São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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FUTEBOL

Na equipe mais caseira desde o Mundial-86, paulistas e cariocas, que sempre dominaram o time nacional, são minoria

Time de Scolari foge do eixo Rio-SP

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção brasileira chega à primeira Copa do século 21 com jogadores que formam um mapa inédito na história distante ou mais recente do país no torneio.
Com Luiz Felipe Scolari, gaúcho de Passo Fundo, o time nacional terá a cara menos carioca e paulista dos Mundiais, além de voltar a ter, depois de três edições, mais jogadores atuando nos clubes do país do que no exterior.
Dos 23 chamados para a disputa da edição que irá ocorrer no Japão e na Coréia do Sul, apenas oito nasceram nos dois Estados mais famosos no futebol da nação (sete em São Paulo e apenas um, Ronaldo, no Rio de Janeiro).
Quando foi campeão mundial pela primeira vez, em 1958, na Suécia, o Brasil tinha 15 paulistas ou cariocas em um grupo de 22 atletas inscritos.
Já no último título, em 1994, a proporção também era muito diferente da atual. Dos 22 integrantes do tetracampeonato, 13 eram de São Paulo ou do Rio.
Descentralizada, a seleção da Copa-2002 terá quatro baianos (Dida, Júnior, Vampeta e Edílson) e dois "filhos" de Brasília -Lúcio e Kaká. Nunca antes a capital do país mandou jogadores para a disputa de um Mundial.
A nova ordem da bola no país coloca também representantes de cidades "minúsculas" na Copa do Mundo. É o caso, por exemplo, de Uraí, cidade paranaense de 12 mil habitantes onde nasceu o volante Kleberson, do Atlético-PR.
Com mais gente de "novos centros", a seleção que vai para a Copa-2002 é mais jovem da que foi para França em 1998. O grupo atual tem média de 26,1 anos por jogador contra 27,8 dos atletas do time que jogou o último Mundial.
Além de poucos jogadores que levam suas raízes, o Rio ainda vê seus clubes perderem importância para a formação de uma seleção. O flamenguista Juninho, que ainda por cima é cotado para ir para o Cruzeiro no segundo semestre, é o único convocado que joga em um clube do Estado.
Na reta final, nomes como o também flamenguista Juan e o vascaíno Euller, perderam prestígio com Scolari.
Nunca antes uma delegação brasileira que foi para uma Copa teve número tão pequenos de jogadores cedidos por agremiações cariocas -o recorde anterior havia acontecido em 94, quando três dos chamados por Carlos Alberto Parreira eram de clubes do Rio.
"Não fui eu o responsável. Não sei quem matou o futebol carioca", disse Scolari, dizendo que a má fase dos clubes do Estado é a responsável pela situação.
"Do Rio, só levamos o Juninho, que do lado do seu nome tem paulista", brincou depois o treinador, que nunca trabalhou em uma equipe carioca.
Outra marca da convocação feita por Scolari ontem foi o aumento da participação de jogadores que atuam em clubes brasileiros.
A lista tem 12 atletas que atuam em times do país, marca não atingida nas últimas três Copas.
No último Mundial, jogado na França, Zagallo levou apenas nove atletas de clubes domésticos.
Em compensação, o provável time titular continuará a ser dominado pelos "estrangeiros", que devem emplacar oito jogadores no time que deve estrear no Mundial contra a Turquia, em Ulsan, no próximo dia 3.


Colaborou o enviado ao Rio



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