São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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Política, de novo, define jogo do Brasil

De olho em eleição, presidente da Tanzânia leva equipe de Dunga

DOS ENVIADOS A DAR EL SALAAM

Mais uma vez os anseios políticos ajudaram a ditar o caminho percorrido pela seleção brasileira na África.
Assim como ocorreu no Zimbábue, do ditador Robert Mugabe, o time de Dunga deve servir de propaganda para o atual presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete.
Com a proximidade das eleições no final deste ano, ele coordenou pessoalmente as negociações para levar os brasileiros pela primeira vez na história a seu país. Apesar de o regime ser democrático na Tanzânia, há a suspeita de ter havido manipulação de votos nas últimas eleições.
Para conseguir desfilar a cobiçada seleção brasileira, Kikwete se apoiou nas boas relações que seu governo mantém com o Itamaraty.
Em 2006, após se eleger presidente, iniciou um trabalho para tentar alavancar o futebol local, promessa de campanha. Como resultado, firmou um termo de cooperação com o governo brasileiro.
Levou para comandar a seleção nacional o técnico brasileiro Márcio Máximo, pouco conhecido no Brasil, além do preparador físico Itamar Amorim, que acabou, depois, dirigindo o Azam AC, principal clube local.
Dois anos depois, chegou Rodrigo Stockler para auxiliar Máximo na seleção. Ele acumulou também as funções de técnico das equipes sub-20 e sub-17 da Tanzânia.
Stockler diz que, graças às boas relações políticas entre os países, a negociação para levar o Brasil ao país africano começou em 2009, antes da Copa das Confederações.
Márcio Máximo e Américo Faria, supervisor da seleção, reuniram-se, mas não conseguiram viabilizar o amistoso à época. Com o sorteio dos grupos da Copa-10 e a definição de Costa do Marfim como adversário brasileiro, o jogo voltou a ganhar força.
"Criou-se o ambiente para isso. O Dunga queria enfrentar uma seleção africana, e o presidente, pensando na eleição, entrou na negociação. Dois advogados da CBF vieram aqui e acertaram", declarou Stockler.
"O presidente realmente fez isso acontecer. Estava entusiasmado e moveu todas as peças de nossa máquina para esse sonho se tornar real", disse o presidente da federação local, Leodegar Tenga.
(EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)


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