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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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FUTEBOL

O Peixe ainda vive

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos mantém viva a esperança de ser bicampeão. Parece ser o único time que ainda pode alcançar o líder Cruzeiro. Não digo isso só pela matemática, mas pelo futebol da equipe.
Contra o São Paulo, no sábado, o Santos foi superior o tempo todo, mesmo antes de ficar com um a mais em campo.
Por uma razão muito simples: tem mais conjunto e seus jogadores têm mais talento. O elenco é quase o mesmo de 2002, o técnico idem, e os jogadores que eram bons ficaram ainda melhores.
Claro que, até pela juventude de seus atletas, o Peixe atravessa instabilidades ocasionais. Mas, quando seus quatro jogadores de criação -Diego, Renato, Elano e Robinho-, coadjuvados pelo incansável Léo, estão inteiros e em forma, fica muito difícil contê-los.
Cruzeiro e Santos estão praticamente no mesmo nível, com uma ligeira superioridade do primeiro (sancionada pelas duas vitórias mineiras no confronto direto).
Ainda há muitas rodadas pela frente. A meu ver, o maior risco corrido pelo Cruzeiro é o da acomodação. Já o perigo que ameaça o Santos é o do desânimo, se a distância que o separa do líder permanecer por muito tempo.
Uma grande vitória num clássico como o de anteontem é uma injeção de entusiasmo. Cabe a Leão canalizá-lo para o fortalecimento da equipe.
 
O Cruzeiro é um caso sério. Ontem, não jogou nada no primeiro tempo e foi sufocado pelo Criciúma. Mas o segundo tempo foi outra história. Luxemburgo fez três alterações que tornaram o time mais ofensivo. O Cruzeiro tomou as rédeas da partida e arrefeceu o ímpeto rival. Acabou merecendo a virada e reforçou a impressão de que vence quando quer.
 
Júnior assistiu de camarote à virada do Corinthians sobre o Vitória. Se o resultado foi bom, pondo fim a uma série de insucessos, o futebol em si não deve tê-lo deixado muito animado.
O alvinegro voltou a se mostrar vulnerável na defesa e pouco agudo no ataque. O Vitória jogou melhor e merecia, pelo menos, sair com o empate.
O belo gol da virada corintiana, feito por Gil, foi bastante simbólico: é praticamente o único talento de verdade que restou na equipe.
Por falar em imagem simbólica, uma coisa chamou a atenção das câmeras de TV (e certamente também da galera alvinegra): Vampeta assistiu ao jogo, muito à vontade, no meio da torcida do Vitória. Se estivesse de bem com seu clube e disposto a ajudá-lo a sair da crise, o jogador teria sentado na tribuna, ao lado do novo técnico, Júnior. Até porque teria muito a aprender com os comentários e observações do ex-craque.
Depois que saiu do Flamengo, há dois anos, Vampeta deu uma declaração espirituosa e polêmica, dizendo que o rubro-negro fazia de conta que pagava e os atletas faziam de conta que jogavam. Agora é diferente: com salários atrasados, ele nem faz mais de conta que torce pelo Corinthians.

Vai e vem
Renato Gaúcho vai, Renato Gaúcho vem, Renato Gaúcho briga na Justiça com o Fluminense, Renato Gaúcho é a esperança de salvação do Fluminense. Ele está para o tricolor como Antonio Lopes está para o Vasco: na hora do aperto, os clubes recorrem a eles como os crentes recorrem às rezas. A esculhambação do futebol carioca ingressou definitivamente no perigoso estágio da galhofa.

Timaços europeus
Não acompanho os jogos e os torneios europeus com a assiduidade de um Rodrigo Bueno, mas, pelo que tenho visto, o Milan de Kaká, Seedorf, Schevchenko e Inzaghi não fica muito atrás do Real Madrid de Zidane, Ronaldo, Roberto Carlos e companhia em termos de jogo bonito e poder de fogo.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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