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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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Equipe coleciona fracassos em provas de velocidade e campo e vê conquista de medalhas nas de fundo e meio-fundo

"Quenianos" seguram a onda do atletismo

DA REPORTAGEM LOCAL

O desempenho da equipe brasileira nas provas de atletismo de Santo Domingo mostra uma tendência: o Brasil virou uma espécie de Quênia das Américas.
No Pan, os brasileiros, que nos últimos anos se consagraram em competições de velocidade e campo, conquistaram suas quatro medalhas até agora em provas de fundo e meio-fundo (mais de 800 m), searas do país africano.
As duas últimas foram obtidas ontem nos 800 m, prova histórica para o país -em 1984, Joaquim Cruz ganhou o ouro olímpico. Osmar Barbosa ficou com a prata (1min45s64) e Fabiano Peçanha com o bronze (1min46s39). A vitória foi do canadense Achraf Tadili, que marcou 1min45s05.
Para superar esse número de conquistas nos eventos de velocidade, o Brasil precisará conseguir cinco pódios em quatro provas - revezamentos 4 x 100 m e 4 x 400 m, 200 m rasos e 100 m com barreiras. E ainda terá de ver nenhum dos oito fundistas e meio-fundistas que entrarão nas pistas chegarem entre os três primeiros.
As perspectivas, no entanto, apontam para um placar ainda mais dilatado até o fim do Pan. O país tem suas maiores chances de medalhas nas provas de 1.500 m, 10.000 m e na maratona.
Os resultados deste ano contrastam com os de Winnipeg-1999. No evento canadense, sete medalhas (três ouros) foram obtidas em provas de velocidade e três (dois ouros) nas disputadas de campo -saltos e arremessos. No total, os brasileiros ganharam 16 medalhas, sendo sete de ouro.
Boa parte das estrelas daquela campanha chegaram a este Pan em decadência, longe da melhor forma ou simplesmente decepcionaram. É o caso de Eronilde Araújo, último nos 400 m com barreiras, vencido ontem pelo herói dominicano Félix Sánchez.
Além de ficar fora do pódio, Araújo perdeu sua hegemonia em Pans, que durava 12 anos, e o recorde da prova, 48s23 -Sánchez marcou 48s19. Edson Luciano, prata em Sydney-2000, ficou apenas em quinto nos 100 m rasos.
Elisângela Adriano, ouro em 1999, amargou a quinta colocação no arremesso de disco. Já Claudinei Quirino, medalhista no 4 x 100 m na Olimpíada, estréia hoje após preparação afetada por lesões.
Outros atletas, tidos como medalhistas certos antes do Pan, nem chegaram a embarcar. É o caso de Maurren Maggi, que, flagrada em um exame antidoping, ficou fora do salto em distância.
Mesclados aos veteranos, o Brasil levou à República Dominicana promessas que precisavam ser testadas. E, entre os novatos, até agora, os que escolheram provas de velocidade não se deram bem.
Nos 100 m rasos, Jarbas Mascarenhas, 22, ficou apenas em sexto lugar. Já nos 1.500 m, Fabiano Peçanha, 21, conquistou o bronze.
O atleta chegou ao seu primeiro Pan treinado pelo pai, Jarbas, em uma pista de brita. Quando chove, não pode correr. Mas, mesmo assim, não pensa em mudar seus hábitos. "Se estou bem assim, por que mudar?", indaga ele.
O principal herói brasileiro em Santo Domingo também se consagrou em uma prova de fundo. Hudson de Souza ganhou o único ouro do país nos 5.000 m. Sua especialidade é a prova dos 1.500 m.


Colaboraram os enviados a Santo Domingo


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