São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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Técnico injeta espírito olímpico no time e jogadores se encantam com a chance de fazer história

Sub-23 faz da Olimpíada sonho e Copa do Mundo

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A CONCEPCIÓN

"A Olimpíada não deve nada à Copa do Mundo." O discurso de Ricardo Gomes, técnico da seleção brasileira sub-23, é mais motivacional que qualquer coisa nas horas que antecedem a estréia no Pré-Olímpico, hoje, contra a Venezuela, em Concepción (Chile).
"O fato de o Brasil nunca ter ganho uma medalha de ouro olímpica é uma motivação para nós", disse o treinador, que não tem o perfil de Luiz Felipe Scolari, mas que está aproveitando situações desfavoráveis para imbuir no grupo o tal espírito olímpico.
"Sou um esportista. Sempre gostei de Olímpiada. A medalha de ouro é um sonho para o Brasil. Os jogadores aqui sabem disso. Como eles não têm ainda muita maturidade, lembro a eles a importância de uma Olimpíada."
O regime econômico imposto pela Conmebol ao torneio, a falta de um tempo ideal para treinar o time, o cansaço dos atletas, as conquistas dos times sub-17, sub-20 e principal nos últimos Mundiais... Tudo o que poderia pesar contra a seleção sub-23 está sendo transformado em uma espécie de fonte energética para a equipe.
"Nós temos um sonho. E temos que superar qualquer condição que não seja favorável se quisermos concretizar esse sonho. Para nós, a medalha de ouro não seria um título só de 2004, será para sempre", afirmou Gomes.
Os jogadores, aos poucos, vão entendendo a mensagem.
"Para nós, a Olimpíada é uma Copa do Mundo", disse Edu Dracena, o capitão do time.
Maxwell, único atleta ""estrangeiro" que estava na delegação até anteontem com a delegação, também vestiu a camisa. "Sei o que os europeus pensam do torneio olímpico de futebol. Ele não dão muita importância, pouco se fala nisso. Mas eu sou brasileiro e sei o que significa essa medalha de ouro para o nosso país. Meu desejo maior é ganhá-la", afirmou o lateral do Ajax (Holanda).
Robinho, o mais badalado atleta do grupo, já ouviu de Carlos Alberto Parreira, técnico do time principal, que "poderia queimar etapas" na seleção, mas o jogador se mostra animado mesmo agora com o projeto olímpico.
"Sabemos que entraremos para a história da seleção se conquistarmos a medalha de ouro. Muitos jogadores tentaram e não conseguiram. Tenho certeza de que vamos nos classificar neste Pré-Olímpico", disse Robinho.
Ele e Diego dizem que o momento olímpico mais marcante para eles foi a eliminação da seleção brasileira diante de Camarões em Sydney. "Eu torci muito, sofri. O time do Brasil tinha o Ronaldinho, mas acabou eliminado na morte súbita", disse Diego.
Já Elano, que será batizado hoje contra Venezuela como titular da seleção brasileira em jogos oficiais, lembra até os grandes feitos olímpicos. "Tenho na mente as imagens daquela corredora sofrendo para completar a prova [a suíça Gabriele Andersen-Schiess, em Los Angeles-1984] e daquele saltador que bateu a cabeça no trampolim e ainda assim ganhou a medalha de ouro [Greg Louganis, em Seul-1988]", disse.
O Brasil é indiscutivelmente hoje o país do futebol no que se refere a seleções. O país ostenta uma "tríplice coroa" após os títulos da Copa, em 2002, e dos Mundiais sub-20 e sub-17 no segundo semestre de 2003.
O técnico Ricardo Gomes disse que essas conquistas recentes não dão mais responsabilidade ao grupo sub-23 e que, por não serem inéditas, seriam menos celebradas que um possível ouro.
"O Brasil já ganhou cinco Copas, é tetracampeão do Mundial sub-20 e tricampeão no sub-17. Nosso grupo tem a chance, uma chance única, de conquistar o título de um torneio que é o sonho de todos os brasileiros, de escrever o nome na história."

NA TV - Brasil x Venezuela, Globo, ao vivo, às 23h10

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