Carls de Souza/France Presse

Nadal celebra após o último ponto na final de ontem

Principal especialista no saibro conquista Wimbledon ao superar o pentacampeão Roger Federer em decisão épica

Espanhol é 3º homem na era profissional a vencer Roland Garros e o Grand Slam sobre grama no mesmo ano e impede recorde de suíço

DA REPORTAGEM LOCAL

Foram necessários 4 horas, 48 minutos e 62 games (a mais longa final masculina de Wimbledon) para que Rafael Nadal, 22, destronasse o "melhor da história" e conquistasse, de maneira épica, o título do mais tradicional torneio de tênis.
"É impossível explicar o que sinto neste momento", disse Nadal, após receber o troféu de campeão do duque de Kent. "Para mim, é um sonho jogar este torneio. Mas eu nunca imaginei algo como isso."
Especialista no saibro, o espanhol impôs a Roger Federer, o "rei da grama", a primeira derrota na superfície desde 2002, encerrando série recorde de 65 vitórias seguidas, e fez questão de elogiar o rival.
"É uma pena para mim ser contemporâneo do melhor jogador da história, Roger Federer", afirmou Nadal, que foi batido pelo suíço nas decisões dos dois últimos anos. "A atitude dele é sempre excelente, quando ele ganha e quando ele perde. Então gostaria de agradecê-lo muito, Roger", completou.
Com 6/4, 6/4, 6/7 (5/7), 6/7 (8/10) e 9/7, Nadal se tornou o terceiro homem na Era Aberta (profissionalismo) a conquistar Roland Garros e Wimbledon na mesma temporada, igualando os feitos de Rod Laver (1969) e Bjorn Borg (1978 a 1980).
Foi também a primeira vez que um tenista espanhol conquistou Wimbledon desde Manolo Santana, em 1966.
Em uma partida que começou atrasada e teve duas paralisações provocadas pela chuva, Nadal conseguiu abrir 2 sets 0 e teve grande chance de fechar a partida ainda no quarto set.
Chegou a abrir vantagem de 5 a 2 no tie-break, mas permitiu que Federer marcasse quatro pontos na seqüência. O espanhol ainda desperdiçou dois match points antes de ver o suíço fechar em 10/8 e empatar.
O set decisivo foi muito equilibrado. A única quebra da parcial foi obtida no saque de Federer, quando o placar marcava 7/7 (não há tie-break no quinto set). No 16º game, Nadal precisou de mais dois match points para selar a vitória por 9/7.
Ao ver a rebatida de Federer parar na rede, Nadal caiu na grama e, após cumprimentar Federer, escalou a tribuna para festejar com sua equipe. Ele ainda saudou o príncipe Felipe, da Espanha.
"Foi, de longe, a minha pior derrota", afirmou Federer, que não havia cedido nenhum set e só havia perdido o saque em duas oportunidades em sua caminhada até a final.
"Rafa é o campeão com méritos. Ele jogou de maneira fantástica. É o pior adversário na melhor quadra", completou o líder do ranking, que no mês passado foi batido por Nadal na final em Roland Garros.
Com a derrota, o suíço perdeu a chance de igualar a marca de William Renshaw, que conquistou seis títulos consecutivos (1881 a 1886), e de Borg, de 41 vitórias seguidas em Wimbledon. Como Federer, o pentacampeão sueco também perdeu a final quando tentava seu sexto troféu -o suíço soma uma vitória a menos por ter avançado por W.O. em uma rodada em 2007, o que não entra na contagem como triunfo.
Federer apenas lamentou a partida, que terminou às 21h30 locais, não ter sido suspensa por falta de iluminação.


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