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FUTEBOL
Quem manda?
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
É compreensível que os
torcedores desconfiem das
decisões do Superior Tribunal de
Justiça Desportiva; são muitos os
motivos para se queixar de falta
de coerência, agilidade e transparência do STJD.
Há os casos recorrentes e discutíveis de transferência de pontos
devido a jogadores em situação
irregular. Até a Resolução de Diretoria que previa essa transferência (à revelia do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol) já foi
substituída por outra RDI da
CBF, de setembro de 2000, que
restabeleceu a perda de cinco
pontos para o infrator. Mas o tribunal continua transferindo pontos, o que é um grande estímulo
para os clubes vasculharem a documentação dos adversários para
tentar salvar a própria pele.
O mérito das supostas irregularidades também pode ser discutido -ora o BID (Boletim Interno
Diário, que dá condições de jogo
aos atletas) tem a palavra final,
ora não tem. E há quem diga (como o dr. Marcilio Krieger, em entrevista ao Juca Kfouri na CBN)
que, no caso do Paysandu, o STJD
invadiu uma área que não é da
sua competência. O tribunal só
poderia suspender o presidente
do Paysandu de suas funções esportivas -como a de aprovar o
regulamento de uma competição
ou votar em eleições na federação. Assinar contratos, cheques e
contracheques são atribuições
conferidas ao presidente do clube
pelo Código Civil que o STJD não
teria o poder de cassar.
A recente perda de mando do
Marília trouxe à tona o velho receio de que um time grande possa
ser beneficiado pela Justiça esportiva em um momento decisivo.
Nesse caso, acho que a pena foi
justa e que o Botafogo não foi
exatamente beneficiado -afinal,
continuou sendo o visitante, com
todas as desvantagens dessa condição. Mas, por infeliz coincidência, justamente os resultados dessa sessão de julgamento não estão
disponíveis no site da CBF...
Luiz Zveiter disse que não pôde
julgar os incidentes de Sport x
Palmeiras porque não tinha visto
as imagens do jogo (o que é estranho, mas possível) e porque o árbitro não mencionou o ocorrido
na súmula (gostaria de saber como ele justificou a expulsão do
Leonardo, que nem participou da
confusão). De fato, a súmula disponível no site da CBF não traz
essa informação (o que justificaria uma punição ao árbitro). Mas
a súmula de Marília x Botafogo
exibida na internet também não
traz o registro da agressão ao
bandeira... Se constou ou não,
não saberemos (que adianta exibir só um pedaço da súmula?).
Ler os relatórios dos julgamentos do STJD -o que pode ser bem
chato, graças ao juridiquês- levanta muitas outras dúvidas. Por
que um atleta advertido no dia 12
de setembro só foi julgado em 3 de
novembro? (Na sessão de 28 de
outubro, já se julgavam infrações
do próprio mês de outubro.) Por
que Edu Dracena foi julgado faz
tempo pela cotovelada de 12 de
outubro, e Luis Fabiano, expulso
no mesmo dia, ainda não?
O pior é que a CBF e o STJD podem ter inúmeras irregularidades, mas nunca perdem o mando.
Encavalado
Gostei da manutenção dos
pontos corridos em 2004, mas o
calendário ainda tem problemas. Os Estaduais terminam
em um domingo, e o Brasileiro
começa na quarta-feira seguinte. Nem dá tempo de comemorar o título. Há jogos de quartas-de-final de Copa do Brasil e
Libertadores na véspera de um
jogo da seleção... Falta muito
ainda para entrar nos eixos.
Critério técnico
Por falar em Copa do Brasil, a
CBF anunciou que dez dos participantes virão de um ranking
baseado na própria Copa e no
Brasileiro. Ai, os rankings...
Continue assim
Eurico Miranda reeleito no
Vasco. É que "em time que está
ganhando não se mexe".
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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