São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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Corinthians, em 5 meses, torra 78% da verba de 2007

De janeiro até agora, clube já consumiu R$ 31 milhões dos R$ 40 milhões que estão previstos para toda a temporada

Diretoria, que tem fôlego para pagar só mais 120 dias de salários, afirma que usou 62% do dinheiro e atribui gastança a ex-treinador


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 2007, o Corinthians aumentou a voracidade com que avança em suas receitas a ponto de já ter consumido, em menos de seis meses, 77,5% dos valores que tem a receber para o ano inteiro. Isso levando-se em conta as suas principais fontes de obtenção de verbas: as cotas do Clube dos 13 e dos patrocínios de Nike e Samsung.
A Folha apurou que, entre antecipações e as cotas pagas regularmente, por mês, os corintianos já comprometeram R$ 31 milhões dos R$ 40 milhões que teriam para receber dessas fontes até dezembro.
Só em antecipações perante C13, Nike e Samsung, foram R$ 11 milhões -verba obtida graças à liberação da MSI, que é quem tem o direito às cotas pelo contrato de parceria. A quantia é quase igual à que aparece no balanço de 2006 como empréstimos no C13 e na federação paulista: R$ 10,9 milhões.
A diretoria afirma que o consumo das receitas atinge menos: 62%. E que não pode fazer previsão sobre o dinheiro que receberá no segundo semestre porque negocia novo contrato de patrocínio na camisa.
Os cartolas transferem a culpa pelos adiantamentos a quem estava em campo e no banco de reservas até pouco tempo atrás. "Estamos vivendo um momento difícil por causa daquela situação toda que vem do ano passado, dos gastos com o Leão e outros jogadores caros", diz o vice financeiro do clube, Emerson Piovezan.
Ele se refere ao ex-treinador Emerson Leão, que ganhava R$ 500 mil mensais, e a atletas como Roger (cerca de R$ 130 mil mensais), contratado pela MSI, que ainda continuam no clube. Como não encontra equipes interessadas neles, o Corinthians segue bancando os salários dos encostados -os sete afastados custam cerca de R$ 500 mil mensais, mais do que o gasto com seus atuais titulares.
Nilmar, que se recupera de lesão, também ganha mais que os 11 de Carpegiani juntos.
O clube praticamente acertou um acordo com a maioria dos afastados para rescindir os contratos. Receberão, parceladamente, valores menores do que os salários, como indenização. Roger não está no pacote.
Os encostados ofuscaram a redução na folha salarial. Segundo a diretoria, a despesa com salários não atinge R$ 2 milhões. Até a saída de Leão, em abril, eram R$ 3,8 milhões.
Além do encalhe de jogadores, Piovezan fala que a contratação de reforços provocou a situação atual. A aquisição de seis deles, por exemplo, consumiu quase toda a receita da TV.
Foi um dos motivos para o clube negociar com a Nike a antecipação de R$ 1,25 milhão, a terceira de quatro parcelas do contrato. Da Samsung, o clube adiantou cerca de R$ 2 milhões; do C13, R$ 8 milhões.
A comparação do momento atual com os seis primeiros meses do ano passado revela um abismo. Ainda com a MSI injetando dinheiro, o Corinthians não fez antecipações na primeira metade de 2006.
Piovezan diz não se preocupar. "Como eram receitas a que tínhamos direito e hoje já teriam sido pagas mesmo, não conto como antecipação."
Uma das esperanças dos cartolas é conseguir um novo patrocinador, que pague mais do que os cerca de R$ 14 milhões anuais concedidos pela Samsung, que tem contrato até agosto e não deve renovar. Se não arranjar mais receitas, será difícil para o clube pagar os salários até o final do ano. Os R$ 9 milhões que tem a receber sustentam só quatro meses.


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