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"Terei de provar que sou capaz", diz Marcelinho
Ouro no Pan do Rio, substituto de Ricardinho não se vê ainda nos Jogos de Pequim
Jogador, que não integrou o time campeão olímpico em 2004, pretende usar o Sul-Americano de vôlei para convencer Bernardinho
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A VIÑA DEL MAR
Para a seleção, é o primeiro passo para a Olimpíada. Para um dos jogadores, no entanto, não basta chegar a Pequim.
Marcelinho começa, no Sul-Americano do Chile, sua caminhada para garantir o posto que almejou por duas Olimpíadas, entretanto não conseguiu.
A chance surgiu de forma tumultuada. Com o polêmico corte de Ricardinho, virou titular no Pan. O Brasil levou o ouro, e o levantador ganhou confiança.
Mas o feito não foi suficiente para ele já se colocar na Olimpíada de 2008. Além de o Brasil ainda ter de obter a vaga, Marcelinho prevê dias difíceis. "Serei mais cobrado do que já fui", afirmou à Folha o levantador, que julga que o time comandado por Bernardinho já deixou para trás o caso Ricardinho.
FOLHA - No Pan, você não tinha tanto entrosamento com o grupo. Como está agora?
MARCELINHO - Após o Pan, tivemos três semanas de preparação. Acho que a cada partida o resultado será melhor.
FOLHA - Acha que foi bem no Pan?
MARCELINHO - Sim. Todo mundo me deu força, até além do esperado. E consegui administrar bem tudo que ocorreu.
FOLHA - O que foi mais difícil?
MARCELINHO - Senti tudo que um atleta pode sentir na carreira em uma semana: pressão, nervosismo, ansiedade, vaias, aplausos, a obrigação de ganhar, de ter de se entrosar o mais rápido possível.
FOLHA - O que muda com a condição de titular?
MARCELINHO - Só tenho mais responsabilidade, mas continuo me dedicando de forma igual, e o Bernardo me cobra como sempre.
FOLHA - Como é ter de disputar vaga com o Bruninho [filho do treinador da seleção]?
MARCELINHO - É como disputar com qualquer outro. Ele é um garoto bom, também administrou bem tudo que ocorreu.
FOLHA - Você ficou com a posição no meio de uma crise porque o titular foi cortado. Preferia ganhar de outra maneira?
MARCELINHO - As oportunidades vêm da maneira que têm de vir. Ninguém escolhe. E você tem que aproveitar. Mas, agora, em todo campeonato terei de mostrar mais, provar que sou capaz. Sei que serei muito mais cobrado do que eu já fui.
FOLHA - Já se arrependeu de não ter aproveitado uma chance?
MARCELINHO - Na seleção, não, porque o Radamés [Lattari, técnico em Sydney-2000] revezava muito entre eu, Maurício e Ricardinho. Cada um jogava um campeonato. Não é como agora, um time-base em que não se mexia. O Bernardo dificilmente trocou algum titular, só o Maurício pelo Ricardo, mas foi em uma situação particular. Com o Bernardo, sempre que entrei fui bem. Já amadureci e aprendi a tentar aproveitar ao máximo as chances.
FOLHA - Tem um ponto fraco?
MARCELINHO - Tenho muitas coisas a melhorar. Sou baixo [1,83 m], mas posso treinar para ajudar mais no bloqueio.
FOLHA - Você já se imagina como titular na Olimpíada?
MARCELINHO - Hoje nem consigo me ver nos Jogos. Ainda nem estamos classificados. Não vou esconder que é isso o que eu almejo, mas vou ter de merecer estar lá.
FOLHA - A equipe já superou o baque do corte de Ricardinho?
MARCELINHO - Já, ninguém fala mais sobre isso.
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