JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em vez de se sentar ao lado de Luiz Felipe Scolari para o anúncio da convocação da seleção, Ricardo Teixeira preferiu ficar perto de Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da CPI do Futebol e um de seus maiores algozes no Senado.
Foi Althoff quem assinou o relatório de 1.600 páginas, divididas em quatro volumes, que pedia o indiciamento de Teixeira e de mais outras 16 pessoas no final do ano passado.
O dirigente é acusado, entre outros delitos, de apropriação indébita de recursos da CBF, crime contra o patrimônio da entidade, evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
O encontro entre os dois deu-se em São Paulo, onde participaram de reunião do Grupo de Trabalho Especial sobre Futebol do Ministério do Esporte e Turismo, realizada num hotel paulistano.
Quando o senador chegou, Teixeira já estava sentado, ao lado de Nabi Abi Chedid, um dos vice-presidentes da CBF. O presidente da confederação, aparentando mau humor, evitou qualquer conversa com Althoff.
No instante em que a convocação passou a ser anunciada, a imprensa teve acesso à sala onde o encontro do Grupo de Trabalho Especial teve início.
Enquanto via, pela TV, o anúncio dos 23 de Scolari, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol manifestou-se apenas uma vez. Foi no momento em que o técnico anunciou a convocação de Vampeta. Teixeira abriu um sorriso e escreveu numa folha de papel o nome do volante corintiano. Em seguida, passou-a a Nabi Abi Chedid, que também sorriu.
Enquanto a lista era anunciada, Althoff não se manifestou.
No intervalo da reunião, os dois se dirigiram separadamente para a sala onde seria servido um lanche para o grupo. Enquanto Teixeira passou a maior parte do tempo conversando com Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o senador participou de outra roda.
Antes, durante e depois da reunião, o presidente da CBF manteve o mesmo discurso.
Sobre a convocação, disse que "é assunto do técnico [Scolari] lá no Rio, mas como torcedor adorei". Em seguida, afirmou que a lista ""está dentro do conceito de trabalho [do treinador]". Ao ser indagado sobre Romário, negou-se a fazer comentários, dizendo apenas que agora vai "torcer pelos 23 [que foram chamados]".
Quando o assunto passou para a organização do Brasileiro pela Liga de Clubes ou pela CBF, novamente foi lacônico: "Estou licenciado, perguntem ao Bastinho [Sebastião Bastos, presidente em exercício da entidade]".
O que o dirigente não quis explicar é o que fazia na reunião, representando a CBF, já que estaria licenciado. Segundo sua assessoria, Teixeira quis mostrar que não teme se encontrar com Althoff e que o presidente da entidade, mesmo de licença, não deixará de contribuir para o grupo que discute soluções para o futebol.
Do primeiro encontro, na semana passada, ele já não participou porque estava na Suíça, para reunião da Fifa. Das próximas, também às segundas, ele também deve ficar de fora, pois estará acompanhando a seleção na Copa. Mesmo assim, avisou que mandará um representante da CBF para substituí-lo.



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