São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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RÉGIS ANDAKU

Zona

Tenista que vence, mas não leva, causa o maior vaivém das regras do tênis; e o dirigente que foi e voltou passa vergonha

J OGO DURO , adversário de alto nível, torcida contra. A vida do argentino Juan Martin del Potro não estava fácil. Para piorar, a classificação para as quartas-de-final do Torneio de Las Vegas estava escapando.
Do outro lado, James Blake crescia. Apoiado pela torcida e pela confiança, garantia a vitória, estava perto de fechar o jogo e assegurar a vaga. Com dificuldade para respirar, no frio do meio do deserto, Del Potro abandona o quinto game do segundo set. Faz parte: abandono não era novidade, não fora a primeira, nem seria a última no tênis. Seria, isso sim, histórica.
Primeiro, a dúvida sobre o que fazer nesse caso na nova regra da ATP, em torneios em que, além da fase de chave eliminatória, existe a fase de grupos, todos contra todos. A regra parece clara: jogos em que um dos tenistas abandona antes de seu encerramento não vale para contagem da classificação. Ou seja, Blake ganhara, mas não levara.
Sem Del Potro, ficava apenas o único jogo entre os outros dois "sobreviventes": Ievguêni Korolev 2 x 0 James Blake. A vaga era do jovem russo, isso estava na cara. Mas "ei!", pensa uma cabeça iluminada da organização: "Nosso ídolo será eliminado? O tenista para quem todos estavam torcendo não joga mais? O outro abandonou, e quem ganhou vai ficar fora? Esse regulamento parece ridículo, não?". O presidente da ATP, meio dormindo, meio acordado, tarde da noite, concorda, e então as regras são alteradas. "Elas não estavam muito bem explicadas", justifica o dirigente. Blake, então, avança, o show continua, a torcida agradece, os organizarem respiram aliviados, e todos dormem felizes -exceto pelo russo e pelo argentino.
Mas, novamente, "ei!", alguma cabeça iluminada pensa: "Mudar a regra no meio não vale!". E o entendimento inicial volta. "Nenhuma mudança pode ser feita nem pelo presidente da ATP sem a aprovação do conselho", fica explicado. Na manhã seguinte, Blake está fora, Korolov, que, eliminado, havia ido dormir no meio da madrugada, deve entrar em quadra. A torcida não sabe mais para quem torcer, os organizadores voltam frustrados, a confusão se instaura, as piadas começam a rolar, e o presidente da ATP passa vergonha.
"Se um tenista qualquer, em vez de um americano em um torneio nos EUA, tivesse sido eliminado, será que alguém acordaria o presidente da ATP para discutir regras?", questionou Marat Safin. "Ele se queimou", disse Roger Federer. "Ridículo", classificou Lleyton Hewitt. Mas calma: ainda faltam oito torneios com regras confusas para animar o circuito profissional. Quando assumiu a ATP, o ex-Disney Etienne de Villiers dizia que o objetivo era fazer do circuito um show à parte. Alguém duvida de que ele está seguindo essa regra à risca?

MENTOR
Tem o dedo de Larri Passos, claro, o melhor desempenho técnico e a atitude mais vencedora de Gustavo Kuerten.

CIRCUITO UNIMED
Tiago Slonik, Andressa Garcia (18 anos), Thiago Mastroiani, Raquel Piltcher (16), Thiago Pinheiro, Priscila Garcia (14), Leonardo Mamede e Leciane Silva (12 anos) foram os campeões da segunda etapa, no Joinville Tênis Clube.

TÍTULO INESQUECÍVEL
Ana Clara Duarte tinha 6/3 e 5/3 e sacava em 40/15 para bater Nathalia Rossi e ficar com o título do Future de Benin (Nigéria), no domingo. Travou, e Rossi virou o game e o set como abriu 5/0 e 40/15 no terceiro set. Aí foi a vez de Rossi travar, e Duarte virou o game, o set e o jogo. Final: Duarte 6/3, 5/7 e 7/5.

reandaku@uol.com.br


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