São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Sob tensão, Hamilton triunfa e cresce

Inglês ganha de ponta a ponta na Hungria e abre sete pontos de vantagem para Alonso a seis GPs do fim da temporada

Vitória chega junto com deterioração das relações do novato com o espanhol, bicampeão da F-1 e seu companheiro na McLaren

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BUDAPESTE

O sorriso nos lábios e o olhar de menino que parece rir também eram os mesmos que conquistaram a F-1 há 11 corridas. A paciência para atender aos jornalistas, mais de uma hora depois do encerramento da prova, também era igual.
Mas o Lewis Hamilton que saiu do cockpit de seu McLaren ontem, após vencer o GP da Hungria, definitivamente era outro. Mais experiente, mais centrado e conhecedor de uma face da categoria que até agora não lhe tinha sido apresentada.
O novato saiu na pole e fez uma prova sem erros. Venceu de ponta a ponta pela primeira vez, chegou ao terceiro triunfo de sua meteórica carreira e, a seis etapas do fim do Mundial, abriu sete pontos na liderança.
Kimi Raikkonen foi o segundo, e Nick Heidfeld, o terceiro.
"Foi uma corrida muito dura para mim", disse Hamilton, 22. "Cheguei sem saber se tudo que aconteceu ia me afetar. Estava com um peso enorme nos ombros e na cabeça. Foi uma das corridas mais difíceis que já fiz, não só pela tensão no paddock como por todo o resto."
Faz sentido. Os últimos dias foram extremamente agitados para a McLaren. Primeiro foi o escândalo de espionagem. A equipe, que havia sido absolvida por seu projetista-chefe ter tido acesso a informações confidenciais da Ferrari, vai ser julgada novamente, agora pelo Tribunal de Apelações da FIA.
Depois veio a "lei da mordaça" imposta pelo time na quinta-feira, para blindar os pilotos.
E, anteontem, veio o último golpe. Fernando Alonso foi punido com a perda de cinco posições no grid por bloquear Hamilton nos boxes e impedi-lo de fazer sua última volta na classificação, o que rendeu ao inglês a pole. Além disso, a equipe ainda ficou sem os pontos conquistados ontem no Mundial de Construtores por ser "cúmplice" do espanhol.
"Não sabia se o time estava me culpando pelo que tinha acontecido", falou o inglês, sobre o fato de ter desrespeitado uma ordem na classificação, o que poderia ter motivado a "vingança" de Alonso depois.
Hamilton, porém, disse que se desculpou pela desobediência -o time pediu a ele que abrisse passagem para o companheiro durante o treino classificatório para que ele pudesse queimar combustível. "Tivemos uma reunião após a sessão e expliquei para eles o que tinha acontecido. E disse: "Eu errei e peço desculpas, não vai acontecer de novo".", contou ele.
Mas, depois de tudo o que aconteceu, a relação entre Hamilton e Alonso piorou muito. O espanhol, que desde o começo do ano havia dado mostras de estar enciumado, falou, no entanto, que "nada mudou". O novato afirmou que desde ontem eles não se falam. "Nós, quer dizer, eu, como piloto, tento ser profissional, e toda a nossa rixa tem que ser na pista", disse. "É o que um "gentleman" faz. Ele não está falando comigo", continuou. "Se nos encontrarmos, vou chegar e conversar. Mas não vou sair por aí procurando por ele, para fazê-lo se sentir melhor", completou o "novo" Hamilton.


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