São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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TOSTÃO

Outros personagens


Na conquista de um título, existem fatores que transcendem a técnica, a tática e o físico

Não há MAIS dúvidas de que Neymar é espetacular, eficiente e fantasista, muito superior a todos os outros jogadores brasileiros.
Mas insisto, só podemos avaliar o tamanho do talento de um craque quando ele atua ao lado de vários outros craques. Alguns crescem, como Messi e Cristiano Ronaldo. Outros se retraem, ficam ofuscados.
No Milan, Ibrahimovic é excepcional. No Barcelona, foi discreto. Aliás, a grande injustiça da lista dos 23 melhores foi a ausência do sueco.
Hoje, é dia de ver Neymar e Ganso contra o Vasco. Não sei o que fazer, pois preciso assistir a outras partidas, como Flamengo x Cruzeiro. Será triste se o Cruzeiro for rebaixado. É pouco provável.
O Vasco derrubou o chavão de que, se um time ganhar um título importante, desiste, no mesmo ano, dos outros. Com o forte e espontâneo compromisso afetivo dos jogadores para com o técnico Ricardo Gomes, registrado e com firma reconhecida no cartório da alma, o Vasco tem chances de ganhar também o Brasileirão e a Sul-Americana.
O líder Corinthians enfrenta o lanterna América-MG. Não será moleza.
No último jogo, Emerson pisou no pescoço de um jogador do Avaí. Deveria ter sido expulso e, depois, punido, com rigor. Tite fechou os olhos. Se não viu no momento, certamente viu pela TV. Deveria, publicamente, no mínimo, criticar o jogador. Se o agressor fosse do outro time, o técnico ficaria indignado. É a ética da conveniência.
Nesta reta final, noto a ausência dos motivadores e das palestras óbvias de autoajuda. Nos anos anteriores, foram frequentes. Havia tantos convites que os motivadores só aceitavam os de times favoritos.
Em tempos mais remotos, quando se amarrava cachorro com linguiça, como disse Felipão, os personagens eram outros, as benzedeiras, os pais de santo e outros especialistas em coisas do além. Eram mais interessantes.
Os pais de santo eram mais éticos que os motivadores. Nunca faziam o mesmo trabalho para dois times que iam se enfrentar. Isso, às vezes, ocorre com os motivadores. Falam que é um trabalho profissional. É a ética da conveniência.
Quando jogava, Andorinha era massagista e pai de santo do Cruzeiro. Em uma partida, no Independência, houve um grande confronto, minutos antes de iniciar o jogo, entre Andorinha e o pai de santo do outro time, sob os olhares atentos do público. A partida só poderia terminar empatada. Desconfio que os pais de santo eram mais eficientes que os motivadores.


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