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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Quem manda?

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

É compreensível que os torcedores desconfiem das decisões do Superior Tribunal de Justiça Desportiva; são muitos os motivos para se queixar de falta de coerência, agilidade e transparência do STJD.
Há os casos recorrentes e discutíveis de transferência de pontos devido a jogadores em situação irregular. Até a Resolução de Diretoria que previa essa transferência (à revelia do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol) já foi substituída por outra RDI da CBF, de setembro de 2000, que restabeleceu a perda de cinco pontos para o infrator. Mas o tribunal continua transferindo pontos, o que é um grande estímulo para os clubes vasculharem a documentação dos adversários para tentar salvar a própria pele.
O mérito das supostas irregularidades também pode ser discutido -ora o BID (Boletim Interno Diário, que dá condições de jogo aos atletas) tem a palavra final, ora não tem. E há quem diga (como o dr. Marcilio Krieger, em entrevista ao Juca Kfouri na CBN) que, no caso do Paysandu, o STJD invadiu uma área que não é da sua competência. O tribunal só poderia suspender o presidente do Paysandu de suas funções esportivas -como a de aprovar o regulamento de uma competição ou votar em eleições na federação. Assinar contratos, cheques e contracheques são atribuições conferidas ao presidente do clube pelo Código Civil que o STJD não teria o poder de cassar.
A recente perda de mando do Marília trouxe à tona o velho receio de que um time grande possa ser beneficiado pela Justiça esportiva em um momento decisivo. Nesse caso, acho que a pena foi justa e que o Botafogo não foi exatamente beneficiado -afinal, continuou sendo o visitante, com todas as desvantagens dessa condição. Mas, por infeliz coincidência, justamente os resultados dessa sessão de julgamento não estão disponíveis no site da CBF...
Luiz Zveiter disse que não pôde julgar os incidentes de Sport x Palmeiras porque não tinha visto as imagens do jogo (o que é estranho, mas possível) e porque o árbitro não mencionou o ocorrido na súmula (gostaria de saber como ele justificou a expulsão do Leonardo, que nem participou da confusão). De fato, a súmula disponível no site da CBF não traz essa informação (o que justificaria uma punição ao árbitro). Mas a súmula de Marília x Botafogo exibida na internet também não traz o registro da agressão ao bandeira... Se constou ou não, não saberemos (que adianta exibir só um pedaço da súmula?).
Ler os relatórios dos julgamentos do STJD -o que pode ser bem chato, graças ao juridiquês- levanta muitas outras dúvidas. Por que um atleta advertido no dia 12 de setembro só foi julgado em 3 de novembro? (Na sessão de 28 de outubro, já se julgavam infrações do próprio mês de outubro.) Por que Edu Dracena foi julgado faz tempo pela cotovelada de 12 de outubro, e Luis Fabiano, expulso no mesmo dia, ainda não?
O pior é que a CBF e o STJD podem ter inúmeras irregularidades, mas nunca perdem o mando.

Encavalado
Gostei da manutenção dos pontos corridos em 2004, mas o calendário ainda tem problemas. Os Estaduais terminam em um domingo, e o Brasileiro começa na quarta-feira seguinte. Nem dá tempo de comemorar o título. Há jogos de quartas-de-final de Copa do Brasil e Libertadores na véspera de um jogo da seleção... Falta muito ainda para entrar nos eixos.

Critério técnico
Por falar em Copa do Brasil, a CBF anunciou que dez dos participantes virão de um ranking baseado na própria Copa e no Brasileiro. Ai, os rankings...

Continue assim
Eurico Miranda reeleito no Vasco. É que "em time que está ganhando não se mexe".

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