|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Política, de novo, define jogo do Brasil
De olho em eleição, presidente da Tanzânia leva equipe de Dunga
DOS ENVIADOS A DAR EL SALAAM
Mais uma vez os anseios
políticos ajudaram a ditar o
caminho percorrido pela seleção brasileira na África.
Assim como ocorreu no
Zimbábue, do ditador Robert
Mugabe, o time de Dunga deve servir de propaganda para
o atual presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete.
Com a proximidade das
eleições no final deste ano,
ele coordenou pessoalmente
as negociações para levar os
brasileiros pela primeira vez
na história a seu país. Apesar
de o regime ser democrático
na Tanzânia, há a suspeita de
ter havido manipulação de
votos nas últimas eleições.
Para conseguir desfilar a
cobiçada seleção brasileira,
Kikwete se apoiou nas boas
relações que seu governo
mantém com o Itamaraty.
Em 2006, após se eleger
presidente, iniciou um trabalho para tentar alavancar o
futebol local, promessa de
campanha. Como resultado,
firmou um termo de cooperação com o governo brasileiro.
Levou para comandar a seleção nacional o técnico brasileiro Márcio Máximo, pouco conhecido no Brasil, além
do preparador físico Itamar
Amorim, que acabou, depois, dirigindo o Azam AC,
principal clube local.
Dois anos depois, chegou
Rodrigo Stockler para auxiliar Máximo na seleção. Ele
acumulou também as funções de técnico das equipes
sub-20 e sub-17 da Tanzânia.
Stockler diz que, graças às
boas relações políticas entre
os países, a negociação para
levar o Brasil ao país africano
começou em 2009, antes da
Copa das Confederações.
Márcio Máximo e Américo
Faria, supervisor da seleção,
reuniram-se, mas não conseguiram viabilizar o amistoso
à época. Com o sorteio dos
grupos da Copa-10 e a definição de Costa do Marfim como
adversário brasileiro, o jogo
voltou a ganhar força.
"Criou-se o ambiente para
isso. O Dunga queria enfrentar uma seleção africana, e o
presidente, pensando na
eleição, entrou na negociação. Dois advogados da CBF
vieram aqui e acertaram",
declarou Stockler.
"O presidente realmente
fez isso acontecer. Estava entusiasmado e moveu todas as
peças de nossa máquina para esse sonho se tornar real",
disse o presidente da federação local, Leodegar Tenga.
(EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)
Texto Anterior: Prancheta do PVC: Transição maldita Próximo Texto: Samba e marchinhas animam treinamento Índice
|