Flamengo) e Adriano (Coritiba).
Do time titular, só o goleiro, o
volante Renato (Santos) e Luis Fabiano (São Paulo) têm vínculos
com clubes brasileiros. E os dois
últimos, principalmente o artilheiro são-paulino, não devem
voltar para disputar o Nacional.
A esquadra estrangeira do Brasil nesta Copa América é 15%
maior do que a que defendeu o
país na Colômbia, três anos atrás.
Naquela oportunidade, Luiz Felipe Scolari chamou 13 "forasteiros" e nove atletas nacionais. Mas
a experiência internacional, pelo
menos em 2001, pouco valeu. A
seleção foi eliminada de forma vexatória por Honduras nas quartas-de-final do certame.
Em 1999, quando Vanderlei Luxemburgo levou o Brasil a seu
sexto título de Copa América, a
seleção estava rigorosamente dividida: 11 atletas atuavam no país
e 11 no exterior.
A última vez que os nacionais
prevaleceram sobre os forasteiros
foi na longínqua edição de 1995. O
time de Zagallo, que perdeu a final para o Uruguai, então anfitrião do torneio, tinha só 9 estrangeiros, contra 13 atletas nacionais.
A bagagem internacional do time que Parreira levou ao Peru é
tamanha que somente o ex-palmeirense Vágner jamais defendeu a camisa amarela.
Entre os 22 convocados, há atletas que são ídolos incontestáveis
em suas equipes na Europa.
Exemplos não faltam. O ex-corintiano Edu foi um dos principais jogadores do histórico título
inglês obtido, de forma invicta,
pelo Arsenal.
O atacante Adriano, referência
no ataque da Inter de Milão, também foi peça fundamental na arrancada que levou o time italiano
à Copa dos Campeões.
O lateral-direito Mancini, que
foi projetado pelo Atlético-MG,
lançou-se ao ataque e fez nada
menos que dez gols na temporada
2003/2004 pelo Roma.
O volante Júlio Baptista, vendido pelo São Paulo em 2003, por
cerca de US$ 2,5 milhões, é hoje
um dos mais cobiçados atletas do
mercado espanhol. No Sevilla,
transformou-se em goleador e
acabou como vice-artilheiro do
Campeonato Espanhol, atrás apenas de Ronaldo. O atacante Ricardo Oliveira é outro que faz sucesso na Espanha. Logo em sua primeira temporada, ganhou dois títulos com o Valencia.
Estrelas, mas ainda sem o brilho
e o dinheiro dos pentacampeões
Ronaldo, Ronaldinho e Kaká, os
estrangeiros da seleção buscam
no Peru ganhar de vez a confiança
de Parreira e cavar uma vaga no
time que vai à Copa de 2006.
Encarregados de levar o país ao
sétimo título continental, eles parecem não se importar em fazer
parte de um Brasil com "z". Mas,
em um futuro próximo, sonham
com a perspectiva de serem alçados à seleção "A".
Ontem, a seleção fez apenas um
treino, no período da tarde. O goleiro Júlio César, com uma lesão
muscular, participou da prática,
não sentiu nada e segue no grupo.
Já Júlio Baptista, outro baleado,
fez trabalhos na piscina com o fisioterapeuta Luiz Alberto Rosan.
(FERNANDO MELLO)
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