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FUTEBOL
A arte de simplificar
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Para ser um excepcional
meia ofensivo ou meia-atacante ou meia de ligação -pode
escolher a terminologia-, é preciso unir a técnica com a habilidade, com a criatividade, com a
participação coletiva e com a garra, como Petkovic.
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso jogar com a
cabeça em pé e sem olhar para a
bola, para enxergar melhor a movimentação dos companheiros e
adversários, como faz Petkovic.
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso, antes dos outros, pensar, enxergar e executar
a jogada, como Petkovic. Tudo ao
mesmo tempo. "O olho vê, a lembrança revê e a imaginação
transvê." (Manoel de Barros)
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso ter um passe
preciso, rápido e inesperado. Não
basta colocar a bola no pé ou na
cabeça do companheiro. É preciso
surpreender o adversário, como
faz Petkovic.
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso economizar
gestos, simplificar o lance, como
faz Petkovic. Nada falta ou sobra
nas suas jogadas. "O talento é a
arte de tornar simples o que é
complexo."
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso bater faltas e
escanteios com precisão, como faz
Petkovic. Ele não cruza para a
área. Ele coloca a bola na cabeça
do companheiro.
Para ser um excepcional meia
de ligação, seria ainda melhor se
o meia driblasse, passasse e finalizasse bem com as duas pernas, como faz Petkovic. Isso é raríssimo.
Contra o Goiás, ele driblou com a
direita e colocou a bola no canto
com a esquerda.
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso ter garra e se
movimentar bastante para sair
da dura marcação dos volantes.
Para isso, é necessário ter bom
preparo físico, como tem mostrado Petkovic neste campeonato.
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso ter calma,
não tentar jogadas impossíveis e
saber o momento exato de brilhar, mesmo que seja nos últimos
minutos do jogo, como tem feito
Petkovic.
Para ser um excepcional meia
de ligação, é preciso valorizar o
seu talento, sem hipocrisia, como
Pet. "A humildade não é o desconhecimento do que somos, e sim o
conhecimento e o reconhecimento do que não somos."
Com tantas qualidades, por que
o Pet nunca brilhou em um dos
grandes times da Europa e não joga na boa seleção da Sérvia e
Montenegro, que estará na Copa?
Não sei.
Dizem que é por causa do seu
mau humor. Ele teria brigado
com todas as pessoas do esporte
de seu país.
Será?! Ou seria porque ele é
franco, luta por seus direitos, não
participa de panelinhas nem
agrada ninguém só para receber
algo em troca?
Recusa
Muitos técnicos europeus, como
Carlo Ancelotti, do Milan, escalam as suas defesas com dois zagueiros centrais, um lateral que
marca e avança (Cafu) e um zagueiro pela lateral do outro lado,
que só defende. São três zagueiros
tortos.
Nos dois últimos jogos, Ancelotti trocou o lado. Ele colocou um
lateral que marca e ataca pela esquerda (Serginho) e trocou Cafu
por um zagueiro (Stam), só para
defender. É Cafu ou Serginho. Raramente jogam os dois.
A Argentina fez o mesmo contra
o Brasil pela Copa das Confederações. Placente atuou de zagueiro-lateral-esquerdo e deixou todo o
espaço livre para o Cicinho. O
"louco" Bielsa era mais lúcido do
que o racional Pekerman.
Barcelona, a seleção do Brasil e
muitas equipes brasileiras, como
o Fluminense, jogam com dois laterais que marcam e avançam.
Além disso, esses três times atuam
com quatro jogadores perto do
outro gol, apesar do esquema tático da seleção ser diferente do
meio para a frente. O Flu e o Barcelona jogam com um meia ofensivo e três atacantes (dois pelos lados e um pelo centro) e a seleção
com dois meias ofensivos (um de
cada lado) e dois atacantes. Faz
pouca diferença.
Talvez sejam as três equipes
mais ofensivas e as que mais encantam no momento. Cada uma
no seu espaço. O Barcelona, na
Europa, o Flu, no Brasil, e a seleção, em todo o mundo.
Luis Mendes, comentarista da
rádio Globo, disse que o Fluminense se recusa a perder. O time
quase sempre vira no final da
partida. Já o Atlético-MG se recusa a vencer. O time começa ganhando e, geralmente, perde no
final.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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