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FUTEBOL
Vamos com o luxo!
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Foi uma partida que reconciliou o treinador Carlos Alberto Parreira com os fãs do futebol brasileiro. Se era bem isso o
que ele queria eu não sei, mas o
fato é que ter colocado Robinho
como titular nesse novo esquema
ofensivo revelou-se um acerto.
A seleção fez contra o Paraguai
uma dessas exibições que animam qualquer um. Há muito
tempo, por exemplo, não via o
Clóvis Rossi demonstrar tanto entusiasmo por alguma coisa.
Está certo que a ele cabe há
anos comentar sobretudo a política nacional, um terreno esburacado, onde imperam os pernas de
pau e situações tenebrosas, como
as que tomamos conhecimento
ontem por meio da entrevista que
Renata Lo Prete fez com o presidente do PTB, Roberto Jefferson.
Felizmente, o assunto aqui é futebol. E embora seja verdade que
nossa cartolagem, assim como
grande parte de nossos políticos,
está mais para as trevas do que
para as luzes, não há dúvida de
que em campo, na hora de a bola
rolar, continuamos capazes de fazer grande arte.
Bem, nem tudo foi maravilhoso
contra o Paraguai. Houve vacilos
e, em alguns momentos, excesso
de preciosismo. Robinho e Ronaldinho perderam bolas perigosas
-que resultaram em contra-ataques- em tentativas de firulas
na hora do passe. É algo a se evitar. A defesa, também, teve lá seus
problemas, com Belletti numa
tarde sem nenhuma inspiração, e
o zagueiro Lúcio um tanto estabanado e imprudente.
É normal que os holofotes tenham se concentrado em Robinho. Foi o primeiro jogo que ele
fez na seleção começando como
titular. E foi muito bem. Seu entendimento com Ronaldinho é de
gente que tem o mesmo DNA de
artista da bola. Com Ronaldo no
time, o quarteto, que com Adriano já foi infernal, pode ficar ainda
melhor. Outros jogadores, porém,
se destacaram. Kaká foi um deles.
E Zé Roberto fez um partidaço.
Com aplicação e seriedade, é um
time para levantar o hexa.
Logo depois do jogo, no entanto,
já surgiam os comentários medrosos: "Não podemos jogar tão
abertos contra a Argentina"...
Ora, como tão abertos? Ganhamos de 4 x 1 do Paraguai e já estamos na Copa. O próprio Parreira
disse que a partida em Buenos Aires será um "amistoso de luxo".
Então vamos jogar com o luxo! É
hora de ir com tudo e observar como esse time se comporta diante
de nossos eternos rivais.
Estamos há dez anos sem ganhar dos argentinos lá. E foi por
excesso de ofensividade? Foi porque resolvemos jogar com Kaká,
Ronaldinho e Robinho no mesmo
time? Claro que não. O jogo vai
ser duro em qualquer hipótese.
Fosse a partida de amanhã a
primeira de uma decisão de título
em sistema de ida e volta, talvez
jogar mais fechadinho na casa do
adversário fosse uma opção. Mas
nas atuais circunstâncias, o mais
importante, repito, é colocar esse
time em dificuldades. Ver como
ele reage diante de uma equipe
forte, que quer a vitória e vai partir para o ataque.
Vacilo santista
O Santos vacilou contra o Atlético-PR. Tinha tudo para obter
pelo menos um empate. Jogou
um bom tempo com um homem a mais, mas não aproveitou a vantagem. Ainda é o favorito, mas acho que a torcida colocou a barbinha de molho.
Show tricolor
Já o São Paulo fez uma excelente partida contra o Tigres. Foi
um desses jogos em que as coisas começam a dar certo e depois continuam. Rogério Ceni
foi decisivo com seus dois gols
de falta. Não vou criticá-lo por
ter desejado bater o pênalti. Depois dos gols de falta, tinha direito de tentar. O mais importante é que o time jogou sério e
garantiu uma enorme vantagem para chegar à semifinal da
Libertadores.
E-mail
mag-machado@uol.com.br
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