São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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Clóvis Rossi

Estranha final

AO TERMINAR a primeira fase do Mundial, duvido que alguém, em seu juízo perfeito, apostasse numa final entre França e Itália. Nem sequer apostaria que qualquer uma das duas pudesse estar em Berlim no dia 9.
A rigor, a Itália chega à final tendo disputado apenas duas partidas boas, contra Ucrânia e Alemanha. A França, menos. Jogou alguns minutos bem (os decisivos) contra a Espanha, bem contra o Brasil praticamente o tempo todo, e foi só razoável ontem, contra Portugal. Tanto que a partida acabou decidida por um pênalti, que, embora claro, foi cometido mais por precipitação do zagueiro Ricardo Carvalho do que por haver real risco de gol na ação de Thierry Henry.
Esse tipo de final mostra que, bem feitas as contas, não foi exatamente o melhor Mundial de todos os tempos, longe disso.
Para começar, só havia uma equipe que parecia estar acima das outras, justamente a brasileira. Não estava. A Alemanha ainda deu a impressão de que, empurrada pelo público e pela tradição, acabaria sendo superior às demais.
Mas, justamente na hora da decisão, contra Argentina, primeiro, e Itália, depois, caiu muitíssimo de rendimento. Poderia -e merecia- ter perdido já da Argentina, tivesse o técnico José Pekerman um pouco mais de coragem. A França, ao contrário, subiu de produção, para surpresa até de seu público na Alemanha, que, ao final da fase de classificação, já estava abandonando o time, pela sua ineficiência.
Tem dois jogadores de alto nível, Zidane e Henry, que, quando se juntam na frente, criam problemas sérios para qualquer adversário. E tem Ribéry, a revelação, jogador que, além de veloz, consegue ficar com a bola mesmo enroscando-se com vários adversários.
A Itália, a outra finalista, também cresceu na competição. Mostrou-se sólida nas duas partidas mais recentes, mas é mais força que jeito. Ganhou assim.
Quanto ao Brasil, o jogo de ontem entre Portugal e França serviu, se ainda fosse preciso, para demonstrar que um pouquinho que fosse de empenho, de atitude, como se gosta de dizer hoje, teria certamente produzido outro resultado. Portugal, sem mágicos, foi levemente superior aos franceses. Merece, portanto, a festa (modesta, mas festa) que Lisboa fazia ontem à noite.


crossi@uol.com.br

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