São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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COPA 2006

S.O.S Ronaldinho

Preocupado com apatia de Ronaldinho dentro e fora de campo, Parreira lança cruzada para resgatar a alegria do melhor do mundo na última semana antes da estréia

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KÖNIGSTEIN

Carlos Alberto Parreira está preocupado com a falta de alegria dentro do campo de sua maior estrela na seleção. E ele tem bons motivos mesmo para gastar seu tempo com isso.
Ronaldinho, 26, passa pela maior seca de gols da sua carreira com a camisa da seleção. O drible, uma das essências de seu jogo, rareou. O Datafolha atesta ainda a queda de produção do astro do Barcelona em outros fundamentos essenciais para seu bom desempenho.
E o pior de tudo é que isso aconteceu contra adversários muito fracos, que serviram para engordar as estatísticas positivas do time nacional e de praticamente todos os seus jogadores. Ronaldo, por exemplo, marcou nos dois jogos em que o xará passou em branco.
Ronaldinho, que teve nesta temporada seu melhor desempenho na artilharia como jogador do Barcelona, não foi capaz de fazer um único gol contra Sevilla, Venezuela, Emirados Árabes Unidos, Lucerna e Nova Zelândia, partidas em que o Brasil foi às redes nada menos do que 24 vezes.
Ele já havia ficado cinco jogos sem marcar, em 2003, mas o último gol na ocasião acontecera com um tempo maior de jogo. Na atual seca, Ronaldinho marcou pela última vez na final da Copa das Confederações da Alemanha, contra a Argentina, em junho do ano passado, aos 2min do segundo tempo.
Para explicar a dificuldade que muitas vezes a seleção e ele têm para fazer gols, o meia aponta a retranca dos adversários que jogam contra o Brasil. "Todo mundo que joga com a gente é muito defensivo".
Para tirar o pé da lama, o astro tem palavras de incentivo do chefe, que jura dar a ele a mesma liberdade que o duas vezes melhor do mundo pela Fifa goza no Barcelona, atual campeão espanhol e da Europa.
"Falei com o Ronaldinho. Ele não pode mudar seu estilo. Não pode perder a alegria de jogar. Ele está encorajado e incentivado a usar todo seu repertório de jogadas na Copa do Mundo. Não pode ser diferente", disse Parreira, que faz outras coisas para proteger o seu camisa 10.
A mais nítida delas é evitar as comparações com Kaká.
Os dois fazem funções bastante parecidas, mas o meia milanista sobra em campo com a camisa da seleção enquanto o barcelonista está escondido.
Logo no começo da preparação final para a Copa, ainda na Suíça, a comissão técnica da seleção, incluindo médico e preparadores físicos, disse que o jogador poderia até ficar fora dos treinos para ser preservado, mesmo ele não sendo na seleção o titular que mais jogou na última temporada européia.
O meia agradece o apoio e as palavras do treinador. "O Parreira sempre me deixou muito à vontade, sempre procurou dar a mesma responsabilidade a todos. Nós conversamos sobre tudo", falou o jogador.
Ronaldinho diz que na seleção brasileira seu maior objetivo é servir os companheiros (novamente prometeu ajudar Ronaldo voltar a ser o melhor do planeta) e não fazer gols, mas no primeiro ponto ele também vai mal nos últimos meses.
Nos jogos contra Venezuela, Emirados Árabes Unidos e Nova Zelândia, conseguiu dez dribles. Só na partida contra a Argentina pela Copa das Confederações, a mais cintilante apresentação da seleção na era Parreira (goleada histórica por 4 a 1), driblou 12 vezes.
Na mesma competição, ele fintou os adversários japoneses dez vezes, numa partida em que também marcou um gol.
Contra esses mesmos três fracos adversários, Ronaldinho finalizou só sete vezes, e nenhuma delas na direção certa.
Ontem, Ronaldinho e a seleção fizeram seu primeiro treino em solo alemão. A estréia brasileira na Copa do Mundo acontece na próxima terça-feira, em Berlim, contra a Croácia.


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