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COI fecha cerco a protestos políticos
Comitê avisa filiadas que, na Olimpíada, atletas estão proibidos de fazer manifestação por direitos humanos na China
Apesar de proibição, entidade se mostra reticente sobre a possibilidade de expulsar dos Jogos o esportista que não obedecer ao regulamento
DA REPORTAGEM LOCAL
O COI (Comitê Olímpico Internacional) resolveu fechar o
cerco às manifestações políticas durante a Olimpíada de Pequim, de 8 a 24 de agosto.
De acordo com a agência Associated Press, a entidade enviou anteontem carta a todos os
comitês olímpicos nacionais fixando regras severas para banir
qualquer tipo de expressão política, seja nas cerimônias de
pódio, entrevistas coletivas e
até dentro da Vila Olímpica.
A Carta Olímpica já proibia
os atletas de se expressarem livremente durante o evento.
Segundo a regra 51.3 do documento, "nenhum tipo de demonstração ou propaganda politica, religiosa ou racial é permitida nos locais olímpicos".
Nos últimos dias, Jacques
Rogge, presidente do COI, já
havia dito que, diante dos problemas enfrentados durante o
revezamento internacional da
tocha, a entidade se manifestaria claramente sobre o que seria permitido na Olimpíada.
Na correspondência enviada
anteontem a suas filiadas, as regras da Carta Olímpica foram,
de fato, mais explicitadas.
O COI afirma que o veto inclui "todas as ações, reações,
atitudes ou manifestações de
algum tipo de uma pessoa ou
grupo, incluindo, mas não limitando a isso, aparência externa,
roupas, gestos e manifestações
orais ou por escrito".
O comitê reitera o direito de
livre expressão e que os atletas
têm permissão de responder a
qualquer tipo de questão durante as entrevistas coletivas.
Porém pede que "todos usem
bom senso e mostrem respeito
com todos os atletas, incluindo
aqueles do país anfitrião".
No entanto, a entidade não
esclareceu se expulsará dos Jogos os que infringirem as regras. Não há consenso no COI
sobre o que fazer nesse caso.
Questionado sobre o assunto
no mês passado, o dirigente até
deu brechas às manifestações.
"Não há sanção. Decididamente não", respondeu o dirigente, de forma peremptória.
Apesar da evasiva, o COI tem
recebido pressão do Bocog (o
comitê organizador dos Jogos
de Pequim) para que expulse
dos Jogos os atletas que fizerem manifestação política.
E o barril de pólvora pode explodir em Pequim. Uma das
formas de protesto que podem
ocorrer foi apresentada por
franceses há algumas semanas.
Cerca de 20 atletas propuseram usar um emblema com a
inscrição "Por um mundo melhor", como forma de apoiar
reivindicações de ONGs de direitos humanos na China.
"Com isso, queremos recolocar os valores olímpicos no centro dos Jogos. Temos que devolver à Olimpíada seu sentido
original", defendeu Romain
Mesnil, vice-campeão mundial
de salto com vara em 2007.
A insígnia já foi utilizada em
protestos na etapa de Paris do
revezamento da tocha, quando
a chama olímpica acabou sendo
apagada quatro vezes.
Rogge, em entrevista ao diário "Les Temps" no início da semana, afirmou que esse tipo de
manifestação seria coibido.
"A liberdade de expressão representa um direito fundamental do homem, nada há o
que dizer contra isso. Contudo,
existem locais, como as arenas,
a Vila Olímpica e o pódio, que
queremos proteger de qualquer
interferência política."
Para ele, iniciativas como a
dos franceses não seriam toleradas. "Na formulação atual
[das regras olímpicas], há chances muito remotas de esse plano ser aprovado", disse Rogge.
Com agências internacionais
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