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Judô tem preferido em seletiva
Confederação "torce" por Derly no Pan, o que evitaria problemas na definição da equipe do Mundial
Enquanto escolhido reclama
por critérios mais claros e
até vencedor não saber se
está garantido no torneio,
CBJ diz não haver dúvidas
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
No capítulo de ontem do controverso processo seletivo da
equipe brasileira de judô para o
Pan, a confederação se posicionou praticamente na torcida
para que o meio-leve João
Derly bata Leandro Cunha hoje, na Copa do Mundo.
"O João é o maior patrimônio do judô atual, e queremos
tê-lo na equipe do Pan, mas
com justiça", disse Ney Wilson,
coordenador técnico da CBJ
(Confederação Brasileira de
Judô). "Penso que o João vai
conquistar a vaga dele."
Ele manifestou sua opinião
após o campeão mundial dos 66
kg criticar o processo: "A confederação acabou complicando
as coisas", falou Derly, sobre a
definição de Tiago Camilo e
Flavio Canto como titulares.
Meio-médio, Camilo lutará
nos 90 kg, classe acima da sua.
Canto, que disputava com ele a
vaga dos 81 kg, também vai ao
Pan. Com isso, Carlos Honorato, foi cortado dos 90 kg.
Em troca, já foi confirmado
como titular para o Mundial de
setembro, também no Rio.
A decisão trouxe alívio por
um lado e preocupação por outro. A CBJ livrou-se do risco de
Canto, um dos atletas que tem
tido a imagem vinculada aos
Jogos cariocas de forma mais
destacada, ficar fora do Pan.
Porém, a nomeação de Honorato para o Mundial abre um
precedente grave. Mesmo
Derly, eleito o melhor atleta de
todas as classes no último torneio, não tem vaga certa no
campeonato de setembro.
Ele ainda disputa com Leandro Cunha a vaga no Pan. Quem
for ouro nos Jogos se classifica
para o Mundial -daí a "torcida" de Wilson pelo judoca.
"Deviam ser mais claros os
critérios", disse Derly. "Isso dá
vazão ao problemas, como o
que houve na seletiva para Atenas [Olimpíada de 2004]."
Naquele ano, após disputa na
Justiça, foi criado nova forma
de classificação. Derly perdeu.
Ele disse ainda que ficaria revoltado no lugar de Honorato,
que ontem perdeu de Camilo
na final dos 90 kg da Copa.
"A comissão técnica correu o
risco", disse Camilo, sobre o fato de Wilson ter falado anteontem que ele estava melhor que
o rival na decisão de ontem.
"Que legal que deu tudo certo, e eu ganhei", disse ele, concordando que seria "estranho"
se perdesse de Honorato.
Dúvidas cercam também as
outras categorias. O pesado
(mais de 100 kg) João Gabriel
Schlitter, 22, que abrira ampla
vantagem sobre Daniel Hernandes nos torneios europeus,
ontem venceu por ippon o rival.
Vaga no Pan garantida?
"Não sei. Não sei qual o critério de avaliação para o Pan."
A fala de Schlitter contradiz,
outra vez, os cartolas. "Antes da
Copa, explicamos os critérios
novamente. Perguntei se havia
dúvidas ou sugestões, e não se
manifestaram", falou Wilson.
Contudo, ele não convenceu
os judocas. Há um mês -antes
de ficar clara a confusão de critérios-, reservadamente, um
atleta comentou que nunca foi
escrito um regulamento da seletiva para o Pan justamente
para Wilson selecionar, segundo sua convicção, o time.
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