|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Por Pequim, Joanna desafia trauma
Finalista em Atenas-04, nadadora ainda tenta superar episódio de abuso sexual e busca lugar nos Jogos
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Olimpíada de Atenas, final
dos 400 m medley. Com 17
anos, Joanna Maranhão mergulhou consagrada. Ao tocar a
borda no fim da prova, deu ainda mais grandiosidade ao feito.
A jovem pernambucana não
saiu da água com medalha, mas
o quinto lugar, logo após quebrar tabu de mais de 50 anos ao
atingir a final, sacramentou o
melhor resultado da história da
natação feminina do país. Sucesso comparável apenas ao de
Piedade Coutinho, sexta colocada em Londres-1948.
Em Atenas, Joanna virou o
futuro da natação brasileira.
Agora, quatro anos depois, tenta mostrar que ainda é também
o presente. E ir a Pequim.
No Troféu Maria Lenk, ela
tem sua derradeira chance. A
nadadora ainda não conseguiu
o índice. Já atingiu a marca nos
200 m borboleta, mas em torneio que não integrava o calendário oficial para classificação.
Além de lutar contra o cronômetro, Joanna também encara
neste ano briga contra seus medos, traumas e limitações.
Após 12 anos de silêncio, a
nadadora revelou que teria sido
vítima de abuso sexual. O trauma que a fez desenvolver até
medo de entrar na água, ao ser
revelado, também provocou
problemas técnicos.
"Ela perdeu vários treinos,
outros foram precários. Houve
perda técnica. Mas agora ela está em forma", avalia seu técnico, João Reynaldo, o Nikita.
"O lado emocional me preocupa, porque já aconteceram
situações assim em que ela travou. Mas, se Joanna conseguir
superar isso, o índice pode sair
sim, até nas três provas", afirma Nikita, que espera bons
tempos da pupila nos 200 m
borboleta, 400 m e 200 m medley, as duas últimas suas principais especialidades.
Hoje serão realizadas as eliminatórias dos 400 m medley.
As finais começam às 10h30.
"Só vamos saber ao certo na
piscina. Mas, se psicologicamente falar sobre o assédio significou um desafogo, ela pode
render mais, usar isso para o lado positivo", diz o treinador.
Joanna e sua mãe, Terezinha
Maranhão, já compareceram a
audiência por causa de processo movido pelo ex-técnico da
atleta, Eugênio Miranda, acusado do abuso sexual.
Como o suposto crime ocorreu há cerca de 12 anos, e Joanna já tem 21, ela não pode mais
processar o treinador.
Nadadora de temperamento
forte, Joanna já comprou brigas com a confederação brasileira ao criticar publicamente
as políticas da entidade.
NA TV - Troféu Maria Lenk
Sportv, ao vivo, às 11h30
Texto Anterior: COI fecha cerco a protestos políticos Próximo Texto: Estudo aponta ganho de 2% com maiô Índice
|