|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OLIMPÍADA
Presidente do COB ganha mais quatro anos no poder e tenta acertar as prestações de conta do dinheiro público
Reeleito, Nuzman promete respeitar a lei
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova regulamentação da Lei
Piva começa a dar dor de cabeça
para as confederações olímpicas.
E ontem virou pauta principal na
assembléia que confirmou a reeleição de Carlos Arthur Nuzman.
De posse de mais quatro anos à
frente do Comitê Olímpico Brasileiro, o presidente aproveitou a
reunião para discutir a utilização
do dinheiro das loterias e "enquadrar" as entidades presentes.
O motivo: a pressão estabelecida com o decreto que regulamenta a utilização dos recursos da Lei
e que provocou chiadeira entre os
presidentes de confederações.
Por uma mudança de estatuto,
Nuzman, que tem mandato até
2008, ganhou a chance de perpetuar seu grupo no poder até 2012.
"Ele relatou a lei e disse que teremos de nos enquadrar", contou o
presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça Filho,
que presidiu a sessão no Rio.
De acordo com a nova regulamentação, comitês e confederações deverão elaborar um planejamento de quatro anos para o
uso do dinheiro. Quem não cumprir pode ter de devolver o valor.
A forma de aplicação também
muda. Gastos com manutenção
de sedes, passagens, hospedagens, transporte e alimentação serão limitados. Obras, contratação
de serviços, publicidade, aquisição e locação de bens só podem
ser feitos por meio de licitação.
O próprio COB está descumprindo a regra. Pelo decreto, ele tinha 60 dias a partir de 13 de julho
para pôr na internet o regulamento do funcionamento das escolhas. O prazo não foi cumprido.
"Alguns mecanismos não se
aplicam à realidade do esporte. O
handebol, por exemplo, compra
passagens de ônibus para realizar
as competições. Não há como licitar os bilhetes", disse Walcles
Osório, presidente da Federação
Brasileira de Vela e Motor.
A insatisfação com a nova forma de gerir os recursos fez o presidente da confederação de badminton, Luís Manuel da Fonseca
Barreto, desistir da reeleição.
O dirigente, que enviou mensagem aos demais presidentes de
confederações para reclamar e
propor uma discussão sobre o novo cenário, não foi ontem ao Rio.
Segundo a assessoria do COB,
ele e Bruno Caloi (ciclismo) não
aclamaram Nuzman e o vice, André Richer, ontem.
"Parece que virou pecado pôr a
mão no dinheiro. Essa norma
provocou um engessamento da
Lei Piva. Quem leva o esporte nas
costas somos nós", declarou.
Confederações como a de badminton são a principal preocupação do presidente do COB. Nuzman considera que, com pouca
verba e muitas vezes sem estrutura burocrática, elas não têm condições de auditar suas contas.
"No vôlei não temos problemas,
contamos com duas auditorias.
Mas eu tenho pena das [confederações] menores. Elas vão gastar
todo o dinheiro para prestar contas", disse Graça Filho.
A CBV é uma das confederações mais beneficiadas e recebeu
em 2003 aproximadamente R$
1,2 mi -4% do total da verba das
loterias. A confederação de badminton administrou o montante
de cerca de R$ 410 mil ou 1%.
Para esclarecer questões sobre a
prestação de contas, Nuzman
pretende convidar algum auditor
ou membro do Tribunal de Contas da União para debater a regulamentação com os dirigentes.
Cabe ao COB verificar os papéis
enviados pelas entidades e encaminhá-los ao TCU. No mês passado, o tribunal detectou irregularidades e sugeriu a suspensão
do repasse do dinheiro à confederação de tênis.
Apesar das dificuldades para
fiscalizar as entidades, Nuzman
gostaria de ter o poder ampliado.
"O COB não tem poder de intervenção. Eu defendo que deveria
ter na questão administrativa,
não na técnica. Seria por um período pequeno só para regularizar problemas administrativos".
Colaboraram Eduardo Ohata e
Luís Ferrari, da Reportagem Local, e Pedro Soares, da Sucursal do Rio
Texto Anterior: Futebol - Tostão: Achismo e pensamento único Próximo Texto: Pingue-pongue: Dirigente diz que auditoria do COB não é completa Índice
|