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CBF, agora, admite Copa mais barata
Governo federal e BNDES tentam reverter crescimento do custo dos estádios, que, em média, já ultrapassa R$ 400 mi
Estados vão fazer revisão de projetos e podem excluir coberturas e acessórios, mas revelam temor de não atender exigências da Fifa
PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cofres públicos estão
abertos para as reformas de estádios que abrigarão a Copa de
2014. Como consequência, o
governo federal e o BNDES iniciaram pressões por reduções
de custos nos projetos dos Estados. Tentam inverter uma
tendência de alta nos gastos.
A CBF decidiu corroborar a
política de diminuir essas despesas. Fez isso após seu presidente, Ricardo Teixeira, mudar
seu discurso e prever dinheiro
público para as arenas.
Até agora, o orçamento só
cresceu. A estimativa inicial da
CBF, exposta em documento
entregue à Fifa em 2007, era de
US$ 1,1 bilhão (R$ 2 bilhões)
para gastos com arenas. O custo
médio seria de R$ 167 milhões.
Esse valor quase dobrou
quando as 17 cidades candidatas anunciaram seus orçamentos e teve novo incremento
quando foram escolhidas as 12
sedes. Agora, o custo médio já
ultrapassa R$ 400 milhões.
Nesta semana, técnicos do
BNDES conversaram com comitês das cidades-sedes sobre
possível linha de financiamento para as reformas das praças
esportivas. Aos projetos mais
caros sugeriram reduções.
"O BNDES apresentou uma
possibilidade de redução dos
custos. Claro que está de olho
na viabilidade. O problema é
como fazer. Nossas adequações
do estádio foram feitas de acordo com a Fifa", afirmou o secretário estadual do Trabalho,
Emprego, Renda e Esporte da
Bahia, Nilton Vasconcelos.
O projeto de reforma da Fonte Nova custa R$ 550 milhões,
um acréscimo de R$ 150 milhões sobre o orçamento na
época da candidatura.
Representantes do Amazonas confirmam o pedido do
BNDES de redução de custo do
projeto para o Vivaldão, que
pode chegar a R$ 600 milhões.
"A meta é reduzir. O Estado
terá que fazer um aporte inicial
para cobrir um ano de obras.
Depois, queremos participação
da iniciativa privada", contou o
secretário estadual de Planejamento, Denis Minev.
O Estado já pensa em excluir
a cobertura do Vivaldão e reformas viárias em seu entorno. A
meta é aproximar o custo a R$
400 milhões, aparentemente o
limite almejado pelo governo
para estádios "básicos".
O projeto do Castelão, nesse
patamar, não sofreu pedido de
diminuição na reunião com o
banco. No caso do Ceará, contribuiu o fato de o BNDES preferir financiar empresas privadas -o Estado quer uma PPP
(parceria público-privada).
"Mas o Ceará está em um estágio diferente: não temos nível
de endividamento alto. Então,
podemos pegar o financiamento [do BNDES] se for necessário", disse o secretário estadual
de Esporte, Ferrucio Feitosa.
Oficialmente, a assessoria do
BNDES não comentou as reuniões com os Estados, pois a linha de crédito ainda está em
discussão. Mas os pedidos de
cortes de custo e a preferência
pela iniciativa privada são práticas comuns do banco.
Já o Ministério do Esporte
disse ter orientado os Estados
para reduções. "Precisamos rever coisas como cobertura e estádios com capacidade superior a 50 mil pessoas. A Fifa só
exige isso para os jogos de abertura e encerramento", declarou
o ministro Orlando Silva Júnior à Folha. "O BNDES pode
exigir que exista um investidor
privado, e não só sugerir."
A CBF, por meio da assessoria, disse que "é até um desejo
da Fifa que as despesas diminuam", mas ressaltou que não
pode interferir nos projetos.
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