São Paulo, sexta-feira, 07 de agosto de 2009

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CBF, agora, admite Copa mais barata

Governo federal e BNDES tentam reverter crescimento do custo dos estádios, que, em média, já ultrapassa R$ 400 mi

Estados vão fazer revisão de projetos e podem excluir coberturas e acessórios, mas revelam temor de não atender exigências da Fifa


PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cofres públicos estão abertos para as reformas de estádios que abrigarão a Copa de 2014. Como consequência, o governo federal e o BNDES iniciaram pressões por reduções de custos nos projetos dos Estados. Tentam inverter uma tendência de alta nos gastos.
A CBF decidiu corroborar a política de diminuir essas despesas. Fez isso após seu presidente, Ricardo Teixeira, mudar seu discurso e prever dinheiro público para as arenas.
Até agora, o orçamento só cresceu. A estimativa inicial da CBF, exposta em documento entregue à Fifa em 2007, era de US$ 1,1 bilhão (R$ 2 bilhões) para gastos com arenas. O custo médio seria de R$ 167 milhões.
Esse valor quase dobrou quando as 17 cidades candidatas anunciaram seus orçamentos e teve novo incremento quando foram escolhidas as 12 sedes. Agora, o custo médio já ultrapassa R$ 400 milhões.
Nesta semana, técnicos do BNDES conversaram com comitês das cidades-sedes sobre possível linha de financiamento para as reformas das praças esportivas. Aos projetos mais caros sugeriram reduções.
"O BNDES apresentou uma possibilidade de redução dos custos. Claro que está de olho na viabilidade. O problema é como fazer. Nossas adequações do estádio foram feitas de acordo com a Fifa", afirmou o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Nilton Vasconcelos.
O projeto de reforma da Fonte Nova custa R$ 550 milhões, um acréscimo de R$ 150 milhões sobre o orçamento na época da candidatura.
Representantes do Amazonas confirmam o pedido do BNDES de redução de custo do projeto para o Vivaldão, que pode chegar a R$ 600 milhões.
"A meta é reduzir. O Estado terá que fazer um aporte inicial para cobrir um ano de obras. Depois, queremos participação da iniciativa privada", contou o secretário estadual de Planejamento, Denis Minev.
O Estado já pensa em excluir a cobertura do Vivaldão e reformas viárias em seu entorno. A meta é aproximar o custo a R$ 400 milhões, aparentemente o limite almejado pelo governo para estádios "básicos".
O projeto do Castelão, nesse patamar, não sofreu pedido de diminuição na reunião com o banco. No caso do Ceará, contribuiu o fato de o BNDES preferir financiar empresas privadas -o Estado quer uma PPP (parceria público-privada).
"Mas o Ceará está em um estágio diferente: não temos nível de endividamento alto. Então, podemos pegar o financiamento [do BNDES] se for necessário", disse o secretário estadual de Esporte, Ferrucio Feitosa.
Oficialmente, a assessoria do BNDES não comentou as reuniões com os Estados, pois a linha de crédito ainda está em discussão. Mas os pedidos de cortes de custo e a preferência pela iniciativa privada são práticas comuns do banco.
Já o Ministério do Esporte disse ter orientado os Estados para reduções. "Precisamos rever coisas como cobertura e estádios com capacidade superior a 50 mil pessoas. A Fifa só exige isso para os jogos de abertura e encerramento", declarou o ministro Orlando Silva Júnior à Folha. "O BNDES pode exigir que exista um investidor privado, e não só sugerir."
A CBF, por meio da assessoria, disse que "é até um desejo da Fifa que as despesas diminuam", mas ressaltou que não pode interferir nos projetos.


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