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FUTEBOL
O Peixe ainda vive
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Santos mantém viva a esperança de ser bicampeão.
Parece ser o único time que ainda
pode alcançar o líder Cruzeiro.
Não digo isso só pela matemática,
mas pelo futebol da equipe.
Contra o São Paulo, no sábado,
o Santos foi superior o tempo todo, mesmo antes de ficar com um
a mais em campo.
Por uma razão muito simples:
tem mais conjunto e seus jogadores têm mais talento. O elenco é
quase o mesmo de 2002, o técnico
idem, e os jogadores que eram
bons ficaram ainda melhores.
Claro que, até pela juventude de
seus atletas, o Peixe atravessa instabilidades ocasionais. Mas,
quando seus quatro jogadores de
criação -Diego, Renato, Elano e
Robinho-, coadjuvados pelo incansável Léo, estão inteiros e em
forma, fica muito difícil contê-los.
Cruzeiro e Santos estão praticamente no mesmo nível, com uma
ligeira superioridade do primeiro
(sancionada pelas duas vitórias
mineiras no confronto direto).
Ainda há muitas rodadas pela
frente. A meu ver, o maior risco
corrido pelo Cruzeiro é o da acomodação. Já o perigo que ameaça
o Santos é o do desânimo, se a distância que o separa do líder permanecer por muito tempo.
Uma grande vitória num clássico como o de anteontem é uma
injeção de entusiasmo. Cabe a
Leão canalizá-lo para o fortalecimento da equipe.
O Cruzeiro é um caso sério. Ontem, não jogou nada no primeiro
tempo e foi sufocado pelo Criciúma. Mas o segundo tempo foi outra história. Luxemburgo fez três
alterações que tornaram o time
mais ofensivo. O Cruzeiro tomou
as rédeas da partida e arrefeceu o
ímpeto rival. Acabou merecendo
a virada e reforçou a impressão
de que vence quando quer.
Júnior assistiu de camarote à virada do Corinthians sobre o Vitória. Se o resultado foi bom, pondo
fim a uma série de insucessos, o
futebol em si não deve tê-lo deixado muito animado.
O alvinegro voltou a se mostrar
vulnerável na defesa e pouco agudo no ataque. O Vitória jogou
melhor e merecia, pelo menos,
sair com o empate.
O belo gol da virada corintiana,
feito por Gil, foi bastante simbólico: é praticamente o único talento
de verdade que restou na equipe.
Por falar em imagem simbólica,
uma coisa chamou a atenção das
câmeras de TV (e certamente
também da galera alvinegra):
Vampeta assistiu ao jogo, muito à
vontade, no meio da torcida do
Vitória. Se estivesse de bem com
seu clube e disposto a ajudá-lo a
sair da crise, o jogador teria sentado na tribuna, ao lado do novo
técnico, Júnior. Até porque teria
muito a aprender com os comentários e observações do ex-craque.
Depois que saiu do Flamengo,
há dois anos, Vampeta deu uma
declaração espirituosa e polêmica, dizendo que o rubro-negro fazia de conta que pagava e os atletas faziam de conta que jogavam.
Agora é diferente: com salários
atrasados, ele nem faz mais de
conta que torce pelo Corinthians.
Vai e vem
Renato Gaúcho vai, Renato
Gaúcho vem, Renato Gaúcho
briga na Justiça com o Fluminense, Renato Gaúcho é a esperança de salvação do Fluminense. Ele está para o tricolor como
Antonio Lopes está para o Vasco: na hora do aperto, os clubes
recorrem a eles como os crentes
recorrem às rezas. A esculhambação do futebol carioca ingressou definitivamente no perigoso estágio da galhofa.
Timaços europeus
Não acompanho os jogos e os
torneios europeus com a assiduidade de um Rodrigo Bueno,
mas, pelo que tenho visto, o Milan de Kaká, Seedorf, Schevchenko e Inzaghi não fica muito atrás do Real Madrid de Zidane, Ronaldo, Roberto Carlos
e companhia em termos de jogo bonito e poder de fogo.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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