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Outro lado
Governos defendem despesas com Jogos
DA SUCURSAL DO RIO
Embora com abordagens diferentes, os governos empenhados na realização do Pan
afirmam que os investimentos
públicos na competição se justificam pelos benefícios ao Rio.
O ministro Orlando Silva
(Esporte) diz que "o orçamento
inicial não correspondeu às necessidades de gastos de um
evento internacional do porte
dos Jogos [...]. Os números foram subestimados".
Na sua opinião, "a partir do
Pan o Rio terá infra-estrutura
esportiva com capacidade para
receber grandes eventos, como
a Copa e os Jogos Olímpicos.
[...] O país não perde nada".
O prefeito Cesar Maia identifica na candidatura da cidade à
Olimpíada de 2016 uma inflexão no porte do Pan: "Com nossa pretensão olímpica mudamos projetos -como o do estádio [João Havelange], arena e
parque aquático- para que tivessem padrão olímpico".
Apesar de a promessa de
duas novas linhas do metrô
constar da brochura apresentada pela candidatura, Maia contesta: "As linhas, se iniciadas no
dia da escolha do Rio [em agosto de 2002], levariam sete anos
para serem feitas".
O prefeito foi um dos signatários da brochura, cujo texto
previa "para a época de realização dos Jogos a conclusão e
operação das etapas futuras,
com as seguintes expansões
[...]". A seguir, citava as duas linhas que não saíram do papel.
Sobre o abismo entre previsão de custo e resultado, Maia
diz que "só depois da candidatura aprovada nos lançamos
aos grandes investimentos".
O secretário estadual de Esporte, Eduardo Paes, assumiu o
cargo em janeiro. Ele não condena o aumento do orçamento
do Pan. "Não vejo como notícia
negativa os governos terem
transformado o projeto em
muito maior do que era. Houve
um "upgrade" do evento."
O Co-Rio (comitê organizador do evento) diz que ""não é
possível fazer comparações de
projetos distintos".
O comitê é presidido por Carlos Arthur Nuzman, um dos
que assinaram a brochura enviada aos dirigentes da Odepa,
em 2002. Na época, ele representava o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), entidade que
comanda até hoje.
""O escopo do projeto de candidatura é muito diferente do
projeto que está sendo implementado na organização dos
Jogos", afirma o Co-Rio.
"Desde o porte da complexidade das instalações esportivas, passando pelo número de
provas e modalidades esportivas e níveis de serviço da organização, entre outros."
O então ministro do Esporte,
Caio Luiz de Carvalho, afirma
que a previsão foi apresentada
pelo COB, com base em estudo
da FGV (Fundação Getúlio
Vargas). A Folha tentou ouvir,
sem sucesso, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
A "Presidência da República"
e o "Ministério do Esporte e
Turismo" foram co-signatários
da brochura que contém o orçamento do Pan. O ex-governador Garotinho, que assinou o
documento, não quis falar.
A assessoria de imprensa da
FGV informou que a instituição não comentaria o tema. Em
2002, a fundação colaborou na
elaboração do orçamento do
Pan-Americano.0
(MM E SR)
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