São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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GRUPO C

Contra China e seu jogo aéreo, técnico saca Edmilson e põe zagueiro mais baixo do time

Poder de cobertura faz Polga ganhar preferência de Scolari

FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A ULSAN

Luiz Felipe Scolari está provando, na prática, que seu discurso de que mudará o time conforme o adversário não passa de teoria.
Mais do que a preocupação com a forma de atuar do rival, o técnico da seleção está levando em conta a postura dos atletas em campo para fazer alterações.
Foi o nervosismo e a instabilidade de Edmilson contra a Turquia que colocaram Anderson Polga, 26, no time titular para o duelo com os chineses amanhã.
Se fosse seguir à risca sua verborragia, Scolari dificilmente tiraria Edmilson, 1,88 m, para colocar Polga, o mais baixo da defesa -1,85 m- contra os grandalhões chineses, que têm nas bolas altas suas jogadas mais perigosas.
No último coletivo antes do embarque de ontem à noite para Seogwipo, o gaúcho ganhou de seu conterrâneo a chance de vestir pela primeira vez em Ulsan a camisa amarela -dos titulares.
Na entrevista coletiva que concedeu mais tarde, já no hotel Hyundai, Scolari justificou sua opção pelo jogador do Grêmio.
"Não estou queimando ninguém. Vou trocar de time pela minha maneira de ver futebol, não pela da imprensa. O Polga é mais talhado para jogar na cobertura. Não me perguntaram nada quando resolvi sacar o Polga para colocar o Edmilson. Ele [Polga" era o titular [antes do Mundial". Não vamos ganhar uma Copa do Mundo com 11, mas com 23 jogadores", disse o técnico brasileiro.
Se após sua atuação contra a Turquia Edmilson estava com um pé fora da equipe, as declarações que deu anteontem acabaram com suas chances de atuar.
O jogador do Lyon, da França, havia dito que chegara à seleção mostrando um futebol técnico e que não mudaria sua forma de atuar. Após a partida de estréia, Scolari, conhecido como "Roscão" quando era atleta no interior do Rio Grande do Sul, havia pedido a utilização de "chutões".
Nos treinamentos, o relacionamento com Edmilson também esteve azedo. Depois de levar uma bronca, o zagueiro retrucou, ao que Scolari respondeu, aos gritos: "Se você quiser trocar [de posição", a gente pode trocar".

Criatividade
Se resolveu pedir menos preciosismo na defesa, Scolari disse que pode dar uma oportunidade ao meia Ricardinho, mas apenas para a terceira partida.
O técnico elogiou a atuação do corintiano, que treinou após mais de 50 horas de viagem entre Curitiba e Ulsan. "A participação dele no coletivo foi muito boa. Se vai entrar [em campo" ou não, é outra coisa. Ele tem, primeiro, que se adaptar ao fuso horário."
O meia, de seu lado, disse que se sente bem após a desgastante viagem e que, se o técnico precisar, estará pronto para jogar.


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