São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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Outro lado

Governos defendem despesas com Jogos

DA SUCURSAL DO RIO

Embora com abordagens diferentes, os governos empenhados na realização do Pan afirmam que os investimentos públicos na competição se justificam pelos benefícios ao Rio.
O ministro Orlando Silva (Esporte) diz que "o orçamento inicial não correspondeu às necessidades de gastos de um evento internacional do porte dos Jogos [...]. Os números foram subestimados".
Na sua opinião, "a partir do Pan o Rio terá infra-estrutura esportiva com capacidade para receber grandes eventos, como a Copa e os Jogos Olímpicos. [...] O país não perde nada".
O prefeito Cesar Maia identifica na candidatura da cidade à Olimpíada de 2016 uma inflexão no porte do Pan: "Com nossa pretensão olímpica mudamos projetos -como o do estádio [João Havelange], arena e parque aquático- para que tivessem padrão olímpico".
Apesar de a promessa de duas novas linhas do metrô constar da brochura apresentada pela candidatura, Maia contesta: "As linhas, se iniciadas no dia da escolha do Rio [em agosto de 2002], levariam sete anos para serem feitas".
O prefeito foi um dos signatários da brochura, cujo texto previa "para a época de realização dos Jogos a conclusão e operação das etapas futuras, com as seguintes expansões [...]". A seguir, citava as duas linhas que não saíram do papel.
Sobre o abismo entre previsão de custo e resultado, Maia diz que "só depois da candidatura aprovada nos lançamos aos grandes investimentos".
O secretário estadual de Esporte, Eduardo Paes, assumiu o cargo em janeiro. Ele não condena o aumento do orçamento do Pan. "Não vejo como notícia negativa os governos terem transformado o projeto em muito maior do que era. Houve um "upgrade" do evento."
O Co-Rio (comitê organizador do evento) diz que ""não é possível fazer comparações de projetos distintos".
O comitê é presidido por Carlos Arthur Nuzman, um dos que assinaram a brochura enviada aos dirigentes da Odepa, em 2002. Na época, ele representava o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), entidade que comanda até hoje.
""O escopo do projeto de candidatura é muito diferente do projeto que está sendo implementado na organização dos Jogos", afirma o Co-Rio.
"Desde o porte da complexidade das instalações esportivas, passando pelo número de provas e modalidades esportivas e níveis de serviço da organização, entre outros."
O então ministro do Esporte, Caio Luiz de Carvalho, afirma que a previsão foi apresentada pelo COB, com base em estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas). A Folha tentou ouvir, sem sucesso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A "Presidência da República" e o "Ministério do Esporte e Turismo" foram co-signatários da brochura que contém o orçamento do Pan. O ex-governador Garotinho, que assinou o documento, não quis falar.
A assessoria de imprensa da FGV informou que a instituição não comentaria o tema. Em 2002, a fundação colaborou na elaboração do orçamento do Pan-Americano.0 (MM E SR)


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