Piloto roda cinco vezes no asfalto molhado de Silverstone e equipe ainda falha na escolha de pneus

Vitória de Hamilton em casa coloca piloto inglês na ponta do Mundial de F-1, mas com os mesmos 48 pontos do brasileiro e de Raikkonen

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SILVERSTONE

"Não foi só uma corrida para esquecer, foi um final de semana para esquecer." Foram essas as primeiras palavras de Felipe Massa em sua entrevista no motorhome da Ferrari ontem.
Não era para menos. Vivendo a melhor fase de sua carreira, esteve irreconhecível em Silverstone. Rodou cinco vezes e completou o GP da Inglaterra em 13º e último, culpa também da péssima estratégia escolhida pela escuderia italiana.
Como se não bastasse, o piloto brasileiro ainda viu Lewis Hamilton vencer em casa e roubar-lhe a liderança do Mundial, que nas duas últimas semanas esteve em suas mãos.
"Eu errei, a equipe errou", lamentou ele, agora segundo na classificação com os mesmos 48 pontos do piloto da McLaren, que leva vantagem no critério de desempate -Kimi Raikkonen, quarto colocado ontem, vem em terceiro, também com 48 pontos.
As coisas começaram a dar errado para Massa já na sexta-feira. Durante a primeira sessão de treinos livres, derrapou em óleo deixado na pista, bateu forte e danificou seu carro. A partir daí, teve de usar o reserva, preparado às pressas.
Na classificação, novo problema. No momento de trocar os pneus e partir para marcar tempo, um mecânico não conseguiu travar uma das rodas, fazendo com que ele se atrasasse e não abrisse sua volta a tempo. Resultado, nono no grid.
Ontem, com a pista molhada, mas sem chuva, até largou bem e conseguiu ganhar duas posições, mas na Abbey, a 11ª curva do circuito, rodou. Despencou para 17º e penúltimo. Duas voltas depois, perdeu o controle do carro novamente, assumindo enfim a última colocação.
Depois disso fez duas ultrapassagens até o momento de seu pit stop. Foi justamente aí que a estratégia o prejudicou.
"Decidimos manter os pneus intermediários porque a pista estava secando e a nossa previsão não indicava que fosse chover", explicou Massa.
Mas, após duas voltas, começou a chover forte. Ao invés de trocar para compostos de chuva quando voltou aos boxes sete voltas depois, a Ferrari manteve os intermediários, já que o tempo havia melhorado.
"Foi uma decisão em conjunto. Pelas condições da pista eu diria para manter os intermediários." Cinco voltas depois, porém, a chuva voltou. E ficou impossível para Massa se segurar na pista. Rodou na volta seguinte. E outras duas vezes até receber a bandeirada final, duas voltas atrás do vencedor, Hamilton -Nick Heidfeld, da BMW, foi o segundo colocado e Rubens Barrichello, da Honda, fechou o pódio em terceiro.
"Eu mal conseguia segurar o carro nas retas. Quando tinha muita água na pista ele ficava muito instável, especialmente quando eu acelerava", justificou o ferrarista. "Às vezes nada funciona, e hoje [ontem] foi um desses dias. Mas, pensando em termos de classificação, o resultado não foi tão desastroso como poderia ter sido."
Sobre a seqüência de erros da Ferrari na temporada -Raikkonen também foi prejudicado pela estratégia ontem-, Massa foi direto. "Erramos bastante, mas é fácil falar depois que as coisas acontecem. Na hora de tomar uma decisão na corrida, as coisas não são fáceis."


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