São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Vamos com o luxo!

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Foi uma partida que reconciliou o treinador Carlos Alberto Parreira com os fãs do futebol brasileiro. Se era bem isso o que ele queria eu não sei, mas o fato é que ter colocado Robinho como titular nesse novo esquema ofensivo revelou-se um acerto.
A seleção fez contra o Paraguai uma dessas exibições que animam qualquer um. Há muito tempo, por exemplo, não via o Clóvis Rossi demonstrar tanto entusiasmo por alguma coisa.
Está certo que a ele cabe há anos comentar sobretudo a política nacional, um terreno esburacado, onde imperam os pernas de pau e situações tenebrosas, como as que tomamos conhecimento ontem por meio da entrevista que Renata Lo Prete fez com o presidente do PTB, Roberto Jefferson.
Felizmente, o assunto aqui é futebol. E embora seja verdade que nossa cartolagem, assim como grande parte de nossos políticos, está mais para as trevas do que para as luzes, não há dúvida de que em campo, na hora de a bola rolar, continuamos capazes de fazer grande arte.
 
Bem, nem tudo foi maravilhoso contra o Paraguai. Houve vacilos e, em alguns momentos, excesso de preciosismo. Robinho e Ronaldinho perderam bolas perigosas -que resultaram em contra-ataques- em tentativas de firulas na hora do passe. É algo a se evitar. A defesa, também, teve lá seus problemas, com Belletti numa tarde sem nenhuma inspiração, e o zagueiro Lúcio um tanto estabanado e imprudente.
É normal que os holofotes tenham se concentrado em Robinho. Foi o primeiro jogo que ele fez na seleção começando como titular. E foi muito bem. Seu entendimento com Ronaldinho é de gente que tem o mesmo DNA de artista da bola. Com Ronaldo no time, o quarteto, que com Adriano já foi infernal, pode ficar ainda melhor. Outros jogadores, porém, se destacaram. Kaká foi um deles.
E Zé Roberto fez um partidaço. Com aplicação e seriedade, é um time para levantar o hexa.
Logo depois do jogo, no entanto, já surgiam os comentários medrosos: "Não podemos jogar tão abertos contra a Argentina"... Ora, como tão abertos? Ganhamos de 4 x 1 do Paraguai e já estamos na Copa. O próprio Parreira disse que a partida em Buenos Aires será um "amistoso de luxo". Então vamos jogar com o luxo! É hora de ir com tudo e observar como esse time se comporta diante de nossos eternos rivais.
Estamos há dez anos sem ganhar dos argentinos lá. E foi por excesso de ofensividade? Foi porque resolvemos jogar com Kaká, Ronaldinho e Robinho no mesmo time? Claro que não. O jogo vai ser duro em qualquer hipótese.
Fosse a partida de amanhã a primeira de uma decisão de título em sistema de ida e volta, talvez jogar mais fechadinho na casa do adversário fosse uma opção. Mas nas atuais circunstâncias, o mais importante, repito, é colocar esse time em dificuldades. Ver como ele reage diante de uma equipe forte, que quer a vitória e vai partir para o ataque.

Vacilo santista
O Santos vacilou contra o Atlético-PR. Tinha tudo para obter pelo menos um empate. Jogou um bom tempo com um homem a mais, mas não aproveitou a vantagem. Ainda é o favorito, mas acho que a torcida colocou a barbinha de molho.

Show tricolor
Já o São Paulo fez uma excelente partida contra o Tigres. Foi um desses jogos em que as coisas começam a dar certo e depois continuam. Rogério Ceni foi decisivo com seus dois gols de falta. Não vou criticá-lo por ter desejado bater o pênalti. Depois dos gols de falta, tinha direito de tentar. O mais importante é que o time jogou sério e garantiu uma enorme vantagem para chegar à semifinal da Libertadores.

E-mail mag-machado@uol.com.br


Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Desacato à autoridade
Próximo Texto: Futebol: Argentina diz que Brasil é "Dream Team"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.