São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Boxeadores de Cuba que desertaram deixam o Rio

PF afirma que retorno à ilha foi uma escolha dos atletas

DIANA BRITO
DA SUCURSAL DO RIO

Chegou ao fim a aventura dos boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux, 26, e Erislandy Lara, 24, no Rio.
Após terem desembarcado para o Pan como favoritos, eles viraram notícia por abandonar a delegação de seu país e, no sábado à noite, dois dias após terem sido detidos em Araruama (115 km do Rio), voltaram a Havana em vôo fretado pelo governo de Cuba, escoltados pelo chefe de sua delegação.
De acordo com o delegado-chefe da Polícia Federal de Niterói, Felício Laterça, os atletas decidiram voltar ao país de origem por vontade própria.
"Eles ficaram felizes por voltar. Disseram que não estão com medo de retaliações. Acho que foram vítimas da empresa alemã", disse Laterça, em referência à firma Arena Box-Promotion, que admitiu ter ajudado os atletas a desertar.
Segundo o delegado, Rigondeaux declarou antes de embarcar que não via a hora de retornar e que seu desejo estaria "mil vezes maior de voltar" porque "há 11 milhões de cubanos aguardando".
Os atletas foram considerados desertores pela delegação cubana após fugirem da Vila Pan-Americana, no dia 20 de julho. Segundo a PF, eles não pediram para serem considerados refugiados -o assunto seria analisado pelo governo num prazo de até seis meses. Como estavam em situação ilegal, sem passaportes, ficaram sob liberdade vigiada, em um hotel.
Em artigo publicado ontem na imprensa de seu país, o líder cubano Fidel Castro, que havia os acusado de traição, afirmou que eles não serão presos e que serão oferecidas "tarefas decorosas e em favor do esporte cubano, de acordo com seus conhecimentos e experiência".
Os dois boxeadores não participaram de nenhuma luta no Pan carioca porque não compareceram à cerimônia de pesagem para a luta que fariam na tarde do dia 22 de julho.
No depoimento à Polícia Federal, eles contaram que saíram da Vila do Pan com dois alemães para comprar videogames e que teriam sido "entorpecidos" ao beber um energético em Copacabana. Disseram ainda terem sido mantidos incomunicáveis, apesar de, no momento da detenção, estarem, segundo a Polícia Militar, em companhia de um guia turístico e de um motorista.
Na sexta-feira, advogados da Arena Box-Promotion, empresa alemã que pretendia assinar contrato com os atletas, não tiveram permissão para falar com os cubanos.
Na semana passada, Ahmet Öner, turco baseado na Alemanha que admitiu ter bancado a suposta deserção, apontou que ambos foram vítimas de pressão psicológica.
Segundo o delegado Felício Laterça, a polícia continua investigando se houve crime de aliciamento dos pugilistas.


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