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Para fiscais, ficar perto é pagamento
F-1
Sem salário, "bandeirinhas" guardam lembranças de Interlagos
MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
O ingresso para ver os três
dias do GP Brasil pode custar
mais de R$ 2.000. O orçamento de uma equipe de
ponta como a Red Bull chega
à cifra de US$ 160 milhões
anuais (aproximadamente
R$ 270 milhões). Ou seja,
dentro de um circuito de F-1 o
que mais corre é dinheiro.
O pagamento dos fiscais
de pista, responsáveis pela
sinalização no circuito, porém, é em outra moeda.
Eles se contentam em ganhar um pedaço quebrado de
carro, luvas sujas de mecânico ou, às vezes, são os próprios fiscais quem dão os presentes a pilotos milionários.
São recompensas. E eles
não reclamam. Muito pelo
contrário, agradecem.
"Há um ditado americano
mais ou menos assim: "Apenas nós podemos estar tão
perto de um carro quanto um
piloto'", afirma Mauro Clermann, 48, bancário e desde
1992 um dos "bandeirinhas"
do GP Brasil em Interlagos.
A paixão pelos carros levou Clermann a sonhar ser
fotógrafo de automobilismo.
Das fotos às grades que teve que pular em Interlagos
para chegar mais perto da
paixão, o paulista, que há sete anos mora em Natal (RN)
descobriu que ser comissário
nas provas poderia aproximá-lo ainda mais dos carros.
"Eu me transformo em
criança. É emocionante", exclama. "Mas também temos
muita responsabilidade, ficamos na chuva, no frio, no
sol. O glamour da F-1 passa
longe", conclui Clermann.
Neste fim de semana, a
prova terá 82 sinalizadores
na pista, 110 no resgate e 55
nos boxes. Um dos mais experientes, no entanto, estará
ausente depois de 18 anos.
O publicitário Sérgio Paladino, 45, não pôde se "comprometer" nesta temporada.
Para ter tal hobby, os fiscais precisam negociar com
os chefes, com a mulher em
casa, com os estudos... Além
de participarem de várias outras corridas menores durante o ano. Tudo isso após serem aprovados em um dos
cursos oficiais para a função.
"Basta ter disposição e dinheiro", brinca Clermann.
Mas o que ganham além
da alimentação, transporte e
uniforme para os dias de GP?
A maior recompensa de
Paladino veio no treino de
sexta-feira do GP Brasil em
1995: um pedaço da Benetton
de Michael Schumacher.
Aquele símbolo de 40 cm
que se soltou do aerofólio traseiro do carro do alemão é
guardado até hoje. Outro fato
marcante é o de 2006. Na festa da vitória de Felipe Massa,
Paladino balançava bandeira do Brasil no S do Senna
quando o piloto parou sua
Ferrari para pegá-la.
"Sempre levei a bandeira
para saudar os pilotos. Mas
aquela foi especial", lembra.
Desta vez, se Massa vencer, terá de procurar por outro "bandeirinha". Mas, se
Schumacher bater, haverá
espera pelo pagamento.
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