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nunca antes
"Lula foi mais importante do que Blair", diz consultor
Marqueteiro do Rio-16 diz que participação do presidente foi crucial para triunfo
Mike Lee, "mago" da candidatura brasileira aos Jogos, diz que ama o Rio e que pretende prestar novos serviços ao comitê nacional
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE
Marqueteiro da campanha
Rio-2016, Mike Lee tem como
profissão controlar o fluxo de
informações na mídia. Só aceitou dar entrevista à Folha
acompanhado de um assessor
do comitê de candidatura, que
falasse português e pudesse tirar dúvidas sobre a tradução.
Ex-consultor político do partido trabalhista inglês, disse
que o presidente Lula deve ter
sido mais importante para a
Rio-2016 do que Tony Blair para Londres-2012, criticou a
candidatura de Chicago e minimizou a importância da mídia
brasileira no processo.
FOLHA - Qual a diferença entre
uma campanha política e uma campanha olímpica?
MIKE LEE - Nenhuma diferença.
FOLHA - Nenhuma?
LEE - São campanhas eleitorais. Seu trabalho é ganhar a
eleição, fazer votarem em você.
FOLHA - Existe uma diferença entre as campanhas de Londres e do
Rio. Mas Londres tem essa autoestima de cidade cosmopolita que organizou grandes eventos...
LEE - Londres nunca organizou algo como o Carnaval ou
como o Revéillon do Rio. Quantos eventos de grande porte esportivos Londres organizou?
Nenhum. Vocês fizeram o Pan-2007. Londres não fez isso.
FOLHA - Mas é reconhecida como
uma cidade mais rica.
LEE - Nós tivemos essa candidatura atacada em massa pela
mídia inglesa. E a coisa da mídia inglesa, comparando com a
brasileira, é que ela vai para o
mundo, por causa da língua.
FOLHA - Talvez pelo dinheiro...
LEE - Não por causa do dinheiro, 1.300 correspondentes vivem em Londres, todas as redes
grandes. Se a mídia é dura em
Londres, vai para o mundo.
Chicago teve esse problema.
Houve hostilidade da mídia
brasileira, críticas injustas. Mas
o mundo não estava lendo.
FOLHA - Então o senhor não acha
que foi um desafio?
LEE - Foi um desafio diferente.
Lula disse que os brasileiros
têm que provar todo dia. Foi
um pouco assim na campanha.
Nós tivemos que ganhar todas
as apresentações. A apresentação final, cada palavra, cada slide, cada segundo do vídeo, cada
gesto, nós trabalhamos.
FOLHA - Em geral, como foi a relação com o presidente Lula?
LEE - Brilhante. Lula foi crucial. As pessoas falaram sobre o
papel de Tony Blair, que foi
bem importante para Londres-2012. Eu diria que Lula foi provavelmente mais importante
para o Rio-2016. Ele trabalhou
por dois anos. Não apareceu só
no último dia, fez um discurso e
acenou [como Barack Obama].
FOLHA - Você disse que é um campanha próxima da política. Ele é um
político...
LEE - Fez coisas acontecerem.
Não poderíamos dizer que o
Rio está pronto e nossa economia está caindo. O Brasil é a 10ª
economia no mundo e seremos
a 5ª em 2016. A nova ordem
mundial tem o G20, e o Brasil
está na mesa central. O Brasil
está em todas as mesas centrais, porque não na do COI?
FOLHA - Qual é o impacto da repercussão na mídia para o Rio e para
Londres?
LEE - Em Londres, o impacto
dos Jogos será bem menor do
que no Brasil. O tempo foi certo
[para o Rio]. Se olhar a apresentação, não dizíamos "vocês têm
que vir para a América do Sul."
Dizíamos que foi uma jornada
maravilhosa, 30 jogos na Europa, cinco na Ásia, dois na Oceania. Nove na América do Norte,
sendo oito nos EUA. E, de repente, mostramos um continente com zero. O Rio está
pronto para abrir uma porta ao
movimento olímpico para a
América do Sul. Isso foi crucial.
FOLHA - Isso ocorria desde o início
[a favor do Rio]. Se fizesse certo, ganharia a candidatura.
LEE - Fazer certo realmente
não é fácil. Fazer errado, como
Chicago, também não é fácil.
Mas nós fizemos certo.
FOLHA - Você vai continuar com o
Comitê Organizador?
LEE - Eu gostaria. Não conheço
São Paulo, mas amo Rio. Eu tenho grande respeito pelos líderes políticos e os líderes do comitê olímpico. Vamos fazer outros trabalhos juntos.
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