São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

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FUTEBOL

Treinador diz que não existe esquema para astro do Barcelona e critica o discurso de quem o acusa de retranqueiro

Por Ronaldinho, Parreira bane a tática

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, 62, quer acabar com a sua fama de retranqueiro. Ao mudar o esquema tático da equipe no mês passado e adotar o 4-2-2-2, como gosta de chamar a formação, o treinador quer deixar de lado o futebol de resultado, rótulo que carregou na carreira, e diz que passará a correr riscos.
Em entrevista à Folha, Parreira, que comandou o time nacional na conquista, nos pênaltis, do tetracampeonato mundial, diz que está escalando ""a seleção mais ofensiva da história" desde o jogo contra o Uruguai, semana passada.
Com Ronaldo, Ronaldinho (que segundo o treinador não precisa de esquema algum), Kaká (e possivelmente Adriano, em vez de Ricardo Oliveira) no time, o treinador diz que optou pela mudança tática para ""ganhar mais força ofensiva" e desabafou: ""O cara dizer que o Parreira é defensivo é putaria", declarou o técnico, ao defender as alterações na equipe, anteontem, na CBF.

 

Folha - Nos dois jogos da seleção no mês passado você inovou ao mexer no esquema tático. Gostou do resultado prático do 4-2-2-2?
Carlos Alberto Parreira
- Gostei do time contra o Uruguai. Faltava mais peso na frente. Com esse novo esquema, a seleção brasileira ganha com os atacantes mais fixos e dois meias chegando. Ganhamos mais força ofensiva. O outro atacante fixo [provavelmente Adriano] vai acabar dividindo a atenção com o Ronaldo. Antes, achava o Ronaldo muito sozinho. Vamos ficar com mais peso na área e ter a chegada de dois jogadores [Ronaldinho e Kaká]. Além disso, ficamos com o Zé Roberto, que encosta muito, e os laterais no setor ofensivo.

Folha - Qual a mudança principal desse esquema?
Parreira
- A última formação [do jogo contra o Uruguai], ao contrário do que muitos dizem, é a seleção mais ofensiva de todas as seleções do Brasil. O cara dizer que o Parreira é defensivo é putaria. Não tem uma seleção no mundo que joga tão aberta quanto a brasileira. Somos o time que dá mais chances de jogo para o adversário. Não existe seleção igual à nossa. Mesmo assim, ainda dizem que sou retranqueiro. É querer ir contra a realidade. Gostaria que alguém apontasse uma seleção tão ofensiva como a nossa. Apesar de nos expormos mais, quando ganhamos a bola, a vantagem que temos ninguém tem.

Folha - Falta quase um ano para a Copa. Esse será o esquema?
Parreira
- Foram apenas dois jogos, e vou manter. Contra o Uruguai, fiquei plenamente satisfeito. É claro que o rival vai ter mais chances, mas aumenta a nossa possibilidade de agredir. Ainda não posso dizer que é definitivo, mas vale a pena investir no que vi.

Folha - O Ronaldinho é muito criticado por prender a bola durante os jogos da seleção...
Parreira
- Qual é a tática para o Ronaldinho? Não existe. Não tem tática para o Ronaldinho. Vou falar o que para ele? "Ronaldinho, você pega a bola, olha o Kaká. Depois, você mete." Com o Ronaldinho, é bola no pé dele. Ele é inteligente o suficiente para encontrar os caras. Digo sempre a ele: "Você pega a bola e faz o que quiser". Ele tem liberdade para criar.

Folha- Se a seleção jogar a Copa com o time atual, será o mais velho da história do futebol brasileiro em Mundiais. Não pensa em rejuvenescer o grupo até o ano que vem?
Parreira
- A minha preocupação é o momento do jogador. Quando assumi o cargo, há cerca de três anos, a preocupação de vocês [jornalistas] era se o Rivaldo, o Cafu e o Roberto Carlos iam disputar a Copa. Na verdade, quem vai responder são eles. O Roberto Carlos e o Cafu estão mostrando vontade de disputar a Copa. Não sou eu que vou resolver, serão eles que vão mostrar. Temos que ficar atentos para o envelhecimento do time, mas acho que está bom.

Folha - Quando a seleção se classifica para a Copa?
Parreira
- A nossa situação é muito tranqüila. Em cinco jogos, temos que ganhar um. Se ganharmos do Paraguai [em junho, no Brasil], estamos dentro.


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