São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2005

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FUTEBOL

Elogios excessivos dos rivais seduzem jogadores da seleção, mas são vistos com cautela por Carlos Alberto Parreira

Argentina diz que Brasil é "Dream Team"

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

No lugar das tradicionais alfinetadas no rival, elogios e a afirmação de que atualmente o Brasil está melhor. É assim que a seleção argentina se comporta antes do confronto com o Brasil.
O maior agrado veio do atacante Crespo. Ele afirmou que o time de Carlos Alberto Parreira é o "Dream Team". Já o técnico da seleção argentina, José Pekerman, afirmou que é necessário reconhecer que a Argentina nem sempre está no melhor nível. "Temos confiança, mas às vezes temos altos e baixos", declarou. Disse ainda que o Brasil está um grau acima de qualquer time. "Tem que demonstrar isso na frente da Argentina", completou.
O tom de respeito em relação à seleção brasileira já havia aparecido em entrevista de Crespo ao diário local "La Nación". Além de rotular o Brasil de time dos sonhos, ele afirmou que "é um desafio jogar contra os melhores".
Ontem, Pekerman disse que, mesmo tendo em mente que o jogo de amanhã tem que ser avaliada em si mesmo, por ser um clássico, é necessário reconhecer que o Brasil "é o campeão do mundo, que tem jogadores que estão em um grandíssimo nível em times muito importantes do mundo".
Questionado sobre o ponto fraco do Brasil, entretanto, Pekerman falou que o rival "pode ter alguns vazios defensivos, liberar alguns espaços e sofrer problemas".
Do lado brasileiro, parte dos jogadores quer assumir o rótulo de "Dream Team". Mas a idéia desagrada a Carlos Alberto Parreira.
"Se o Crespo falou que somos o Time dos Sonhos, ele é um cara que entende de futebol. Somos mesmo, e temos que assumir essa responsabilidade. Aceitar essa condição não é calçar o salto alto", declarou o lateral Roberto Carlos.
Kaká, companheiro de Crespo, já tinha ouvido a afirmação do atacante na Itália. "Ele fala para todos que o Brasil tem o melhor time, os melhores jogadores do mundo", disse o meia.
Kaká mostrou-se envaidecido com os elogios do colega. "Mas tenho consciência de que isso não significa que somos imbatíveis. Simplesmente somos uma equipe que todos querem ver jogar."
Sem ouvir as declarações de seus atletas, Parreira não demonstrou a mesma empolgação com elogio do argentino.
"Acreditar que somos o Time dos Sonhos é o começo da derrocada. Temos muito trabalho ainda pela frente", declarou.
Porém ele diz que a equipe só não consegue alcançar de fato o status apregoado por Crespo por causa de problemas estruturais enfrentados pelo futebol brasileiro. Aponta como o principal deles a falta de tempo para treinar.
"Se conseguirmos manter esse time junto, trabalhando por mais tempo, aí vai ser uma equipe difícil de ser batida", declarou.
O agrado do argentino não foi o único dos adversários nos últimos dias. Até Maradona, histórico rival do Brasil, rasgou seda para a seleção recentemente, especialmente para Ronaldinho, Ronaldo e Roberto Carlos.
Desde que chegou a Buenos Aires, anteontem à noite, a seleção não sentiu a temida hostilidade dos torcedores rivais. Não sofreu pressão no aeroporto nem hotel nem no treinamento que fez ontem no CT do Boca Juniors.


Colaborou Ricardo Perrone, enviado especial a Buenos Aires

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