Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Xodó de Dunga, Elano diz ser só um coadjuvante
Em entrevista à Folha, meia defende tratamento especial na seleção a estrelas como Ronaldinho, Robinho e Kaká
Titular da equipe nacional,
atleta afirma que a Copa
América será fundamental
para seu futuro no time e
para seqüência de treinador
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
O maior xodó do técnico
Dunga é, hoje, considerado intocável na seleção brasileira.
Kaká vai para o banco, Ronaldinho também. Mas Elano não.
O meia, 25, do Shaktar Donestski, símbolo da nova geração do time pentacampeão
mundial, porém, não se ilude.
Diz ser coadjuvante e defende
tratamento especial às estrelas,
em especial a Ronaldinho, a
Kaká e ao amigo Robinho.
Empolgado com sua guinada,
Elano sonha alto. Quer deixar a
fria Ucrânia, sede de seu clube,
para voltar à vitrine. Deseja a
Espanha, mas aceitaria retornar ao Brasil. À Folha, Elano
diz que a era que simboliza dependerá do triunfo na Copa
América, primeira competição
oficial após o fracasso no Mundial da Alemanha.
FOLHA - Você virou o xodó de Dunga na seleção, foi quem ganhou
mais espaço. Esperava por isso?
ELANO - Isso, para mim, significa muita coisa, significa a valorização do meu trabalho, o
crescimento na seleção brasileira. Espero que 2007 seja tão
bom quanto 2006.
FOLHA - Mas há o outro lado. Se
houver um fracasso, acha que podem atribuir isso a "era Elano"?
ELANO - Acho que estou preparado para assumir, não sozinho, uma responsabilidade na
seleção. Eu diria a maior seleção do mundo. É o risco que você tem que correr, mas acho
que a proporção de dar certo é
maior que a de dar errado.
FOLHA - O que você acha que a seleção deve fazer para evitar fracassos como o da última Copa?
ELANO - A Copa do Mundo foi
um erro, todos sabem. Mas
acho que tem de se dedicar à seleção. Uma boa campanha na
Copa América será fundamental para a nossa permanência e
para o futuro da seleção.
FOLHA - Você também fracassou
no Pré-Olímpico do Chile em 2004...
ELANO - Aprendemos muito
com aquele fracasso. Eu percebi muitas coisas erradas que
nós fizemos para não repetir.
FOLHA - Como o quê?
ELANO - Foi geral. Não fizemos
coisas dentro e fora do campo e
acabamos pagando. Acho que
não estávamos extremamente
concentrados. Foi um erro de
conjunto. Foi geral, mas os jogadores tiveram culpa.
FOLHA - Você trabalhou com Parreira e com Dunga. Qual a diferença
entre os dois?
ELANO - O Dunga é ótimo para
se trabalhar, tem ótimo caráter
e muita seriedade. O Parreira
trabalhou em um momento diferente, com jogadores que tinham conquistado seus espaços. Era difícil para ele. Para ter
oportunidade, tínhamos que
ter atletas machucados. Hoje a
oportunidade é para todos.
FOLHA - Você acredita que hoje os
jogadores estão mais comprometidos com a seleção?
ELANO - Eu acho que o que
acontece com a gente hoje é o
que acontecia com o Ronaldo,
com o Roberto Carlos quando
eles estavam sendo convocados
pela primeira vez. A gente está
agarrando. É a oportunidade da
vida para a maioria. Por isso,
pode estar parecendo que a
gente está querendo mais.
FOLHA - Todos os atletas da seleção são iguais, não há privilégios?
ELANO - A gente tem que ser
realista. O que o Ronaldinho representa para o mundo, o Kaká,
o Robinho. Eles são diferenciados, como é o Ronaldo, o Roberto Carlos, o Cafu pela história que têm. Eu não sou contra,
não. Até porque eles merecem
ter as coisas. Mas privilégio de
maltratar um e fazer bem para
outro não tem na seleção.
FOLHA - Você se considera coadjuvante na seleção?
ELANO - Eu sempre me sinto
um coadjuvante. No Santos, fui
assim. Não tenho vergonha e
receio nenhum. Para mim, ser
um coadjuvante na seleção não
é problema nenhum.
FOLHA - Você acha que, com o Ronaldinho retomando a posição, haverá lugar para você no time?
ELANO - Eu vou buscar meu espaço, como venho fazendo.
Acho que só o fato de estar na
seleção é uma felicidade muito
grande. Espero que continue
fazendo o melhor para que eu
continue até a Copa do Mundo.
FOLHA - Como você gosta de jogar?
ELANO - No Shaktar, eu jogo como meia ofensivo, como um
terceiro atacante, mas eu prefiro como jogo na seleção, como
meia, com liberdade para chegar à frente, como no Santos.
FOLHA - Como foi a conversa com o
Leão para defender o Corinthians?
ELANO - Eu falei que quero sair
do Shaktar por motivos profissionais. Eu quero sair porque
estou num estágio bom com a
seleção brasileira e quero buscar coisas maiores na Europa.
Ou que seja no Brasil. Quero
voltar a conquistar coisas importantes no futebol.
FOLHA - Quando acaba o contrato?
ELANO - Eu tenho mais dois
anos de contrato, mas tive uma
conversa com o presidente e
disse que não quero ficar. Tenho passaporte italiano e acho
que pode me ajudar bastante.
FOLHA - E o presidente diz o quê?
ELANO - Disse que quer o valor
que pagou, US$ 10 milhões.
FOLHA - Um empréstimo para o
Corinthians é possível?
ELANO - Não sei. Tem que sentar e conversar. Não saberia dizer. Só não quero sair brigado.
Texto Anterior: Tostão: Maradona, tango e miséria Próximo Texto: Elenco do Palmeiras vive efeito "sanfona" Índice
|