São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008

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Por Pequim, Joanna desafia trauma

Finalista em Atenas-04, nadadora ainda tenta superar episódio de abuso sexual e busca lugar nos Jogos

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Olimpíada de Atenas, final dos 400 m medley. Com 17 anos, Joanna Maranhão mergulhou consagrada. Ao tocar a borda no fim da prova, deu ainda mais grandiosidade ao feito.
A jovem pernambucana não saiu da água com medalha, mas o quinto lugar, logo após quebrar tabu de mais de 50 anos ao atingir a final, sacramentou o melhor resultado da história da natação feminina do país. Sucesso comparável apenas ao de Piedade Coutinho, sexta colocada em Londres-1948.
Em Atenas, Joanna virou o futuro da natação brasileira. Agora, quatro anos depois, tenta mostrar que ainda é também o presente. E ir a Pequim.
No Troféu Maria Lenk, ela tem sua derradeira chance. A nadadora ainda não conseguiu o índice. Já atingiu a marca nos 200 m borboleta, mas em torneio que não integrava o calendário oficial para classificação.
Além de lutar contra o cronômetro, Joanna também encara neste ano briga contra seus medos, traumas e limitações.
Após 12 anos de silêncio, a nadadora revelou que teria sido vítima de abuso sexual. O trauma que a fez desenvolver até medo de entrar na água, ao ser revelado, também provocou problemas técnicos.
"Ela perdeu vários treinos, outros foram precários. Houve perda técnica. Mas agora ela está em forma", avalia seu técnico, João Reynaldo, o Nikita.
"O lado emocional me preocupa, porque já aconteceram situações assim em que ela travou. Mas, se Joanna conseguir superar isso, o índice pode sair sim, até nas três provas", afirma Nikita, que espera bons tempos da pupila nos 200 m borboleta, 400 m e 200 m medley, as duas últimas suas principais especialidades.
Hoje serão realizadas as eliminatórias dos 400 m medley. As finais começam às 10h30.
"Só vamos saber ao certo na piscina. Mas, se psicologicamente falar sobre o assédio significou um desafogo, ela pode render mais, usar isso para o lado positivo", diz o treinador.
Joanna e sua mãe, Terezinha Maranhão, já compareceram a audiência por causa de processo movido pelo ex-técnico da atleta, Eugênio Miranda, acusado do abuso sexual.
Como o suposto crime ocorreu há cerca de 12 anos, e Joanna já tem 21, ela não pode mais processar o treinador.
Nadadora de temperamento forte, Joanna já comprou brigas com a confederação brasileira ao criticar publicamente as políticas da entidade.


NA TV - Troféu Maria Lenk
Sportv, ao vivo, às 11h30



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