|
Próximo Texto | Índice
COPA 2006
S.O.S Ronaldinho
Preocupado com apatia de Ronaldinho dentro e fora de campo, Parreira lança cruzada para resgatar a alegria do melhor do mundo na última semana antes da estréia
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KÖNIGSTEIN
Carlos Alberto Parreira está
preocupado com a falta de alegria dentro do campo de sua
maior estrela na seleção. E ele
tem bons motivos mesmo para
gastar seu tempo com isso.
Ronaldinho, 26, passa pela
maior seca de gols da sua carreira com a camisa da seleção.
O drible, uma das essências de
seu jogo, rareou. O Datafolha
atesta ainda a queda de produção do astro do Barcelona em
outros fundamentos essenciais
para seu bom desempenho.
E o pior de tudo é que isso
aconteceu contra adversários
muito fracos, que serviram para engordar as estatísticas positivas do time nacional e de praticamente todos os seus jogadores. Ronaldo, por exemplo,
marcou nos dois jogos em que o
xará passou em branco.
Ronaldinho, que teve nesta
temporada seu melhor desempenho na artilharia como jogador do Barcelona, não foi capaz
de fazer um único gol contra
Sevilla, Venezuela, Emirados
Árabes Unidos, Lucerna e Nova
Zelândia, partidas em que o
Brasil foi às redes nada menos
do que 24 vezes.
Ele já havia ficado cinco jogos
sem marcar, em 2003, mas o último gol na ocasião acontecera
com um tempo maior de jogo.
Na atual seca, Ronaldinho marcou pela última vez na final da
Copa das Confederações da
Alemanha, contra a Argentina,
em junho do ano passado, aos
2min do segundo tempo.
Para explicar a dificuldade
que muitas vezes a seleção e ele
têm para fazer gols, o meia
aponta a retranca dos adversários que jogam contra o Brasil.
"Todo mundo que joga com a
gente é muito defensivo".
Para tirar o pé da lama, o astro tem palavras de incentivo
do chefe, que jura dar a ele a
mesma liberdade que o duas
vezes melhor do mundo pela
Fifa goza no Barcelona, atual
campeão espanhol e da Europa.
"Falei com o Ronaldinho. Ele
não pode mudar seu estilo. Não
pode perder a alegria de jogar.
Ele está encorajado e incentivado a usar todo seu repertório
de jogadas na Copa do Mundo.
Não pode ser diferente", disse
Parreira, que faz outras coisas
para proteger o seu camisa 10.
A mais nítida delas é evitar as
comparações com Kaká.
Os dois fazem funções bastante parecidas, mas o meia milanista sobra em campo com a
camisa da seleção enquanto o
barcelonista está escondido.
Logo no começo da preparação final para a Copa, ainda na
Suíça, a comissão técnica da seleção, incluindo médico e preparadores físicos, disse que o
jogador poderia até ficar fora
dos treinos para ser preservado, mesmo ele não sendo na seleção o titular que mais jogou
na última temporada européia.
O meia agradece o apoio e as
palavras do treinador. "O Parreira sempre me deixou muito
à vontade, sempre procurou
dar a mesma responsabilidade
a todos. Nós conversamos sobre tudo", falou o jogador.
Ronaldinho diz que na seleção brasileira seu maior objetivo é servir os companheiros
(novamente prometeu ajudar
Ronaldo voltar a ser o melhor
do planeta) e não fazer gols,
mas no primeiro ponto ele também vai mal nos últimos meses.
Nos jogos contra Venezuela,
Emirados Árabes Unidos e Nova Zelândia, conseguiu dez dribles. Só na partida contra a Argentina pela Copa das Confederações, a mais cintilante apresentação da seleção na era Parreira (goleada histórica por 4 a
1), driblou 12 vezes.
Na mesma competição, ele
fintou os adversários japoneses
dez vezes, numa partida em que
também marcou um gol.
Contra esses mesmos três
fracos adversários, Ronaldinho
finalizou só sete vezes, e nenhuma delas na direção certa.
Ontem, Ronaldinho e a seleção fizeram seu primeiro treino
em solo alemão. A estréia brasileira na Copa do Mundo acontece na próxima terça-feira, em
Berlim, contra a Croácia.
Próximo Texto: Para meia, responsabilidade não é peso, mas motivação Índice
|