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FUTEBOL
Elogios excessivos dos rivais seduzem jogadores da seleção, mas são vistos com cautela por Carlos Alberto Parreira
Argentina diz que Brasil é "Dream Team"
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
No lugar das tradicionais alfinetadas no rival, elogios e a afirmação de que atualmente o Brasil está melhor. É assim que a seleção
argentina se comporta antes do
confronto com o Brasil.
O maior agrado veio do atacante Crespo. Ele afirmou que o time
de Carlos Alberto Parreira é o
"Dream Team". Já o técnico da seleção argentina, José Pekerman,
afirmou que é necessário reconhecer que a Argentina nem sempre está no melhor nível. "Temos
confiança, mas às vezes temos altos e baixos", declarou. Disse ainda que o Brasil está um grau acima de qualquer time. "Tem que
demonstrar isso na frente da Argentina", completou.
O tom de respeito em relação à
seleção brasileira já havia aparecido em entrevista de Crespo ao
diário local "La Nación". Além de
rotular o Brasil de time dos sonhos, ele afirmou que "é um desafio jogar contra os melhores".
Ontem, Pekerman disse que,
mesmo tendo em mente que o jogo de amanhã tem que ser avaliada em si mesmo, por ser um clássico, é necessário reconhecer que
o Brasil "é o campeão do mundo,
que tem jogadores que estão em
um grandíssimo nível em times
muito importantes do mundo".
Questionado sobre o ponto fraco do Brasil, entretanto, Pekerman falou que o rival "pode ter alguns vazios defensivos, liberar alguns espaços e sofrer problemas".
Do lado brasileiro, parte dos jogadores quer assumir o rótulo de
"Dream Team". Mas a idéia desagrada a Carlos Alberto Parreira.
"Se o Crespo falou que somos o
Time dos Sonhos, ele é um cara
que entende de futebol. Somos
mesmo, e temos que assumir essa
responsabilidade. Aceitar essa
condição não é calçar o salto alto",
declarou o lateral Roberto Carlos.
Kaká, companheiro de Crespo,
já tinha ouvido a afirmação do
atacante na Itália. "Ele fala para
todos que o Brasil tem o melhor
time, os melhores jogadores do
mundo", disse o meia.
Kaká mostrou-se envaidecido
com os elogios do colega. "Mas tenho consciência de que isso não
significa que somos imbatíveis.
Simplesmente somos uma equipe
que todos querem ver jogar."
Sem ouvir as declarações de
seus atletas, Parreira não demonstrou a mesma empolgação
com elogio do argentino.
"Acreditar que somos o Time
dos Sonhos é o começo da derrocada. Temos muito trabalho ainda pela frente", declarou.
Porém ele diz que a equipe só
não consegue alcançar de fato o
status apregoado por Crespo por
causa de problemas estruturais
enfrentados pelo futebol brasileiro. Aponta como o principal deles
a falta de tempo para treinar.
"Se conseguirmos manter esse
time junto, trabalhando por mais
tempo, aí vai ser uma equipe difícil de ser batida", declarou.
O agrado do argentino não foi o
único dos adversários nos últimos
dias. Até Maradona, histórico rival do Brasil, rasgou seda para a
seleção recentemente, especialmente para Ronaldinho, Ronaldo
e Roberto Carlos.
Desde que chegou a Buenos Aires, anteontem à noite, a seleção
não sentiu a temida hostilidade
dos torcedores rivais. Não sofreu
pressão no aeroporto nem hotel
nem no treinamento que fez ontem no CT do Boca Juniors.
Colaborou Ricardo Perrone,
enviado especial a Buenos Aires
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