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Dunga condena estilo que ditou sua carreira de jogador
Treinador critica Uruguai por pegada sem a bola e diz que seleção celeste dá mais trabalho quando joga tecnicamente
Técnico evita exaltar defesa, diz que goleada foi apenas uma "boa vitória" e avalia que o trabalho coletivo foi essencial para o futebol arte
DOS ENVIADOS A MONTEVIDÉU
Sem fazer alarde sobre o resultado de ontem em Montevidéu, o qual classificou apenas
como uma "boa vitória", o técnico Dunga criticou os uruguaios pelo estilo de jogo pegado, justamente o que marcou
sua carreira como jogador.
"O Brasil ganhou porque jogou futebol. O Uruguai nos deu
muito mais trabalho no Morumbi [em 2007, no primeiro
turno das eliminatórias], onde
jogou muito mais tecnicamente, do que hoje", afirmou.
Em defesa sutil do futebol arte, Dunga disse ser preciso "parar com aquele enigma de que,
contra o Brasil, se bater, se tiver
raça", vence. "Nossos jogadores
tiveram garra, raça, força e técnica. Futebol não é bater."
Para o técnico, os uruguaios
abusaram de faltas sem bola.
"Se olharem pela TV, verão
muitas pegadas sem bola. Hoje,
no futebol moderno, com televisão, são todos profissionais.
Não se pode bater sem bola."
Mas, segundo o Datafolha, o
Uruguai fez menos faltas -cometeu 15, contra 17 do Brasil.
Mesmo com os cerca de
2.000 torcedores brasileiros situados bem atrás do banco de
reservas da seleção, Dunga não
foi exaltado pela torcida em nenhum momento da goleada.
O técnico disse que a defesa
foi "muito bem", mas afirmou
não acreditar que o Brasil tenha ido melhor nesse setor
-afirmou que a atuação foi
equilibrada. "Falar que só a
parte defensiva funcionou
quando o ataque fez quatro gols
é meio irônico, sem sentido."
Ao eleger o que pesou mais
para o resultado, Dunga destacou o trabalho coletivo em detrimento das qualidades individuais. "A gente mantém sempre uma estrutura da equipe
que já joga há muito tempo, e
isso facilita." Ressaltou ainda a
"conscientização" dos jogadores que "dão o melhor de si."
Robinho reconheceu que não
jogou o futebol pelo qual é conhecido. "Não brilhei com dribles, mas fui importante para o
time, inclusive na marcação."
Luis Fabiano ressaltou que a falha do goleiro uruguaio no primeiro gol facilitou as coisas para o Brasil. "A gente não veio
aqui para empatar. O Brasil não
tem essa característica. O goleiro deles foi infeliz, e foi mais fácil jogar depois disso."
Dunga não antecipou quem
será o substituto de Luis Fabiano, expulso. Em Recife, hoje, a
seleção trabalhará pouco. Os titulares devem fazer exercícios
em uma academia.
Kaká só deve anunciar amanhã sua transferência para o
Real Madrid -ele continua
sem falar sobre o tema.
O time embarca para a África
do Sul, onde joga a Copa das
Confederações, logo depois do
jogo contra o Paraguai.
(PAULO COBOS E THIAGO GUIMARÃES)
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