São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2007

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Xodó de Dunga, Elano diz ser só um coadjuvante

Em entrevista à Folha, meia defende tratamento especial na seleção a estrelas como Ronaldinho, Robinho e Kaká

Titular da equipe nacional, atleta afirma que a Copa América será fundamental para seu futuro no time e para seqüência de treinador

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior xodó do técnico Dunga é, hoje, considerado intocável na seleção brasileira. Kaká vai para o banco, Ronaldinho também. Mas Elano não. O meia, 25, do Shaktar Donestski, símbolo da nova geração do time pentacampeão mundial, porém, não se ilude. Diz ser coadjuvante e defende tratamento especial às estrelas, em especial a Ronaldinho, a Kaká e ao amigo Robinho.
Empolgado com sua guinada, Elano sonha alto. Quer deixar a fria Ucrânia, sede de seu clube, para voltar à vitrine. Deseja a Espanha, mas aceitaria retornar ao Brasil. À Folha, Elano diz que a era que simboliza dependerá do triunfo na Copa América, primeira competição oficial após o fracasso no Mundial da Alemanha.

 

FOLHA - Você virou o xodó de Dunga na seleção, foi quem ganhou mais espaço. Esperava por isso?
ELANO
- Isso, para mim, significa muita coisa, significa a valorização do meu trabalho, o crescimento na seleção brasileira. Espero que 2007 seja tão bom quanto 2006.

FOLHA - Mas há o outro lado. Se houver um fracasso, acha que podem atribuir isso a "era Elano"?
ELANO
- Acho que estou preparado para assumir, não sozinho, uma responsabilidade na seleção. Eu diria a maior seleção do mundo. É o risco que você tem que correr, mas acho que a proporção de dar certo é maior que a de dar errado.

FOLHA - O que você acha que a seleção deve fazer para evitar fracassos como o da última Copa?
ELANO
- A Copa do Mundo foi um erro, todos sabem. Mas acho que tem de se dedicar à seleção. Uma boa campanha na Copa América será fundamental para a nossa permanência e para o futuro da seleção.

FOLHA - Você também fracassou no Pré-Olímpico do Chile em 2004...
ELANO
- Aprendemos muito com aquele fracasso. Eu percebi muitas coisas erradas que nós fizemos para não repetir.

FOLHA - Como o quê?
ELANO
- Foi geral. Não fizemos coisas dentro e fora do campo e acabamos pagando. Acho que não estávamos extremamente concentrados. Foi um erro de conjunto. Foi geral, mas os jogadores tiveram culpa.

FOLHA - Você trabalhou com Parreira e com Dunga. Qual a diferença entre os dois?
ELANO
- O Dunga é ótimo para se trabalhar, tem ótimo caráter e muita seriedade. O Parreira trabalhou em um momento diferente, com jogadores que tinham conquistado seus espaços. Era difícil para ele. Para ter oportunidade, tínhamos que ter atletas machucados. Hoje a oportunidade é para todos.

FOLHA - Você acredita que hoje os jogadores estão mais comprometidos com a seleção?
ELANO
- Eu acho que o que acontece com a gente hoje é o que acontecia com o Ronaldo, com o Roberto Carlos quando eles estavam sendo convocados pela primeira vez. A gente está agarrando. É a oportunidade da vida para a maioria. Por isso, pode estar parecendo que a gente está querendo mais.

FOLHA - Todos os atletas da seleção são iguais, não há privilégios?
ELANO
- A gente tem que ser realista. O que o Ronaldinho representa para o mundo, o Kaká, o Robinho. Eles são diferenciados, como é o Ronaldo, o Roberto Carlos, o Cafu pela história que têm. Eu não sou contra, não. Até porque eles merecem ter as coisas. Mas privilégio de maltratar um e fazer bem para outro não tem na seleção.

FOLHA - Você se considera coadjuvante na seleção?
ELANO
- Eu sempre me sinto um coadjuvante. No Santos, fui assim. Não tenho vergonha e receio nenhum. Para mim, ser um coadjuvante na seleção não é problema nenhum.

FOLHA - Você acha que, com o Ronaldinho retomando a posição, haverá lugar para você no time?
ELANO
- Eu vou buscar meu espaço, como venho fazendo. Acho que só o fato de estar na seleção é uma felicidade muito grande. Espero que continue fazendo o melhor para que eu continue até a Copa do Mundo.

FOLHA - Como você gosta de jogar?
ELANO
- No Shaktar, eu jogo como meia ofensivo, como um terceiro atacante, mas eu prefiro como jogo na seleção, como meia, com liberdade para chegar à frente, como no Santos.

FOLHA - Como foi a conversa com o Leão para defender o Corinthians?
ELANO
- Eu falei que quero sair do Shaktar por motivos profissionais. Eu quero sair porque estou num estágio bom com a seleção brasileira e quero buscar coisas maiores na Europa. Ou que seja no Brasil. Quero voltar a conquistar coisas importantes no futebol.

FOLHA - Quando acaba o contrato?
ELANO
- Eu tenho mais dois anos de contrato, mas tive uma conversa com o presidente e disse que não quero ficar. Tenho passaporte italiano e acho que pode me ajudar bastante.

FOLHA - E o presidente diz o quê?
ELANO
- Disse que quer o valor que pagou, US$ 10 milhões.

FOLHA - Um empréstimo para o Corinthians é possível?
ELANO
- Não sei. Tem que sentar e conversar. Não saberia dizer. Só não quero sair brigado.


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