São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

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VÔLEI

Minas, que busca hoje ir à decisão da Superliga, faz melhor campanha com superação na quadra e diversão fora dela

Boemia e suor movem sensação mineira

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem vê os técnicos de vôlei se contorcendo à beira da quadra e gritando palavrões não entende o que acontece no Minas.
A equipe sensação da Superliga, que hoje busca vaga na final, desconhece esse cenário. Marcos Miranda assiste a boa parte dos jogos sentado. Grita pouco, dificilmente solta palavrões e não economiza palavras de incentivo. Mas o segredo da harmonia do time não se limita à sua tranqüilidade.
Fora da quadra, os mineiros criaram uma cumplicidade raramente vista. Durante o torneio, tentaram se reunir pelo menos uma vez por semana em um bar de Belo Horizonte para bater papo e dançar -o ritmo arrefeceu com a chegada dos mata-matas.
Quando podem, andam de kart, vão ao cinema, marcam churrascos no fim de semana, cantam pagode e se divertem juntos. Sempre com o treinador a tiracolo.
"Não tem escolta, vigília. Ele sai com a gente como amigo. Mas no dia seguinte está de pé para trabalhar como nunca. E é isso que ele cobra da gente", conta Serginho.
O líbero é um dos maiores entusiastas das confraternizações. Herança do que passou no ano passado, quando o grupo, coalhado de estrelas da seleção, sofreu com divergências internas e, antes favorito, foi um fiasco na Superliga.
Hoje, no confronto que decide seu futuro, às 21h, o Minas pega o Suzano, de certa forma seu oposto. A equipe tem no banco Ricardo Navajas, conhecido pelo estilo durão e barulhento em quadra. Os paulistas contam com dois campeões em Atenas-2004 -André Nascimento e Rodrigão.
Miranda, 43, mantém sua postura desde o início da carreira. Já era assim quando auxiliava Zé Roberto na conquista do ouro nos Jogos de Barcelona-92. Depois de passar por vários clubes, esteve nos últimos quatro anos treinando a mulher, Ana Paula, na praia.
"Meus atletas são meus amigos. Sabem que não sou um policial. Ajo como penso e dou o exemplo. Tudo passa, a amizade fica", diz.
Sua proximidade com os atletas já foi mal interpretada por dirigentes. "Uns confundem as coisas. Sou assim mesmo, nunca fiz média e sempre me fiz entender. É uma questão de educação, estou tranqüilo. E tem dado certo."
A Superliga é um exemplo disso. Com um time inexperiente, Miranda encarou logo de cara cinco partidas fora de casa. O que parecia a ruína, porém, acabou sendo o trampolim para a melhor campanha da fase classificatória.
O time venceu os cinco duelos, dois deles de virada -no total, somou 17 vitórias e três reveses. Tem também os melhores ataque e recepção do campeonato.
"Mudou a filosofia. Ele mostrou que só ganharíamos se o conjunto fosse bem. Estamos unidos sempre", afirma o ponta Ezinho.


NA TV - Sportv, ao vivo, a partir das 21h

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