São Paulo, domingo, 07 de junho de 2009

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Dunga condena estilo que ditou sua carreira de jogador

Treinador critica Uruguai por pegada sem a bola e diz que seleção celeste dá mais trabalho quando joga tecnicamente

Técnico evita exaltar defesa, diz que goleada foi apenas uma "boa vitória" e avalia que o trabalho coletivo foi essencial para o futebol arte

DOS ENVIADOS A MONTEVIDÉU

Sem fazer alarde sobre o resultado de ontem em Montevidéu, o qual classificou apenas como uma "boa vitória", o técnico Dunga criticou os uruguaios pelo estilo de jogo pegado, justamente o que marcou sua carreira como jogador.
"O Brasil ganhou porque jogou futebol. O Uruguai nos deu muito mais trabalho no Morumbi [em 2007, no primeiro turno das eliminatórias], onde jogou muito mais tecnicamente, do que hoje", afirmou.
Em defesa sutil do futebol arte, Dunga disse ser preciso "parar com aquele enigma de que, contra o Brasil, se bater, se tiver raça", vence. "Nossos jogadores tiveram garra, raça, força e técnica. Futebol não é bater."
Para o técnico, os uruguaios abusaram de faltas sem bola. "Se olharem pela TV, verão muitas pegadas sem bola. Hoje, no futebol moderno, com televisão, são todos profissionais. Não se pode bater sem bola."
Mas, segundo o Datafolha, o Uruguai fez menos faltas -cometeu 15, contra 17 do Brasil.
Mesmo com os cerca de 2.000 torcedores brasileiros situados bem atrás do banco de reservas da seleção, Dunga não foi exaltado pela torcida em nenhum momento da goleada.
O técnico disse que a defesa foi "muito bem", mas afirmou não acreditar que o Brasil tenha ido melhor nesse setor -afirmou que a atuação foi equilibrada. "Falar que só a parte defensiva funcionou quando o ataque fez quatro gols é meio irônico, sem sentido."
Ao eleger o que pesou mais para o resultado, Dunga destacou o trabalho coletivo em detrimento das qualidades individuais. "A gente mantém sempre uma estrutura da equipe que já joga há muito tempo, e isso facilita." Ressaltou ainda a "conscientização" dos jogadores que "dão o melhor de si."
Robinho reconheceu que não jogou o futebol pelo qual é conhecido. "Não brilhei com dribles, mas fui importante para o time, inclusive na marcação." Luis Fabiano ressaltou que a falha do goleiro uruguaio no primeiro gol facilitou as coisas para o Brasil. "A gente não veio aqui para empatar. O Brasil não tem essa característica. O goleiro deles foi infeliz, e foi mais fácil jogar depois disso."
Dunga não antecipou quem será o substituto de Luis Fabiano, expulso. Em Recife, hoje, a seleção trabalhará pouco. Os titulares devem fazer exercícios em uma academia.
Kaká só deve anunciar amanhã sua transferência para o Real Madrid -ele continua sem falar sobre o tema.
O time embarca para a África do Sul, onde joga a Copa das Confederações, logo depois do jogo contra o Paraguai. (PAULO COBOS E THIAGO GUIMARÃES)

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