São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

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Mesmo com escolta especial, torcidas organizadas mudam rotina da cidade no trajeto até estádio

THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Minha senhora, você não sabe o que é um Palmeiras e Corinthians". Assim, o personagem de Lima Duarte define o clássico em "Boleiros". No filme, o ator interpreta o treinador alviverde. Os cidadão paulistanos conhecem bem a dimensão do jogo.
E sofrem com ele.
A maior metrópole do país, em dia de clássico, fica à mercê das torcidas organizadas dos principais clubes.
Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel, tal qual celebridades que necessitam de proteção reforçada, foram escoltadas pela Polícia Militar da sede das agremiações até o Pacaembu, palco do jogo.
Ainda na quadra da Gaviões, torcedores se dividiam entre os que eram favoráveis à briga e aqueles que queriam um protesto pacífico.
Segundo relatos de alguns deles, ocorrera antes um encontro violento entre torcidas rivais próximo à ponte da Freguesia do Ó, na zona norte, onde os corintianos, em minoria, sofreram prejuízo.
De fato, alguns tinham sangue na cabeça e camisetas.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública afirmou desconhecer o fato.
No trajeto da organizada corintiana, que foi do Bom Retiro à arena, quatro bombas de fabricação caseira foram detonadas. Uma mulher disse que os integrantes da facção a roubaram, e houve princípio de tumulto quando torcedores tentaram invadir um posto de gasolina.
Além disso, por onde a comitiva passou, o trânsito teve de ser interrompido para dar passagem aos torcedores. Dependendo do cruzamento, os carros ficavam parados por até por dez minutos.
Há quem apoie a medida. "Eles [policiais] estão fazendo o correto. A segurança da população deve vir em primeiro lugar", afirmou Gilberto Cury, que esperou a liberação da avenida Angélica para poder seguir caminho.
Mas dentro da corporação a opinião é diferente. Policiais ouvidos pela Folha, disseram não concordar com a medida adotada pela PM.
"É um absurdo fazer escolta para bandido. Ainda mais aqueles que só procuram confusão", disse um policial, que não quis ser identificado.
Depois de uma hora e 20 minutos, o comboio chegou ao estádio do Pacaembu.
Mas os torcedores não entraram logo. A PM fez um cordão de isolamento. Para ultrapassar a barreira, só com o ingresso na mão. Muitos ficaram pelo caminho.
Quem passou e era integrante da Gaviões amargou mais 50 minutos de espera. Isso porque torcedores, bandeiras e instrumentos musicais tiveram que passar por uma revista minuciosa.
Depois de duas horas, os "fiéis" entraram no estádio aos gritos de "se o Corinthians não ganhar, olê, olê, olá, o pau vai quebrar". Segundo diretores da organizada, normal por ser jogo contra o arquirrival Palmeiras.
Quando Alessandro marcou o gol da vitória alvinegra e foi comemorar em frente à torcida rival, a confusão se instalou no gramado.
Nada mais natural, para um dia de clássico entre Palmeiras e Corinthians.


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