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FUTEBOL
Amistosos contra times da Austrália, habituados com um jogo viril, ameaçam jogadores brasileiros antes dos Jogos
Seleção teme truculência australiana
FÁBIO VICTOR
ENVIADO A GOLD COAST
Se a simpatia e a hospitalidade
australianas têm agradado muito
à seleção olímpica brasileira, a
truculência e a força desses mesmos anfitriões podem configurar
uma ameaça à preparação do time nacional para a Olimpíada.
A uma semana de sua estréia
nos Jogos, o Brasil fará dois amistosos contra equipes australianas
antes de enfrentar a Eslováquia,
em Brisbane, no dia 14.
O primeiro deles, contra o Brisbane Strikers, nono colocado na
última edição da NSL, a liga de futebol do país, será hoje, às 6h30
(horário de Brasília), em Gold
Coast, onde a seleção brasileira
está se preparando para a Olimpíada de Sydney.
O segundo ocorre no próximo
domingo, à 1h, em Sydney, contra
o Marconi, sexto colocado no
campeonato nacional.
Até aí nenhum problema, a não
ser o fato de o estilo de jogo australiano, excessivamente duro,
exigir atenção redobrada dos brasileiros às portas da Olimpíada.
Nos dois amistosos, a seleção
brasileira vai ter, pela primeira
vez desde que chegou à Austrália,
os 18 jogadores que foram convocados à disposição.
O técnico da equipe, Wanderley
Luxemburgo, que chegou a Gold
Coast somente na última terça-feira, reconheceu o problema (""já
conhecia o futebol australiano,
que é muito forte, de muito choque, muita pegada"), mas se mostrou resignado.
"Você vai ver alguns jogadores
tirando o pé (em divididas). É natural, eles não querem perder a
chance de disputar a Olimpíada.
Mas eu não posso ir para uma
competição sem jogar antes", disse o técnico.
Ainda assim, Luxemburgo garantiu que não iria orientar os
seus atletas a fugir de choques.
"Se você entra em campo muito
preocupado com isso, está roubado, fica mais propenso a uma lesão. Mas evitar divididas é do instinto do atleta, porque ele quer
participar da Olimpíada", declarou o treinador.
Entre os jogadores, também impera a estratégia da cautela.
Questionado sobre qual a forma
de se livrar da ameaça de lesões, o
meia Alex lançou mão do "vocabulário dos boleiros".
"Não pode ir na (bola) podre,
que é fria. O segredo é só ir na boa.
Não dá para dividir toda bola",
afirmou o novo jogador do Flamengo -o Parma, da Itália, emprestou o meia ao clube carioca.
Mas, uma vez tendo que fazê-lo,
diz Alex, a postura muda. "Se for
para dividir, tem que entrar firme,
fazer como num jogo para valer.
Se entrar mole, se dá mal."
O volante Fabiano completa.
"Se você fica se prevenindo muito, acaba se machucando. É que
nem você disputar pelo clube um
jogo às vésperas de se apresentar à
seleção. Tem que dividir forte, senão dança."
O histórico não favorece o otimismo dos brasileiros.
Em um dos dois amistosos que
disputou contra a Austrália em
novembro do ano passado, a seleção olímpica se machucou bastante. O lateral Dedê teve uma séria lesão no joelho, e o meia Alex
levou uma cotovelada no nariz.
Em um jogo-treino que realizou
contra um combinado de Gold
Coast, anteontem, a seleção brasileira teve outra pequena amostra
do que pode enfrentar nos amistosos com os australianos.
O meia Roger, do Fluminense,
deixou o treino de ontem mais cedo, com uma bolsa de gelo nas
costas, devido a uma joelhada.
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