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Vice da CBF tentou influir na arbitragem, relata juiz
Em depoimento sigiloso, Edilson Pereira de Carvalho afirmou ao STJD que Nabi Abi Chedid pressionou juízes para atender interesses de cartolas
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em depoimento sigiloso ao
STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Edilson Pereira de
Carvalho citou Nabi Abi Chedid,
vice da Confederação Brasileira
de Futebol, como dirigente que
tenta influenciar a arbitragem.
O ex-presidente da Federação
Paulista e do Bragantino é o primeiro cartola envolvido pelo pivô
do escândalo da arbitragem.
O STJD não revela detalhes do
depoimento, na quarta da semana passada, quando membros do
órgão estiveram na sede da Polícia Federal, onde Carvalho ficou
preso após estourar o caso.
A Folha apurou que a denúncia
não envolve Nabi no esquema
que liga apostas em sites à armação de resultados no Brasileiro,
no Paulista e na Libertadores. A
pressão seria feita para atender a
interesses de dirigentes e clubes.
A família de Nabi mantém estreita relação com o Bragantino,
que assegurou nesta temporada
vaga na elite do Paulista.
Ao Ministério Público paulista,
o juiz não fez nenhuma menção
ao vice-presidente, que assume
freqüentemente o posto máximo
da CBF durante as viagens de Ricardo Teixeira -também assumiu o posto quando o presidente
pediu licença do cargo.
O Gaeco, grupo de combate ao
crime organizado do Ministério
Público, soube desse depoimento
de Carvalho. Por enquanto, avalia
que não deve investigar o suposto
envolvimento de Nabi com o juiz.
Não quer desviar a atenção do esquema ligado às apostas.
Luiz Zveiter, presidente do
STJD, porém, afirmou que enviou
cópia do depoimento de Carvalho
aos promotores.
"Tudo o que nós apurarmos pode ajudá-los, assim como estamos
usando também a investigação
deles", afirmou Zveiter.
Ele não confirmou nem negou o
fato de Carvalho ter citado o vice
da CBF. Alegou que divulgar detalhes atrapalharia a investigação.
O presidente do STJD também
não esclareceu se outros dirigentes da entidade ou de clubes foram citados no depoimento.
Zveiter afirmou que o órgão irá
ouvir todos os envolvidos no caso, apesar de ele já dar por encerrado o processo de anulação dos
11 jogos relacionados ao esquema.
Assim, chamará para depor Paulo
José Danelon, outro juiz do escândalo, o empresário Nagib Fayad e
Vanderlei Pololi, suposto envolvido no esquema. Ele não definiu as
datas do depoimento. Como o
STJD não tem poder de polícia, os
três podem se recusar a prestar os
depoimentos no Rio de Janeiro.
As declarações de Carvalho foram ouvidas por Luiz Geraldo
Sant'Ana Lanfredi, auditor do
STJD e membro da comissão criada por Zveiter para investigar o
escândalo do apito. Até o fechamento desta edição ele não respondeu aos recados deixado pela
Folha em seu gabinete.
A reportagem também telefonou para Carvalho em sua casa,
em Jacareí, e uma mulher que não
quis se identificar disse que ele havia saído. Os advogados dele disseram que não tomaram conhecimento do depoimento de Carvalho ao STJD. Afirmaram que defendem o árbitro na esfera criminal e, como as declarações de Carvalho dizem respeito apenas à
parte administrativa, não têm relevância no processo.
"Não quero nem ficar sabendo
o que ele disse ao STJD", afirmou
Marcelo Jacob, um dos advogados de Carvalho. "O que ele comentou comigo é que apitar jogos
do Vasco e de outros clubes do
Rio era perigoso porque você poderia parar na geladeira se fizesse
algo errado", declarou o advogado Areovaldo Alves.
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