São Paulo, domingo, 07 de julho de 2002

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FUTEBOL

A brincadeira acabou

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana depois do penta.
Ainda há clima no país e no resto do mundo para discutir o histórico episódio. A coluna, que não deu seu parecer sobre a conquista brasileira, faz aqui seu registro do evento, especialmente para atender aos leitores que nas últimas semanas me mandaram trechos de antigos textos elogiosos a Argentina, França, Portugal...
O Mundial foi decidido nas eliminatórias. O Brasil brincou no qualificatório, essa é a verdade. Houve uma acomodação, até natural, na disputa, que classificava praticamente metade dos participantes (disputa?). Qual é a vantagem de ganhar a vaga para a Copa em primeiro ou em quarto lugar? Nunca de fato a classificação esteve ameaçada. Com muito pessimismo, no pior momento, a seleção jogaria uma repescagem.
O vexame na Copa América, depreciada por quase todos, ainda mais devido aos problemas na Colômbia, foi grande, mas não era o time principal do Brasil que estava em campo, apenas sua famosa camisa, vítima de piada.
As gozações, as críticas e o menosprezo dentro e fora do país alimentaram a seleção brasileira no caminho até o título. Nas mãos de um treinador motivador, o resultado foi o que todos viram. O Mundial é um torneio curto. Talvez se todos jogassem contra todos o Brasil não fosse campeão (do jeito que foi, bem que poderiam ser 31 vitórias também).
Tabela favorável, grupo fraco, adversários com problemas, árbitros amigos, nível técnico questionável... tudo contribuiu um pouco para um título tranquilo (foi mesmo fácil) da seleção. Mas o fato (muito estranho) de correr por fora deixou o Brasil à vontade.
A defesa era vulnerável, mas nunca foi peneira. Os jogadores de frente viveram fases negativas e contusões, mas sempre tiveram qualidade bem acima da média.
Normalmente, o Brasil só perde a Copa do Mundo quando brinca. Desta vez, levou a sério, como nunca antes -por isso Luiz Felipe Scolari disse que é o time mais aguerrido de todos os tempos.
A seleção, naquilo que talvez mais a diferencie de outras, não perde jogo tolo em Copa. Depois da Segunda Guerra, só timaço parou a seleção: Uruguai, máquina húngara, Portugal de Eusébio, carrossel holandês, Argentina, Itália, França (a de 98 era boa).
Dizer que o Brasil só perde para si mesmo, que os outros são babas, que os europeus são todos cintura-dura é exagero, ufanismo. Mas é inegável que é difícil missão para os estrangeiros impedir a seleção de chegar ao título.
O que falar dos rivais (dois são ainda adversários do mesmo nível, no mínimo, do Brasil)?
A França certamente pagou um preço muito alto na primeira fase. Nas três partidas, por incrível que pareça, a equipe não jogou mal. Sem Zidane, contra uma arbitragem rigorosa e adversários perigosos, foi castigada. Acidente.
A Argentina, mexida em relação às eliminatórias (esse foi o erro), colheu três resultados altamente possíveis para quem estava no grupo da morte. Não bastou.
Itália (terceira mais cotada) e Espanha (que pintava bem) pararam no apito. A Inglaterra, justiça seja feita, foi sempre mais nome e marketing. A Alemanha fez mais do que pôde. Portugal ruiu por um jogo ruim, contra os EUA.
Agora é de novo todos contra o Brasil, mais uma vez o time a ser vencido. A hegemonia brasileira, que assusta a Fifa, está mais sólida que nunca. Será brincadeira?

2006
Abertura dia 9 de junho, com o Brasil, campeão, atuando (basta passar pelas eliminatórias, nos mesmos moldes da anterior). Final deve ser em Berlim, com a presença da Alemanha, em 9 de julho.

2010
No final deste ano, são definidas as regras para candidaturas. Para viabilizar de vez a Copa na África, novamente o Mundial pode ter duas sedes (África do Sul está garantida).

2014
O rodízio de continentes está aprovado, mas esse, extraoficalmente, prevê um torneio na Europa e outro fora. Inglaterra é a favorita. Espanha, sozinha, e Bélgica e Holanda, juntas, são outras opções.

2018
Brasil.

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