Atacante justifica nova queda corintiana e reclama de falta de reconhecimento a astros do esporte

Fenômeno se emociona ao falar das cirurgias, diz que eliminação da Libertadores não é fracasso e pede para ser escalado no domingo

Zanone Fraissat/Folha Imagem

O atacante Ronaldo, em momento de desolação na entrevista de ontem no Parque São Jorge

MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela segunda vez em 2010, Ronaldo lançou mão de suas "costas largas" (o termo é dele) para defender o Corinthians.
Há um mês, para explicar a eliminação precoce no Paulista. Ontem, para justificar a queda na Libertadores da América.
"Quando ganhamos, não vem ninguém", gracejou, ao entrar na lotada sala de imprensa do Parque São Jorge. A partir daí, desfiou uma série de lamentações. Em vários momentos, mostrou-se emocionado, olhos marejados, voz embargada.
Ao ser questionado por sua falta de comprometimento, ficou irritado, mas não respondeu com agressividade.
"Eu tenho 33 anos, oito operações, muitas dores e tenho que ouvir esse tipo de pergunta", respondeu Ronaldo, em voz baixa. Em seguida, adotou um tom messiânico para se defender. "O povo está comigo. O corintiano está comigo."
Para agradar à torcida, disse que está "cada vez mais apaixonado" pelo Corinthians e descartou torcer para o Flamengo no resto da Libertadores-2010.
Maior artilheiro da história das Copas (15 gols, em quatro participações), o Fenômeno disse que o Brasil "está atrasado". Cobrou "maior reconhecimento" a astros como ele e disse ter admiração pelos EUA.
"O Michael Jordan é quase um deus nos Estados Unidos, e ele mais perdeu do que ganhou", declarou. "Eu não concordo com o termo fracasso [do Corinthians na Libertadores]."
Ronaldo também se emocionou ao falar de sua já longa carreira. "Faz 18 anos que eu não tenho um fim de semana, um feriado prolongado", lamentou-se. "No início, você até pensa em dinheiro, mas, depois, isso fica em segundo plano."
O dia da aposentaria, disse, está cada vez mais próximo. "Mas não vou deixar que parem comigo. Eu ainda me emociono e me divirto com o futebol."
O que o irrita, cada vez mais, são as concentrações. Ronaldo foi aos últimos quatro Mundiais -ficou em casa pela última vez em 1990, aos 13 anos.
"Já sei que durante esta Copa [de 2010] vamos [os corintianos] estar concentrados, num desses resorts maravilhosos. Uma grande notícia para mim", ironizou. "Isso não é um problema com o Mano [Menezes, técnico]. É meu direito de não gostar de concentração."
Ronaldo disputou 16 partidas oficiais nesta temporada e anotou sete gols -média inferior à dos principais jogadores de sua posição no Brasil. E , apesar de se dizer "muito cansado", declarou que pretende jogar contra o Atlético-PR, no domingo, no Pacaembu, na estreia do Corinthians no Brasileiro-2010.
"Fizemos todo o possível na Libertadores, e a torcida entendeu isso, tanto que nos aplaudiu", ponderou o jogador. "Claro que deu alguma coisa errada, mas, se soubéssemos o que era, teríamos corrigido", concluiu.


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