Único que cedeu ao menos um jogador à seleção de seu país em todos os Mundiais no pós-Guerra, time pena em 2010

Dos cinco são-paulinos já convocados por Dunga, só Miranda ainda sonha, mas, como o grupo está quase certo, beque é hoje azarão

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A temporada de 2009 sem títulos e o começo de 2010 sem brilho coletivo nem individual praticamente selaram o fim de um dos maiores orgulhos são- -paulinos. Pela primeira vez desde 1938, o São Paulo não deverá ceder jogador nenhum para a seleção brasileira na Copa.
Em 2006, quando da disputa do último Mundial, o São Paulo era o campeão vigente do planeta e preparava a caminhada para um inédito tricampeonato brasileiro genuíno. Rogério e Mineiro então se tornaram o 41º e o 42º nomes são-paulinos a serviço, como atleta, de uma seleção brasileira mundialista.
Hoje, ante a Ponte Preta, em Campinas, e na luta para se manter no G4 do Paulista, o time exibe pretensões tão menores que quase ninguém tem esperança de ser lembrado na próxima lista de Dunga, a final.
Para ter uma ideia da tradição tricolor que está para ser quebrada, o São Paulo é o único clube do planeta que cedeu ao menos um jogador para a seleção de seu país em Copas depois da Segunda Guerra Mundial. O Milan teve jogador também em todas as Copas desde 1950, mas em 1958 abasteceu a seleção sueca, não a italiana, que não se classificou então.
Só o Botafogo forneceu mais jogadores para a seleção brasileira em Copas do que o São Paulo -foram 45 botafoguenses, oito em 1934, quando quase todos os clubes do país se negaram a ceder atletas à seleção.
Se fosse considerada a fundação do São Paulo em 1930 (São Paulo da Floresta), o time paulista levaria vantagem sobre o carioca, pois os tricolores Armandinho, Luisinho, Silvio e Valdemar de Brito defenderam o país. Em 1938, única Copa para a qual o atual São Paulo Futebol Clube não cedeu jogador, Leônidas da Silva, um dos principais ídolos são-paulinos, foi o artilheiro máximo.
No elenco atual do time do Morumbi, estão cinco jogadores que tiveram ao menos em uma convocação de Dunga: Cicinho, Alex Silva, Miranda, Richarlyson e Hernanes. Desses, o único que frequentou listas recentes da seleção é Miranda, que perdeu espaço para Thiago Silva, do Milan, após ser expulso com a camisa amarela contra a Venezuela, no jogo derradeiro do Brasil nas eliminatórias.
""Trabalho visando ajudar meu clube e também para chegar à Copa do Mundo. Seria frustrante ficar fora da última lista, mas vou trabalhar para merecer estar lá", disse Miranda nos últimos dias. Ele não foi convocado para o amistoso com a Irlanda, e Dunga já sinalizou que o grupo está fechado.
Hernanes, outro que se valorizou muito no tricampeonato brasileiro, foi à Olimpíada de Pequim, mas, como quase todo o grupo que não ganhou o ouro, foi esquecido na seleção. O meia caiu de rendimento e até no clube já é questionado.
O terceiro goleiro de Dunga deve ser Victor, do Grêmio, uma vez que Rogério nunca esteve em listas do treinador, que renovou o gol da seleção.
As chances de um são-paulino ir ao Mundial sul-africano passam por lesão de convocáveis, em especial um zagueiro, ou por eventual superstição de Dunga: o Brasil só ganhou Copa com são-paulino no grupo.


Texto Anterior: Juca Kfouri: A três meses da Copa do Mundo
Próximo Texto: Washington bate Ronaldo nas finalizações
Índice