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Projeto salva Mundial de futsal de fiasco de público
Sem contar "Lotação Esgotada", torneio no Brasil teria 2ª pior média da história
Segundo a Fifa, público é o 2º melhor da história, mas números são inflados por iniciativa que leva jovens carentes para ver os jogos
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O projeto "Lotação Esgotada", que leva cerca de 5.000 estudantes carentes a cada dois
jogos do Mundial de futsal, tem
evitado um fiasco histórico em
termos de média de público.
Segundo dados da Fifa, a média do torneio sediado no Brasil
é de 4.315 pessoas por partida.
É a segunda maior, abaixo apenas da Guatemala-00, que teve
5.601 torcedores por jogo.
Entretanto, se for desconsiderado o público formado pelos
jovens do projeto, que entram
gratuitamente no Nilson Nelson, em Brasília, e no Maracanãzinho, no Rio, a média cai para 1.815 pessoas, a segunda pior
da história dos Mundiais.
Somente Taiwan, há quatro
anos, registrou número inferior: 1.273 pessoas por partida.
Até ontem, após 24 jogos,
103.565 torcedores, no total,
compareceram às duas sedes
do evento. O público do projeto
"Lotação Esgotada", que recebeu cerca de R$ 6 milhões do
Governo Federal, corresponde
a 58% desse montante.
A única exceção são os jogos
da seleção brasileira. Nas três
exibições do Brasil, a torcida
praticamente lotou o Nilson
Nelson. Inclusive, não há mais
ingressos à venda para o próximo jogo, quarta, contra Cuba.
"Temos que admitir que, sem
as crianças, a média de público
seria muito baixa. A Fifa esperava uma presença maior de
torcedores nos ginásios nas
partidas realizadas até agora",
diz Andreas Werz, chefe de comunicação da Fifa no evento.
De acordo com ele, a baixa
presença de público nos ginásios pode ser um reflexo do horário dos jogos, que ocorrem
sempre às 10h30 e 12h30.
"É sempre difícil encontrar
um equilíbrio entre um horário
que atraia as pessoas para os ginásios e os desejos da emissora
anfitriã, que, no caso deste torneio, é a Globo", afirmou.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., fez o mesmo
diagnóstico na terça, quando o
Brasil estreou na competição.
"Pelo horário em que ocorre,
há até uma boa presença [de
público]. Mas [o evento] deve
levar em conta também a TV.
Fazê-lo em um horário que seja
conveniente para a transmissão para o Brasil e para o mundo é importante pois ajuda a difundir a modalidade", afirmou.
Segunda a Fifa, o torneio é
exibido em 197 países, um recorde em Mundiais.
E foi justamente o horário,
estipulado para atender os interesses da TV, que inspirou a
criação do "Lotação Esgotada".
"Vimos que o horário não
atrairia tantas pessoas. Então
decidimos fazer o projeto", disse Hideraldo Martins, diretor-executivo do comitê organizador. "Quando o evento começou, pensamos em levar mais
crianças aos ginásios, mas isso
criaria um problema logístico."
Apesar do baixo público, o
chefe de comunicação da Fifa
nega que haja desinteresse pelo
torneio no Brasil, país que reúne o maior número de praticantes no mundo: 310 mil.
"O Brasil é o país do futsal. As
pessoas e a mídia estão acompanhando o torneio com grande interesse. A Fifa está convicta de que o público será maior
na segunda fase", diz Werz.
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