São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Projeto salva Mundial de futsal de fiasco de público

Sem contar "Lotação Esgotada", torneio no Brasil teria 2ª pior média da história

Segundo a Fifa, público é o 2º melhor da história, mas números são inflados por iniciativa que leva jovens carentes para ver os jogos

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O projeto "Lotação Esgotada", que leva cerca de 5.000 estudantes carentes a cada dois jogos do Mundial de futsal, tem evitado um fiasco histórico em termos de média de público.
Segundo dados da Fifa, a média do torneio sediado no Brasil é de 4.315 pessoas por partida. É a segunda maior, abaixo apenas da Guatemala-00, que teve 5.601 torcedores por jogo.
Entretanto, se for desconsiderado o público formado pelos jovens do projeto, que entram gratuitamente no Nilson Nelson, em Brasília, e no Maracanãzinho, no Rio, a média cai para 1.815 pessoas, a segunda pior da história dos Mundiais.
Somente Taiwan, há quatro anos, registrou número inferior: 1.273 pessoas por partida.
Até ontem, após 24 jogos, 103.565 torcedores, no total, compareceram às duas sedes do evento. O público do projeto "Lotação Esgotada", que recebeu cerca de R$ 6 milhões do Governo Federal, corresponde a 58% desse montante.
A única exceção são os jogos da seleção brasileira. Nas três exibições do Brasil, a torcida praticamente lotou o Nilson Nelson. Inclusive, não há mais ingressos à venda para o próximo jogo, quarta, contra Cuba.
"Temos que admitir que, sem as crianças, a média de público seria muito baixa. A Fifa esperava uma presença maior de torcedores nos ginásios nas partidas realizadas até agora", diz Andreas Werz, chefe de comunicação da Fifa no evento.
De acordo com ele, a baixa presença de público nos ginásios pode ser um reflexo do horário dos jogos, que ocorrem sempre às 10h30 e 12h30.
"É sempre difícil encontrar um equilíbrio entre um horário que atraia as pessoas para os ginásios e os desejos da emissora anfitriã, que, no caso deste torneio, é a Globo", afirmou.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., fez o mesmo diagnóstico na terça, quando o Brasil estreou na competição.
"Pelo horário em que ocorre, há até uma boa presença [de público]. Mas [o evento] deve levar em conta também a TV. Fazê-lo em um horário que seja conveniente para a transmissão para o Brasil e para o mundo é importante pois ajuda a difundir a modalidade", afirmou.
Segunda a Fifa, o torneio é exibido em 197 países, um recorde em Mundiais.
E foi justamente o horário, estipulado para atender os interesses da TV, que inspirou a criação do "Lotação Esgotada".
"Vimos que o horário não atrairia tantas pessoas. Então decidimos fazer o projeto", disse Hideraldo Martins, diretor-executivo do comitê organizador. "Quando o evento começou, pensamos em levar mais crianças aos ginásios, mas isso criaria um problema logístico."
Apesar do baixo público, o chefe de comunicação da Fifa nega que haja desinteresse pelo torneio no Brasil, país que reúne o maior número de praticantes no mundo: 310 mil.
"O Brasil é o país do futsal. As pessoas e a mídia estão acompanhando o torneio com grande interesse. A Fifa está convicta de que o público será maior na segunda fase", diz Werz.


Texto Anterior: Após fiasco em Pequim, judô fica em 3º no Mundial
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.