São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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PORTUGAL 0 X 1 FRANÇA

O dia Z

Zinedine Zidane marca o gol da vitória, conduz sua seleção à final, impõe a primeira derrota em Copas a Luiz Felipe Scolari e se confirma como algoz de treinadores brasileiros em Mundiais

PAULO COBOS
RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAIS A MUNIQUE

A França venceu, e Luiz Felipe Scolari e sua seleção portuguesa estão fora da final da Copa da Alemanha. Não é novidade para o pequeno país, que nunca teve o gosto de jogar uma decisão de Mundial. E não tem nada de inédito para o técnico.
Isso porque ele é um treinador brasileiro de primeiro time. E quem está nessa categoria não sabe mesmo o que fazer para interromper os dribles e as investidas de Zinedine Zidane.
Com um gol seu e novamente controlando o ritmo da partida, o meia foi decisivo no triunfo por 1 a 0, em Munique, que coloca seu time na decisão contra a Itália, neste domingo.
Scolari, que perdeu uma invencibilidade de 12 jogos por Copas, não conseguiu a fórmula mágica para conter Zidane, que fará contra os italianos o último jogo de sua carreira.
Assim, o gaúcho repete a sina de dois compatriotas famosos. Carlos Alberto Parreira, por duas vezes (com a Arábia Saudita em 1998 e com o próprio Brasil agora), e Zagallo (na final de 1998) foram batidos pela França com grande atuação de Zidane -nenhum deles conseguiu ver suas equipes marcarem um mísero gol diante da esquadra comandada pelo camisa 10, que desta vez não levou cartão amarelo e evitou receber nova suspensão.
Ou seja: os treinadores do Brasil nas últimas três Copas não tiveram sucesso na missão de anular o astro francês.
Ontem, além do gol de pênalti no primeiro tempo, o meia novamente foi o maestro de seu time. Segundo o Datafolha, Zidane foi o jogador mais acionado de sua equipe, com 47 bolas recebidas. Foi também quem mais deu passes e, desta vez, não abusou das faltas como em outros confrontos -não teve nenhuma apitada pelo árbitro Jorge Larrionda.
O juiz uruguaio estressou Scolari e os jogadores da seleção portuguesa durante a partida -a queixa maior aconteceu num suposto pênalti, em lance muito duvidoso, a favor do time luso ainda no primeiro tempo.
Pelo seu retrospecto na artilharia dos Mundiais, Zidane parece ter "implicância" contra times treinados por brasileiros. Ele marcou até hoje quatro gols na competição, e três foram diante de equipes comandadas por técnicos do Brasil, país onde tem bons amigos da bola, como Ronaldo e Roberto Carlos, companheiros de Real Madrid.
Como vem fazendo em todo o Mundial alemão, para desgosto dos patrocinadores da seleção francesa, Zidane evitou as entrevistas ontem.
Mas seu chefe falou por ele. "O Zidane não tem que pensar na sua aposentadoria. Não vai viver o seu último jogo. Ele vai viver a final da Copa do Mundo contra a Itália", disse o técnico Raymond Domenech, que chegou a ter atritos com o seu capitão antes de a competição na Alemanha começar.
No domingo, em Berlim, às 15h (horário de Brasília), a Copa verá uma final inédita. Os italianos, na fila desde 1982, tentam o tetracampeonato. A França, que mais uma vez prova sua força jogando na Europa, parte em busca do bi.
As duas seleções têm hoje pontos fortes que fogem do seu padrão. A Itália continua sólida na defesa, mas arrisca bastante -venceu a Alemanha na prorrogação com três atacantes e dois gols nos últimos minutos.
Já a França, antes famosa por seu estilo vistoso, aposta na defesa. "Esse é o nosso ponto forte", diz Jean-Pierre Escalettes, presidente da Federação Francesa de Futebol.
Eliminada, a seleção portuguesa de Scolari disputará no sábado o terceiro lugar contra os anfitriões alemães, em Stuttgart, a partir das 16h.


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