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FUTEBOL
Acúmulo de funções de presidente do STJD, que anulou 11 jogos do Brasileiro, é questionada pelo Poder Judiciário
Conselho estuda tirar Zveiter do tapetão
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Zveiter pode ser obrigado a
deixar o STJD (Superior Tribunal
de Justiça Desportiva).
Ontem, Alexandre de Moraes e
Paulo Schmidt, integrantes do
CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ofereceram representação ao
órgão. Questionam o fato de juízes acumularem a função com atividades distintas do magistério.
Segundo a Constituição, a única
função que um magistrado pode
exercer além de julgar é a de professor. Zveiter é desembargador
do Tribunal de Justiça do Rio.
A representação deve ir ao plenário no próximo dia 18, mas, se
seus argumentos emplacarem,
Zveiter pode até cair antes.
No mesmo dia que os membros
do CNJ ofereceram a representação, com base no mesmo fundamento legal, o advogado carioca
Luis Eduardo Salles Nobre protocolou pedido similar. Mas o dele
pede a concessão de liminar.
"Nossa representação não visa
pessoalmente o desembargador
Zveiter, mas regulamentar uma
situação que atinge outros magistrados do Brasil. É papel do CNJ
interpretar se é ou não possível
acumular a função de juiz com
outra função privada", afirmou
Alexandre de Moraes.
Ele esclarece que, se o CNJ julgar a acumulação incompatível,
todos os magistrados que têm
funções no STJD devem abandonar a instância desportiva.
Ainda que considere a situação
viável, o CNJ expedirá norma definindo um limite de horas que os
juízes exercerão outras funções.
O conselheiro explica também
que a decisão sairá de uma votação dos membros do órgão. "São
15 integrantes. Mas o presidente
só vota em caso de empate."
Ele esclareceu que não cabe recurso da decisão do CNJ. "Só se
houver vício manifesto no ato há
a chance de reversão no STF [Supremo Tribunal Federal]."
Ironicamente, anteontem Zveiter foi criticado pelos clubes contrários à anulação dos jogos por,
segundo eles, ter negado recurso
da decisão de repetir os duelos.
Outro que aproveitou a oportunidade de alfinetar o presidente
do STJD foi Salles Nobre. O advogado, que fora chamado de "abutre" por Zveiter, fez questão de
ironizá-lo. "Agora quero ver repetir isso. Ele chamou membros do
Conselho Nacional de Justiça de
abutres. Não fui o único destinatário do adjetivo", declarou Nobre, para quem a saída de Zveiter
da principal corte desportiva do
Brasil é dada como certa.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, Zveiter disse que não
comenta a representação ao CNJ.
Quem o indagou a respeito do
assunto recebeu uma reportagem
da revista "Consultor Jurídico".
O texto noticiou o arquivamento de uma ação que pretendia remover Zveiter do STJD.
Celso Mello, ministro do STF,
responsável por determinar o arquivamento da ação civil pública,
tomou essa decisão porque entendeu que o caso não era de
competência da corte que integra.
O magistrado do STF não entrou no mérito do pedido, determinando em seu despacho que
"em processos desta natureza, a
ação civil deve ser ajuizada perante magistrado de primeiro grau".
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