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Boxeadores de Cuba que desertaram deixam o Rio
PF afirma que retorno à ilha foi uma escolha dos atletas
DIANA BRITO
DA SUCURSAL DO RIO
Chegou ao fim a aventura dos
boxeadores cubanos Guillermo
Rigondeaux, 26, e Erislandy
Lara, 24, no Rio.
Após terem desembarcado
para o Pan como favoritos, eles
viraram notícia por abandonar
a delegação de seu país e, no sábado à noite, dois dias após terem sido detidos em Araruama
(115 km do Rio), voltaram a Havana em vôo fretado pelo governo de Cuba, escoltados pelo
chefe de sua delegação.
De acordo com o delegado-chefe da Polícia Federal de Niterói, Felício Laterça, os atletas
decidiram voltar ao país de origem por vontade própria.
"Eles ficaram felizes por voltar. Disseram que não estão
com medo de retaliações. Acho
que foram vítimas da empresa
alemã", disse Laterça, em referência à firma Arena Box-Promotion, que admitiu ter ajudado os atletas a desertar.
Segundo o delegado, Rigondeaux declarou antes de embarcar que não via a hora de retornar e que seu desejo estaria
"mil vezes maior de voltar"
porque "há 11 milhões de cubanos aguardando".
Os atletas foram considerados desertores pela delegação
cubana após fugirem da Vila
Pan-Americana, no dia 20 de
julho. Segundo a PF, eles não
pediram para serem considerados refugiados -o assunto seria analisado pelo governo num
prazo de até seis meses. Como
estavam em situação ilegal,
sem passaportes, ficaram sob
liberdade vigiada, em um hotel.
Em artigo publicado ontem
na imprensa de seu país, o líder
cubano Fidel Castro, que havia
os acusado de traição, afirmou
que eles não serão presos e que
serão oferecidas "tarefas decorosas e em favor do esporte cubano, de acordo com seus conhecimentos e experiência".
Os dois boxeadores não participaram de nenhuma luta no
Pan carioca porque não compareceram à cerimônia de pesagem para a luta que fariam na
tarde do dia 22 de julho.
No depoimento à Polícia Federal, eles contaram que saíram da Vila do Pan com dois
alemães para comprar videogames e que teriam sido "entorpecidos" ao beber um energético em Copacabana. Disseram
ainda terem sido mantidos incomunicáveis, apesar de, no
momento da detenção, estarem, segundo a Polícia Militar,
em companhia de um guia turístico e de um motorista.
Na sexta-feira, advogados da
Arena Box-Promotion, empresa alemã que pretendia assinar
contrato com os atletas, não tiveram permissão para falar
com os cubanos.
Na semana passada, Ahmet
Öner, turco baseado na Alemanha que admitiu ter bancado a
suposta deserção, apontou que
ambos foram vítimas de pressão psicológica.
Segundo o delegado Felício
Laterça, a polícia continua investigando se houve crime de
aliciamento dos pugilistas.
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